segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Feitores banqueiros X escravos bancários


Texto de 2009

A nova face do escravismo no Brasil. Bancário do Unibanco relata sobre o cotidiano do bancário no processo de fusão-incorporação Itaú UBB. É, e o processo da migração continua... Com pouquíssima informação: a orientação dada aos gestores é que o processo deverá ocorrer dentro de um clima tranqüilo de modo a não abalar os colaboradores. Não se preocupem, pois "os melhores" ficarão e estes já estão sendo "pescados" para assumirem uma nova área no Itaú. Há demissão aqui e acolá (de maneira velada 2 ou 3 por semana). Quem não foi pescado, continua na área que se junta à outra área aqui no UBB ( não sei por que, mas isso me fez lembrar Auschwitz)?!?!?! A ordem é aguardar! Enquanto aguardamos trabalhamos para que a falência do UBB não seja consumada, de fato. E não entendemos bem o que significa: OS MELHORES SERÃO ESCOLHIDOS. O que é ser o melhor? É aquele bancário que trabalhou com dedicação no banco há mais de 20 anos, que colaborou para aumentar o patrimônio da Família Salles? Que detém o conhecimento bancário, que sabe exatamente como a Instituição Financeira deve funcionar? Não! Os melhores são aqueles profissionais do mercado que vem para o banco passar uma temporada para incrementar o currículo, fazem um monte de mudanças sem fundamento e voltam para o mercado. E é destes "profissionais" que vem a maior parte do assédio que sofremos. Com sutileza eles fazem com que a grande engrenagem continue a funcionar, pronunciando discursos carregados, com grandes doses de otimismo: "DEIXE DE SER CARTOMANTE, MEU CARO. TOME SEU DESTINO EM SUAS MÃOS. VOCÊ PODE! SÓ DEPENDE DE VOCÊ!
Como acreditar nisto se estamos vendo nossos colegas serem demitidos? Vemos uma coisa e fingimos que não vemos. E ai de quem ousar contestar. Quando contestados eles tem respostas prontas; (não sei por que, mas isso me lembrou a SENZALA). E o assédio é gritante, não é disfarçado, não. Há gestores que gritam e batem na mesa, agridem os funcionários verbalmente com o objetivo de aumentar a produção. Se contestados, estes se tornam verdadeiros Capitães do Mato e passam a perseguir aquele funcionário que "ousou" pedir respeito. Eles distorcem a fala do queixante (aprenderam naquele tal curso para gestores- ou feitores?). Nos é imputada a responsabilidade do mal-estar: " bancário ganha bem". Sim, ouvimos isso como desculpa. Em nome de um bom salário, que nem é tão bom assim, tendo em vista o quanto o banqueiro lucra neste país sem produzir nada, só especulando. Saímos de nossas casas, trocamos nossa força trabalho pelo "bom salário" e de gorjeta vem a humilhação! Ainda "que o bancário que não quer trabalho, quer serviço" a resposta para esse cidadão é que 80% das atividades bancárias são serviços e que precisam ser feitos, e semelhante a uma sociedade de castas, a transferência destes funcionários é muito difícil, salvo se algum padrinho der uma ajudinha.... Como é preciso ter padrinho, os bancários do UBB estão organizando uma grande romaria: pediremos a Padre Cícero, o maior de todos os padrinhos, para que conserve nossos empregos, pediremos para aumentar a nossa resignação, para agüentar o destrato e desrespeito, discriminação e perseguição que engolimos a seco, goela a baixo, em troca de um "bom salário"!

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