segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Fusão BB/Nossa Caixa: Mais um passo para a privatização total do sistema financeiro.


Matéria do 1º jornal de 2010

Desde o início dos anos 90, o BB se organiza administrativamente como um banco privado. A partir do governo de FHC, os funcionários do maior banco do país sofrem seguidos ataques no sentido de maximizar os lucros e aumentar a participação acionária de grupos privados e estrangeiros. Isso se Concretizou em diversas “reestruturações administrativas”, eufemismo para demissões em massa e assédio moral para ingressar num dos muitos PDVs que o governo promoveu no banco. Foi também nesta época que o funcionalismo do BB sofreu dois grandes golpes privatizantes da era neoliberal dos tucanos: o congelamento por 9 anos nos salários, e criou duas categorias de trabalhadores executando o mesmo serviço: os pré-98 que preservaram os seus direitos, como anuênio e licença-prêmio, previdência por benefício definido, etc; e os pós-98, que não tem direito a nada.
Os trabalhadores bancários dos bancos estatais tinham esperança de que o governo do PT pudesse reverter esta situação e que o Banco do Brasil voltasse a ter um papel de fomento, de caráter público, como tinha antes da revoada do tucanato no poder. No entanto, o que se assistiu até agora são traições atrás de traições tendo os sindicatos da CUT como aplicador da continuidade do neoliberalismo nos bancos estatais.
Além do desconto dos dias parados nas greves de 2003 em diante, o governo mostra o seu caráter neoliberal, dando continuidade à obra dos liberais, que é a privatização total do sistema financeiro. O Governo ordena que o BB adquira os bancos estaduais BESC (Banco do Estado de Santa Catarina) e BEP (Banco do Estado do Piauí). Em 2007 o governo Lula promove uma radical reestruturação administrativa no BB em que até 7000 funcionários aderiram ao Plano de Afastamento Antecipado (PAA), além de fechamento de diversos prédios no país e funcionários transferidos para outras cidades (quando não, outros estados) sem nenhum respeito aos trabalhadores.
Mas os ataques do governo não pararam por aí. Ainda em 2007, o Banco promoveu uma Reforma Estatutária na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (CASSI), no sentido de desonerar ainda mais o banco de sua responsabilidade com a saúde dos funcionários, instituiu a co-participação em exames, além de “perdoar” a dívida em cerca de 500 milhões de reais que o Governo tem com a CASSI..
Com a experiência adquirida ao longo dos anos de espoliação do dos trabalhadores com a cobrança de juros altíssimos, e de ataques desferidos ao funcionalismo do BB, agora o governo que aplicar o neoliberalismo para os colegas da Nossa Caixa, o último banco público do Estado de São Paulo adquirido pelo BB em 2009.
A aquisição da Nossa Caixa não foi para que a instituição permanecesse estatal, ao contrário do que os prepostos patronais do Sindicato dos Bancários apregoavam. Mas sim para levar a cabo a privatização de fato, que já é uma realidade no BB para a Nossa Caixa e fazer com que o BB retomasse a liderança no país de maior banco, além de estar presente em todos os municípios do Estão mais rico do país. Não houve nenhuma preocupação com a população ou com os funcionários.
Se a lógica aplicada no banco é a do lucro e não no desenvolvimento social, os funcionários da Nossa Caixa devem se organizar para evitar a perda de direitos, começando pela não migração ao plano de carreira do BB, que de fato não existe. O sindicato aprovou junto com o governo Lula um PDV para os funcionários antigos da Nossa Caixa, já inicia um assédio moral por meio de uma cartilha para que haja migração para a carreira do BB.
Não importa quanto tempo o bancário tenha de casa. Ao migrar para a “carreira do BB”, ingressa como um funcionário pós-98, isto é, sem direito algum como licença prêmio ou anuênio. Como os salários dos bancários da Nossa Caixa são maiores do que os do BB, a migração significará REDUÇÃO SALARIAL. Com o inevitável fechamento de agências e departamentos (como em qualquer processo de fusão/incorporação de banco privado), as transferência para a “unidade mais próxima da residência” pode ser em outra cidade, ou em outro estado.
Para evitar tais ataques, os funcionários do BB e da Nossa Caixa devem se organizar. Deve se construir um plano de carreira isonômica sem prejuízo de direito algum, com o retorno de licença-prêmio e anuênio para todos. É necessária a eleição de delegados sindicais também na Nossa Caixa para fortalecer a organização de resistência dos bancários.

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