sábado, 21 de janeiro de 2012

Bancários, assédio moral e a qualidade de vida


Texto de 2008

Quando décadas atrás a categoria bancária depois de lutas e greves históricas, conquistou a jornada de seis horas, é porque já naquele momento se tinha certeza da necessidade de cuidados especiais com a saúde. Isto em função do desgaste físico e mental despendido para a realização das tarefas correlatas a tal atividade. Lamentavelmente hoje a realidade dos trabalhadores bancários apresenta uma precarização superior em termos absolutos e relativos no que diz respeito à não qualidade de vida destes profissionais.
Com o passar dos anos, ainda que em alguns momentos tenha havido avanços em função das lutas, hoje o quadro é de exploração, conformismo, apatia e desolação. Das conquistas, o que não virou apenas letra morta (jornada de seis horas), nos foi simplesmente retirado (ATS- Adicional por Tempo de Serviço), por exemplo. O Assédio Moral é entendido hoje, na prática, como “ferramenta de gestão”. Os gestores são instruídos a se utilizarem além da relação de poder que pressupõe um discurso e pratica mais coercitivos, um método mais ameno onde busca-se um “convencimento” através de doces palavras, induzindo o bancário mais desavisado a vestir a camisa da empresa a qualquer custo, inclusive comprometendo sua saúde física e mental além da sua vida pessoal, suas relações sociais e familiares. Buscando sempre intensificar a exploração a qualquer preço, os banqueiros pelo exercício das relações de poder impõem um ambiente de trabalho hostil, perverso, insalubre para o corpo (ventilação/ ar condicionado, ergonomia, itens de segurança, sobrecarga,etc ) e para a mente. Pressão para atingir metas, segregação, humilhações, constrangimentos, violências de caráter psicológicos. Como resultado as mais variadas doenças dos mais variados tipos. Alguns especialista falam em patologias sociais oriundas de relações de trabalho impostas pelos patrões e falam também em servidão voluntária e ocorrência da chamada “Síndrome de Burnout” (esgotamento, exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão, insensibilidade a tudo e a todos , inclusive colegas, amigos e familiares).
O Psicólogo e Professor da Unb João Batista Ferreira fala-nos ainda do esgotamento dos mecanismos de defesa a tais ataques, gerando e aprofundando males outros tais como; cefaléias, transtornos digestivos e cardiovasculares, fadiga crônica, insônia, hiperinsônia, irritabilidade, ansiedade, crises de choro, mal-estar geral, crises de auto-estima, redução da libido, pensamento suicida, abuso do fumo,álcool ou outras drogas, aumento de peso ou emagrecimento exagerado, aumento da pressão arterial , sentimento de indefesa e culpabilidade. Para a empresa, aumento do absenteismo e dos acidentes de trabalho, queda na qualidade de serviço, atingindo a imagem da empresa. Mas ela parece não se importa com isso e muito menos com o profissional. Tudo isso gera para a sociedade uma situação de crise de valores, onde tudo se justifica para a obtenção de resultados. O mais grave é que não estamos conseguindo dar resposta a tal disparate. Nem os Movimentos sociais, Nem as Organizações dos Trabalhadores, e muito menos O Estado, que pior ainda, é cúmplice- conivente. É necessário então que individualmente passemos a dizer NÃO!!! E no momento seguinte passemos a atuar organizadamente para neutraliza e derrotar esta situação imposta pelos exploradores. Porém se cada um não buscar dentro de si força para a negação, o coletivo não se realizará. Pense nisso. Até porque para que possamos viver uma verdadeira comunhão entre os humanos, o mundo e a natureza faz-se necessário, antes de mais nada, buscarmos uma nova forma de organização social mais justa e fraterna . Afinal o Socialismo ainda é um sonho, porém um sonho possível e quanto mais ambicioso e completo ele for, mais possível se tornará.

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