sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Balanço do CONCEF 2012



BALANÇO DO 28º CONECEF

O CONECEF 2012 foi, sem dúvida, o mais desorganizado, com menos tempo e espaços de debates. Tivemos cerca de 30% de delegados de base sendo, portanto, a grande maioria dos presentes dirigentes sindicais. A abertura do Congresso, os grupos de trabalho e a plenária geral, sem exceção, iniciaram-se com atraso. O tempo do congresso foi reduzido de 3 para 2 dias. As delegações ficaram separadas, hospedadas em locais diferentes, o que dificultou um debate maior. Infelizmente, tudo nos leva a concluir que toda a desorganização explicita não apenas incapacidade organizativa, mas, sobretudo uma pré-disposição no sentido de tornar o Encontro algo com o objetivo de debater APENAS OS TEMAS DE INTERESSES DA DIREÇÃO. A tática dos dirigentes de tentar impor um congresso “consultivo”, este ano mudou. Eles conseguiram subordinar, na votação da proposta de regimento, o CONECEF ao Congresso Nacional dos Bancários (ou da CONTRAF-CUT). Tentou-se evitar, ao máximo, discussões em torno de organização do movimento, remetendo à plenária final esse item que deveria ser discutido nos grupos de trabalho.
Apesar dessas manobras, percebemos indignação da plenária inclusive por parte de dirigentes não liberados dos sindicatos controlados pela CUT. Os que participaram pela primeira vez puderam aprofundar a crítica à direção majoritária do movimento, e para evitar o ceticismo, as vozes de oposição se fazem importantes.Por outro lado, entendemos que os setores que ainda que, eventualmente, ”reivindicam” o projeto das Oposições também preci­sam de ajustes sérios.

CAMPANHA NACIONAL DOS BANCÁRIOS 2011. O MESMO FILME ATÉ QUANDO?
A campanha salarial 2011 terminou como nos anos anteriores, com a sensação de que fomos derrotados sem se­quer ter lutado, apesar da luta e dedicação de militantes que ainda não se tornaram céticos, por mais contraditório que possa parecer. Os dirigentes do nosso sindicato trabalharam de todas as formas para impedir que os bancários pudessem ter maior participação efetiva na campanha. Na principal base da categoria nacionalmente (SP), o auge dessa manobra se deu nas assembleias separadas que encerraram a campanha. A postura da direção do sin­dicato não é casual. Há anos o atual grupo dirigente tem subordinado a entidade aos interesses do seu partido, (de sua corrente sindical, de suas lideranças e grupos), que agora está no governo federal. Os sindicatos se tornam assim instrumentos do governo para evitar que os trabalhadores entrem em luta contra os patrões. Para real mudança, precisamos superar todo o operativo que há anos nos impede de alcançarmos as vitórias ne­cessárias. Com participação e organização a partir dos locais de trabalho, acontecendo o ano inteiro, não as vésperas. Não mais greve que não afete o patrão, eternize sindicatos dúbios e recom­pense fura-greve.



A CONSTRUÇÃO DE UMA ALTERNATIVA COM­BATIVA, DEMOCRATICA E DE BASE

Nos dias 17 e 18 de dezembro de 2011 realizou-se em São Luiz, MA, o III Encontro da Frente Nacional de Oposição Bancária, com a presença de dezenas trabalhadores bancá­rios representando os sindica­tos do MA, RN, a Associação dos Empregados do Banco da Amazônia (AEBA, que dirigiu a histórica greve de 77 dias), a Associação Nacional dos Be­neficiários do Reg-Replan (ANBERR, da Caixa Econô­mica Federal), e os grupos de oposição Bancários de Base – SP, Bancários de Base – RS, e Unidade Coletivo Sindical (UCS), PE. Além desses cole­tivos, que estão diretamente envolvidos na construção da Frente, o Encontro foi aberto também a representantes de outras correntes e entidades e aos trabalhadores da base do Maranhão.
Nos bancos privados os tra­balhadores não possuem organização para enfrentar os banqueiros a partir de cada local de trabalho, o que se manifesta a cada ano nas campanhas salariais. Nos bancos públicos abandonou-se a luta pela reposição de perdas (que estão entre 90% e 100% desde o plano Real), pela isonomia, contra o sucateamento da saúde e da previdência, e sobretudo contra a gestão privatista. Isso acontece porque a CUT, controlada pelo PT, tem como prioridade impedir o enfrentamento com o governo, que por sua vez é amigo dos banqueiros, um dos setores que mais lucram no país.
Diante disso os bancários não têm outra alternativa a não ser construir uma organização independente, que se organize para as lutas e campanhas salariais sem esperar pela burocracia da Contraf-CUT. A Frente surge como projeto, ainda em construção, para contribuir para esse processo de organização da categoria por fora da CUT.
Os componentes da Frente não se recusam a trabalhar em conjunto com outros coletivos de oposição, nas situações em que a luta contra os banqueiros e o governo assim o exigir. Mas temos como diferença fundamental a concepção de que é preciso romper definitivamente com a política defendida e praticada pela CUT. Temos também diferenças de método. A Frente tem em seu interior sim, diferentes concepções políticas, mas não é controlada por nenhum partido ou organização que tenha outros interesses. As decisões da Frente são tomadas em seus próprios fóruns, como os Encontros Nacionais, que são abertos e democráticos, e não nos gabinetes dos dirigentes. Os coletivos que compõem a Frente são autônomos e prestam contas aos trabalhadores das suas bases. Foram essas as concepções reafirmadas no Encontro de São Luiz e que vão nortear nossas tarefas para 2012.


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