Propostas para campanha da chapa de oposição 2011
LUTAR É POSSÍVEL! UM OUTRO SINDICATO É NECESSÁRIO!
PORQUE SOMOS OPOSIÇÃO
Partimos da realidade que vive hoje a categoria bancária: instabilidade no emprego, ameaça permanente de demissão, assédio moral como forma de gestão, cobrança constante de metas, adoecimento físico e psicológico, volume excessivo de trabalho, falta de funcionários nas agências e departamentos, filas enormes e reclamações constantes dos clientes, terceirização e precarização do trabalho. Tudo isso acontece num setor da economia cujos lucros crescem a taxas impressionantes, de 30 a 40% ao ano, com os grandes bancos anunciando lucros bilionários a cada ano, a cada semestre, a cada trimestre.
Por tudo isso discordamos da atual diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. A diretoria é composta por um grupo político chamado Articulação, que faz parte do PT. De acordo com a Articulação, tudo vai muito bem e todo ano temos “aumento real e conquistas”, de acordo com os materiais de campanha da chapa 1. Quem está no dia a dia das agências e departamentos sabe que a realidade é outra, e se parece mais com a que descrevemos acima. Formamos uma chapa de oposição porque não aceitamos o discurso da Articulação e precisamos mostrar a realidade como ela é.
ESTABILIDADE PARA TODOS OS TRABALHADORES!
Os bancos têm condições de conceder estabilidade, melhores condições de trabalho, melhores salários, pois conforme sabemos, seus lucros são mais do que suficientes, mas para isso teria que haver um trabalho de organização e mobilização real dos bancários. A Articulação está na diretoria do nosso sindicato há mais de 30 anos. Ao longo de todo esse período não foi feito o trabalho de organização necessário para conquistar aquilo que seria fundamental: estabilidade no emprego. O estabelecimento de regras contra demissão imotivada deveria ser uma cláusula prioritária de cada campanha salarial, assim como o reconhecimento de delegados sindicais eleitos por local de trabalho para fazer a resistência cotidiana contra os abusos dos gestores.
Esse trabalho nunca foi feito, e por conta disso, os trabalhadores dos bancos privados acompanham a campanha salarial “de fora”, como algo que é feito por outrém em seu lugar. Não há mobilização real por dentro dos bancos e os locais de trabalho só param quando há piqueteiros na frente das agências. A responsabilidade por essa situação é da diretoria.
EM DEFESA DOS DOS BANCOS PÚBLICOS!
Da mesma forma, em relação aos bancos públicos, existe um descrédito muito grande em relação à diretoria. A maior parte dos trabalhadores do BB e da CEF nem sequer é sindicalizada. Os trabalhadores dos bancos públicos teoricamente têm estabilidade (na verdade o contrato de trabalho é regido pela CLT), mas mesmo assim têm participado cada vez menos das campanhas salariais. Isso acontece por conta dos últimos 8 anos, em que tivemos greve anualmente, mas jamais foram colocadas em pauta as reivindicações específicas dos bancos públicos (reposição das perdas, isonomia, PCS, saúde, previdência, etc.). Se a greve não serve para conquistar aquilo que interessa, os bancários naturalmente deixam de participar. Fazem greve por estar “de saco cheio”, por não suportar mais as condições de trabalho, mas não vão às assembléias e muito menos aos piquetes.
As reivindicações específicas dos bancos públicos não são discutidas nas campanhas salariais porque para isso seria preciso enfrentar o governo Lula/Dilma/PT. A Articulação dirige o sindicato a serviço do seu partido e não dos bancários, por isso jamais vai enfrentar o PT e manobra as campanhas salariais para que não avancem. O PT se converteu num grupo de burocratas que sobrevive às custas de cargos no aparato do Estado, mandatos parlamentares, assessorias, diretorias de estatais, fundos de pensão, participação em empresas, corrupção, etc.
