sábado, 21 de janeiro de 2012

Não poupe n(o) Bradesco, o Bradesco não poupa ninguém


Texto de 2008

NÃO POUPE N(O) BRADESCO, O BRADESCO NÃO POUPA NINGUÉM


Sinal vermelho na Cidade de Deus: funcionários estão falando em suicídio, por não suportarem mais as pressões e a falta de perspectivas
Nos últimos meses, ouvi de três colegas na Cidade de Deus que estão pensando em se matar por não suportarem mais as condições de trabalho no banco. Importante dizer que um de tais casos é de conhecimento do RH; os outros dois são posteriores a este episódio. Esses três trabalhadores estão no Bradesco há mais de 15 anos e não suportam mais as pressões por produtividade e (principalmente) e o descaso com que são tratados.
Depois de todo esse tempo no banco, dando o melhor de si, fazendo horas extras, superando metas, eles continuam como escriturários sem nenhum reconhecimento ou estímulo, sem promoção... Estão vendo o tempo correr e suas vidas passarem sem nenhuma perspectiva de futuro.
Esta situação extremamente grave afeta milhares de bancários Cidade de Deus e em todas as cidades onde o Bradesco atua. Centenas deles estão deprimidos, com problemas emocionais e comportamentais. Além disso, é muito grande o número de casos de doenças ocupacionais convencionais, como lesões por esforços repetitivos. Não é porque a perícia do INSS deixou de reconhecer essas doenças, que elas deixaram de existir.
O quadro não é novo e ficou pior a partir da mais recente onda de demissões de funcionários com 15, 17, 20 anos de empresa. A sensação generalizada entre os bancários da matriz é de que eles são vistos, pela direção, como peças carentes de reposição: sentem que são trocados como se fossem cadeiras, armários etc... Após um dia de trabalho duro nenhum de nós sabe o que nos reserva o dia seguinte. A qualquer momento um "funcionário zero quilômetro" pode ocupar nosso lugar sem nem um muito obrigado pelos serviços prestados.
Para agravar nosso sofrimento, assistimos o banco divulgar diariamente o crescimento dos seus lucros; a expansão dos negócios, a agregação de tecnologias de ponta, a conquista de prêmios por desempenho no mercado financeiro nacional e internacional.
Nós, funcionários, temos total consciência de que somos nós quem produz a riqueza e o sucesso do Bradesco. Por isso, não podemos ficar passíveis diante de tal contra-censo: a empresa dá importância apenas para os lucros e despreza acintosamente quem constrói seu patrimônio.


O que é ruim pode melhorar...

Fazemos-nos uma pergunta: o que leva o Bradesco a ignorar a gravidade desta situação? Como é que, no terceiro milênio, o maior banco privado da América do Sul ainda não tem Plano de Cargos e Salários para seus quase 100 mil funcionários e não adota uma política de proteção à saúde desses trabalhadores, quando até micros e pequenas empresas já implementam tais ações?
Se o banco vê vantagens na "política de reposição de peças", ele não está focado no futuro: a direção não entendeu que, se não mudar a política de recursos humanos da empresa, os "funcionários zero quilômetro" de hoje, serão os trabalhadores doentes de amanhã.
Essa situação é muito mais dramática nas agências, onde o trabalho é mais desgastante, pelo contato direto com o público, a exposição a riscos como a possibilidade de assaltos e a pressão maior das chefias, pela venda de produtos (para reflexão de todos os bancários).
Depoimento de bancária da Cidade de Deus com quinze anos de serviços prestados ao banco.

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