segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Por uma campanha salarial de verdade!


Texto de maio de 2010

Todos os anos nossas campanhas salariais seguem mais ou menos o mesmo roteiro. Primeiro, as questões que ficaram pendentes do ano anterior são tratadas nas chamadas “mesas de negociação permanente”, que não passam de “enrolação permanente”, pois servem para que uma série de compromissos assumidos não sejam cumpridos. É o caso do plano odontológico no BB, conquista da campanha de 2008, que tinha prazo até janeiro de 2010 para ser implantado, mas até agora não saiu do papel.
Segundo, há os problemas novos que surgem a todo momento, como a proposta da CEF de aceitar a jornada de 6 horas para os comissionados (como deve ser para todos os bancários), mas com redução de 25% do salário, o que não se pode aceitar de modo algum! Ou ainda, os golpes e incertezas jogados sobre os trabalhadores da Nossa Caixa por conta da incorporação ao BB. Tudo isso decorre do projeto em implantação nos bancos públicos, que consiste em torná-los idênticos aos privados, ainda que não se fale abertamente em privatização.
Terceiro, ao longo do ano as despesas não cabem no nosso salário e vamos afundando no cheque especial, no cartão de crédito, no empréstimo pessoal. Assim, quando chega a época da campanha,
muitos estão ansiosos para aceitar a primeira contra-proposta dos bancos e acertar logo as contas. A campanha salarial se transforma em campanha por PLR. A defesa do salário, das condições de trabalho, da aposentadoria, do futuro, dos projetos de vida, escorre pelo ralo.
Por último, esses problemas são tratados em banho-maria pela direção dos sindicatos. Então, quando se aproxima a data-base, faz-se uma pesquisa via internet para saber o que os bancários querem, já com um número limitado de alternativas. UMA PESQUISA VIRTUAL SÓ PODE RESULTAR EM UMA CAMPANHA TAMBÉM VIRTUAL. Mesmo supondo-se que o resultado da votação virtual seja o que os bancários realmente votaram (o que dificilmente se pode verificar
em se tratando de internet), esse método é um péssimo substituto para a mobilização real.
UMA CAMPANHA SALARIAL DE VERDADE SE FAZ COM PESSOAS DE VERDADE, com
a presença dos bancários de carne e osso. É preciso que haja conversas entre os colegas, reuniões nos locais de trabalho, reuniões de delegados sindicais, plenárias por banco e por região, assembléias. É preciso que haja espaços democráticos para que os bancários se manifestem sobre a realidade das suas unidades, para que falem sobre suas condições de trabalho, PARA QUE SE RECOMNHEÇAM UNS AOS OUTROS COMO PARTICIPANTES DE UM MOVIMENTO COLETIVO.
Somente assim podemos aos poucos construir uma verdadeira força de pressão contra os bancos, para que, no momento da campanha, caso seja necessário fazer greve, tenhamos uma greve de verdade, um movimento com reais condições de impor nossas reivindicações.
Este ano teremos uma dificuldade adicional, que é o fato do calendário estar cheio de eventos que atraem a atenção geral, como a Copa do Mundo em junho e as eleições em outubro. Não podemos deixar que esses assuntos nos distraiam das nossas questões e impeçam que nos organizemos. Por isso, nós do Coletivo Bancários de Base propomos COMEÇAR A PREPARAÇÃO DA CAMPANHA DESDE JÁ!
Propomos que se realizem reuniões nos locais de trabalho, plenárias e assembléias. Se os sindicatos e entidades oficiais se recusarem a cumprir o seu papel de servir como espaço de organização dos trabalhadores, façamos nós mesmos bancários tudo aquilo que nos diz respeito. Não podemos aceitar que nossos ditos representantes sejam obstáculo para as ações que precisamos realizar. Façamos as coisas acontecerem! Façamos nós mesmos os debates, as reuniões as plenárias! Entre em contato conosco, traga suas idéias, suas críticas, suas propostas, sua voz, sua presença! Quando houver assembléias, seremos milhares e passaremos por cima dos obstáculos!
FAÇAMOS NÓS MESMOS UMA CAMPANHA SALARIAL DE VERDADE!

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