Com o discurso de que o que é bom para as empresas é bom para o país, o PT busca viabilizar os lucros dos empresários, ao invés de defender os trabalhadores. Em nome do “crescimento”, os trabalhadores são obrigados a suportar a superexploração, os serviços públicos são sucateados e os funcionários públicos enfrentam arrocho. O governo do PT, tal qual o do PSDB, está transformando os bancos públicos em bancos de mercado que concorrem com os bancos privados, superexplorando seus funcionários e extorquindo os clientes. Vive-se a mesma realidade de assédio moral, cobrança constante de metas, adoecimento físico e psicológico, volume excessivo de trabalho, falta de funcionários, filas, etc. Sabemos que os bancários, como todos os trabalhadores, têm suas preferências eleitorais e muitos inclusive votam no PT, mas não podemos ignorar a realidade que estamos vivendo.
POR UM SINDICATO INDEPENDENTE E DE LUTA!
A conseqüência de termos no sindicato uma diretoria vinculada a um partido que defende o governo é a degeneração dessa diretoria e da própria vida da entidade. Os diretores do sindicato vinculados à Articulação há muito deixaram de ser trabalhadores, viraram burocratas profissionais. Alguns estão há décadas na diretoria e vão se aposentar como “sindicalistas”. Para outros o sindicato é a porta de entrada nos cargos parlamentares, assessorias, diretorias de estatais, fundos de pensão, participação em empresas, corrupção, etc., que são hoje a fonte de renda do PT. Há muito tempo esses “sindicalistas” deixaram de viver a realidade do trabalhador, de sofrer as cobranças diárias dos gestores e as demandas dos clientes.
Quanto mais afastados estão dos bancários, mais a diretoria da Articulação se comporta como se o sindicato fosse sua propriedade. Transformaram o sindicato num conglomerado, com gráfica (Bangraf), cooperativa habitacional (Bancoop, alvo de denúncias de corrupção veiculadas na imprensa), cooperativa de crédito (Bancredi), que movimentam fortunas, administradas de forma pouco transparente. Nas nossas campanhas salariais, não vemos o aparato do sindicato mobilizado a nosso favor para enfrentar os banqueiros.
POR DEMOCRACIA NO SINDICATO!
As próprias campanhas salariais são feitas de modo a afastar os bancários. A começar pela definição da pauta de reivindicações, através de uma pesquisa via internet, sobre cujo resultado não se tem o menor controle. A Articulação prefere uma campanha virtual na internet ao invés de uma campanha real, que comece por reuniões nos locais de trabalho (para quê servem mais de 80 diretores liberados?), plenárias por banco e por região, assembléias, em que os bancários possam se manifestar e apresentar suas propostas, suas reivindicações, suas idéias, discutir formas de mobilização, de modo a ir criando força para uma eventual greve, que afete de fato o lucro dos bancos.
Nas próprias assembléias de greve, os poucos espaços em que os bancários podem se encontrar e discutir como coletivo, há pouco debate, pois a diretoria fala durante horas e pede aos trabalhadores que apenas levantem o crachá. Não são abertas inscrições para falas, não há tempo para defender propostas de como organizar a greve, as propostas que são feitas não são colocadas em votação, etc. A diretoria está tão distanciado da base que na hora de encerrar a greve e aprovar os acordos são marcadas assembléias à noite, combinadas com os bancos, para que os gerentes e fura-greves compareçam em massa.
As regras elementares da democracia são pisoteadas pela atual diretoria Não há espaço na Folha Bancária para manifestações dos trabalhadores e de outros pensamentos que não os da Articulação. Nessa própria campanha eleitoral, os funcionários, a gráfica e os recursos do sindicato, que pertencem a todos os bancários, são usados para fazer a campanha da chapa da situação.
SÓ COM ORGANIZAÇÃO E LUTA PODEMOS MUDAR!
Nós que estamos na oposição só contamos com nossas próprias forças. Não temos funcionários liberados para fazer campanha, não temos recursos além dos que nós mesmos arrecadamos, como trabalhadores que acreditam na necessidade de lutar por uma forma diferente de conduzir o sindicato e nossas demandas.
Não há outra forma de mudar essa realidade além de continuarmos organizados, entre uma eleição e outra, entre uma campanha salarial e outra, num movimento permanente, que reúna todos os bancários que, independentemente de sua forma de pensar, estejam de acordo com a necessidade de lutar.
Minoria do coletivo Bancários de Base
Integrantes da chapa de oposição 2011
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