Panfleto da CEF de 2008
Por trás dos disfarces da CEF, a real situação do trabalhador
A Caixa Econômica Federal vem implementando diversas políticas, na mesma linha dos bancos privados, para otimizar seus recursos (inclusive humanos) e obter lucros estrondosos, com a vantagem de utilizar o marketing de banco público e social.
As estratégias para promover a lucratividade da empresa extrapolam o discurso ético que o banco imprime, por exemplo, em suas “belas propagandas” exibidas nos horários nobres nas telinhas do povo brasileiro.
Nelas não se mostra, é claro, que dentro de uma agência se pode receber um atendimento “essencial” ou “preferencial” de acordo com o bolso do cliente. No primeiro caso significa, no mínimo, um “chá-de-cadeira” ou até a impossibilidade de pagar contas e receber auxílios dentro da agência. É este o atendimento que a maioria da população brasileira tem merecido na visão da Caixa Econômica. São poucos os funcionários que se desdobram para dar conta do atendimento ficando expostos, por um lado, à justa indignação da população e, por outro, ao descaso da empresa. Já nos setores “integral” e “personalizado” as filas são menores, e o funcionário talvez até sorria como nas “belas propagandas”, mas com poucos motivos para fazê-lo.
Há também a propaganda interna, corporativista, que visa atingir o trabalhador para que este se sinta promotor das “boas ações” do governo, prestando um bom serviço à sociedade. Serve também para amenizar o desconforto de ter que empurrar goela abaixo “produtos bancários” para clientes pouco interessados em adquiri-los. Persuadi o bancário a ignorar sua imensa fadiga, seu desgaste físico e emocional gerados no cotidiano deste cenário.
As metas a cada ano se superam e a pressão para cumpri-las é imposta das mais perversas maneiras.
Em resposta a esta situação tem havido uma crescente mobilização por parte dos trabalhadores na luta por melhores condições de trabalho e vida. A organização dos trabalhadores na base tem sido o principal alvo das políticas de “recursos-desumanos”. A punição dos que lutaram para a melhoria deste quadro vai além da ameaça de desconto dos dias de greve. Algumas “conquistas” das lutas dos trabalhadores são revertidas de acordo com os interesses da empresa gerando conseqüências ainda não previstas. A promoção por mérito é algo que parece caminhar neste sentido à medida que, de acordo com os critérios estabelecidos, vinte por cento dos funcionários serão necessariamente penalizados sem direito a receber nada, enquanto trinta por cento receberá a maior gratificação. Se em termos imediatistas a promoção por mérito não representa grande avanço no salário, o não merecimento pode ser um estigma para o trabalhador. Uma boa maneira de incentivar a concorrência e a submissão aos gestores. A antiga estratégia de dividir para dominar implantada com o consentimento das entidades sindicais que não se dão ao trabalho de consultar a base antes de assinar em baixo do que a empresa quer, em nome dos trabalhadores.
Para se fazer valer o caráter de banco público e social com a necessária prerrogativa de respeito à classe trabalhadora, que depende dos serviços prestados pelo banco, e aos seus próprios trabalhadores, há muito que se avançar. A “excelência no atendimento” jamais poderá ser alcançada com o quadro reduzido de trabalhadores no atendimento à população. Os trabalhadores devem manter-se atentos ao discurso que camufla as verdadeiras intenções da empresa. Cabe aos trabalhadores organizarem-se para o debate sobre o papel que o banco público deve cumprir perante a sociedade e para um embate efetivo que contrarie este falsa conduta vigente.
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