sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Fusões e incorporações: prejuízos para os bancários e para o público





Numa crise estrutural do capitalismo como a que presenciamos atualmente, os patrões precisam dar saídas para recompor os níveis da lucratividade. As saídas podem ser três (isoladas ou combinadas). Destruição das forças produtivas (fechamento de postos de trabalho e demissão em massa, queima de estoques), conquista de novos mercados e a absorção das pequenas empresas pelas maiores.

No que concerne ao setor bancário a crise segue se resolvendo pela terceira opção. É isso que vemos na aquisição do Banco do Estado do Piauí (BEP), do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC) e a Nossa Caixa pelo Banco do Brasil; aquisição do UNIBANCO pelo Itaú; e a aquisição do Banco Real pelo Santander. Isso sem falar da aquisição de 49,9% de financeiras falidas como a BV Financeira pelo BB, e do Banco Panamericano pela Caixa Econômica Federal.

Esta concentração bancária vem acompanhado pelo fechamento de agências e departamentos seguidos de demissão em massa. Há também o rebaixamento do nível salarial com a demissão dos bancários de salários maiores e a contratação de bancários com salários menores e avanço na terceirização naquilo que os juristas chamam de atividade fim, isto é, peculiar aos bancos, como abertura de contas e processamento de envelopes de depósitos.O resultado disso é a maior concentração bancária, formando uma espécie de oligopólio financeiro, provando mais uma vez que a “concorrência” tende ao monopólio.

No entanto, quais são as implicações práticas desta movimentação dos banqueiros e do governo?

Do lado dos bancários, além da demissão, subsiste a superexploração por meio de metas absurdas, cumpridas ao arrepio da lei e muito, mas muito assédio moral. As cobranças chegam ao cúmulo de limitar a ida dos trabalhadores ao banheiro e recebimento de cobranças destas mesmas metas fora do horário de expediente por meio de mensagens via celular (torpedos). Com a redução do quadro de funcionários as filas de atendimento ao público são enormes. Numa situação apocalíptica dessas, é comum os bancários serem muitas vezes agredidos verbalmente e até fisicamente. Infelizmente é nesse ambiente que provoca muitos adoecimentos físicos e mentais, ocorrendo até óbitos, como aconteceu no Banco do Brasil no mês de agosto numa agência do Rio de Janeiro.

Para o público resta apenas a agressão de sofrerem em filas intermináveis para atendimento; isso quando não são obrigados a perderem compromissos marcados por isso; sofrem com a cobrança de juros altíssimos, demora no trâmite de processos de financiamento, cobranças de tarifas altas e indevidas, além de serem “convencidos” a se submeterem à venda casada, método muito utilizado pelos bancos para concessão de créditos pessoais.

A concentração bancária não interessa nem aos bancários e nem à população. Tanto um quanto o outro são vítimas dos banqueiros e do governo. Somente com a organização dos bancários e o apoio dos clientes é o que poderá fazer com que o sistema financeiro esteja a serviço das necessidades dos trabalhadores em geral.



Nenhum comentário:

Postar um comentário