segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Redução salarial no BB e na CEF?


Texto de fevereiro de 2010

O funcionalismo dos maiores bancos federais devem ficar atentos com as negociações acerca do respeito à jornada de 6 horas, direito conquistado pela categoria bancária, no bojo da discussão de reestruturação dos quadros de carreira de ambos os bancos.
Depois de reiteradas derrotas nos tribunais trabalhistas acerca do pagamento da 7ª e 8ª hora para os cargos “tecnico-científico” na CEF, e para os Assistentes de Negócios, Assistente Administrativo, etc, no BB; o Governo Lula quer se utilizar de nosso direito conquistado para reduzir o salários dos bancários, um exemplo disso foi a proposta de indenização de 7ª e 8ª hora para as funções que hoje tem, indevidamente, jornada de 8 horas de trabalho para os funcionários da CEF, apresentada à CONTEC, “entidade representativa dos trabalhadores” que mais colaborou para as maiores derrotas dos bancários do setor público no período FHC. No entanto, a proposta silencia quanto o valor do salário após a “indenização”. Ao invés de convocar as assembléias de base para rejeição do acordo, a CONTEC se limitou a levar a proposta a análise de seu corpo jurídico. Já a CONTRAF-CUT até agora não se manifestou a respeito
As discussões sobre o PCCS no Banco do Brasil também tem em seu bojo o respeito à jornada de 6 horas para as funções que hoje trabalham 8 horas indevidamente. No entanto, o funcionalismo vê com a apreensão a possibilidade de redução de salário. O que pode acontecer na Caixa, pode ser implantado no Banco do Brasil sem qualquer resistência dos sindicatos ligados à CUT e a CONTEC. No caso específico do BB há o agravante que todos os membros da Comissão de Empresa são do partido do governo, além de um de seus integrantes ser nomeado a cargo de confiança, em pleno mandato sindical, que é caso do senhor Marcel Juviniano Barros.
Não é à toa que até agora tanto a CONTEC quanto a CONTRAF-CUT não estejam organizando a categoria frente estes ataques, pois um é patronal e o outro é patronal e governista. Como se vê, não é possível confiar as negociações e a organização da resistência aos ataques a estas entidades. Neste sentido, o Coletivo Bancários de Base, propõe uma campanha contra estes ataques e mais:
1-QUE SEJA REJEITADA QUALQUER PROPOSTA QUE ENVOLVA REDUÇÃO DE SALÁRIOS OU DE QUAISQUER OUTROS DIREITOS;
2-QUE NENHUMA PROPOSTA SEJA APROVADA SEM PASSAR PELAS ASSEMBLÉIAS DA CATEGORIA;
3-QUE O SINDICATO CONVOQUE PLENÁRIAS E REUNIÃO DOS DELEGADOS SINDICAIS PARA DISCUSSÃO DE UMA PROPOSTA DE PCCS/PGF DIGNA, NO BB E NA CEF.
4-A NEGOCIAÇÃO DEVE SER ENTRE BANCÁRIOS E PATRÕES. FORA MARCEL DA COMISSÃO DE EMPRESA DO BB. ELEIÇÃO DE COMISSÃO DE BANCÁRIOS NAS ASSEMBLÉIAS PARA NEGOCIAR EM NOME DA CATEGORIA E PELO INTERESSE DA CATEGORIA..
“QUEM SABE FAZ A HORA”
2010 será um ano muito difícil para os bancários de forma geral não somente pelos desdobramentos da crise econômica, mas também pela alta ofensiva ideológica dos banqueiros sobre os trabalhadores. No primeiro semestre haverá Copa do Mundo em que o país se paralisa para acompanhar a competição. No segundo semestre terá as eleições gerais para presidente governador e legislativos estadual e federal. Por isso, o PT fará de tudo para continuar no poder central, ainda que para isso seja necessário subordinar a nossa campanha salarial em proveito de suas candidaturas, usando as estruturas sindicais onde a CUT é direção, como é o caso da maioria dos sindicatos do país. Prova disso foi a tentativa frustrada da CONTRAF-CUT e seus aliados de aprovar uma Convenção Coletiva de Trabalho de 2 anos de duração (acordos bianuais) em 2009.
A burocracia e os banqueiros já fazem a sua “campanha antecipada”. A CUT indica para aprovação uma proposta de aditivo de validade de 2 anos no Santander na questão da distribuição os lucros. O governo faz uma proposta de redução de jornada de trabalho com redução de salário para os trabalhadores da CEF, mas também esta proposta pode surgir no BB, pois se trata do mesmo patrão, e de tabela, para os trabalhadores incorporados BEP, BESC e Nossa Caixa.
Outra forma de não mobilizar os bancários são a Mesas Temáticas de Negociação Permanente (ou de “enrolação permanente”), dando a impressão para os bancários de que os temas como isonomia nos bancos públicos e estabilidade nos bancos privados são negociados de forma séria.
Diante desta situação, entendemos que não podemos repetir a lógica das campanhas salariais anteriores de somente mobilizar a categoria somente após setembro. Para evitar os ataques da patronal e do governo Lula é necessário que se inicie desde já a campanha salarial dos bancários. No entanto, para que a campanha tenha sucesso é necessário que os bancários negociem com os banqueiros na prática. O dirigente sindical Marcel Juviniano Barros foi nomeado a cargo de confiança pelo governo Lula no Banco do Brasil e compõe a Comissão de Empresa do BB além de fazer parte da mesa de negociação geral da CONTRAF-CUT. Não há qualquer possibilidade de vitória quando quem negocia por nós é preposto dos banqueiros e do governo. É urgente que se elejam bancários nas assembléias para negociar com os banqueiros e com o governo.
É necessário levar a proposta para os bancários do país inteiro e isso não será possível sem o engajamento de bancários e lideranças sindicais independentes dos governos e dos patrões de outras cidades e de outros estados. Junto com estes companheiros queremos organizar a mobilização da categoria nacionalmente em torno de bandeiras históricas como isonomia, respeito à jornada de 6 horas sem redução de salário, plano de reposição de perdas, estabilidade nos bancos privados, delegados sindicais para todos os bancos, aumento real (de verdade), etc.

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