segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Bancários de base e o congresso da CEF 2010

Texto do panfleto distribuído no Congresso dos funcionários da CEF 2010

Os congressos dos trabalhadores da caixa historicamente se constituíram como um importante instrumento de organização, debate, conscientização e deliberação das reivindicações da base, expressando a vontade e a disposição de luta dos trabalhadores da CEF. No último período estes congressos foram se tornando alheios aos anseios dos trabalhadores, distanciados do cotidiano destes, embora alguns grupos tenham se mantido empenhados em construir um movimento combativo e consciente, buscando avanços reais na luta da categoria. Há uma discrepância entre a insatisfação da categoria e a crescente recusa às atuais condições de trabalho por um lado, e por outro a pouca organização e protagonismo dos trabalhadores e trabalhadoras. Isso se reflete nas campanhas salariais onde a adesão ao movimento paredista é ampla e, no entanto, a participação em assembléias e manifestações é reduzida, fragilizando o movimento e facilitando a aceitação de acordos rebaixados.
Diante deste contexto transparece o descaso da atual direção do sindicato em ampliar e democratizar o movimento. Se elementos conjunturais não podem ser ignorados como a preponderância do individualismo, a introjeção da ideologia corporativista por parte dos trabalhadores, a descrença na possibilidade de melhorias e de transformações sociais e etc, entendemos que estes são desafios a serem travados pelo movimento sindical como um todo. Em outras palavras, o contraponto essencial à ideologia dominante é missão dos movimentos de trabalhadores, e se este contraponto não é colocado não se pode eximir a atual direção de sua responsabilidade, pois ela detém a maior parte dos meios para realizar esta tarefa. O que se evidencia, ao contrário, é uma cumplicidade da direção do sindicato com os atuais mecanismos de dominação por meio de um atrelamento a interesses patronais, governistas e partidários. O trabalhador é posto em segundo plano, e ao invés da busca em avançar na luta, cria-se meios de neutralizá-la, manipulando-a conforme interesses escusos.
Notamos a necessidade crescente de nos opormos a esta lógica e compreendemos que não podemos esperar uma mudança de atitude da atual diretoria para reavivar o movimento. Nossa tarefa é fazê-lo como nossas próprias mãos, desvendando e combatendo todos os obstáculos que forem postos para refrear nossa organização. No que tange ao congresso, nossos problemas começam com a precária divulgação deste na base e com a manipulação das eleições nos locais de trabalho, às vezes, e inclusive, em parceria com os gestores das unidades comprometidos com a empresa, o que resulta na participação reduzida e pouco consciente de bancários da base. Outra forma de controle é colocada pela ameaça de retirada do caráter deliberativo e vinculado à campanha salarial, formato que deve ser combatido pelos delegados com o risco de se extinguir o sentido real do congresso. Além disso, existe o perigo de não encaminhamento das deliberações, como ocorreu em relação ao congresso passado, em que não se encaminhou a proposta acatada por consenso de auditoria externa e independente em relação ao papel e impacto da Caixa Seguros e Capitalização nos resultados do banco público.
Diante de tais obstáculos chamamos os delegados e delegadas do congresso estadual a discutir com seus colegas sobre a importância da participação no movimento de forma a levar o debate de forma crítica de volta à base, elucidando sobre as deliberações e a necessidade de auto-organização para a luta. Para viabilizar uma maior participação e efetivos resultados do congresso propomos:
- ABERTURA DOS CONGRESSOS ESTADUAIS À PARTICIPAÇÃO DOS BANCÁRIOS E BANCÁRIAS DAS DIVERSAS BASES SEM ELEIÇÕES PRÉVIAS PARA OS PRÓXIMOS ANOS.
- PROPORCIONALIDADE DIRETA NA ELEIÇÃO DOS DELEGADOS E DELEGADAS PARA O CONECEF (isto é, que a proporção de delegados de cada chapa seja relativa ao número de votos recebidos, sem restrição de percentual)
-CARÁTER DELIBERATIVO E VINCULADO A CAMPANHA SALARIAL
-CUMPRIMENTO DE TODAS AS DELIBERAÇÕES DOS CONGRESSOS (passado e atual)
-NENHUMA RESTRIÇÃO À PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS DELEGADOS E DELEGADAS: democracia na condução das plenárias e possibilidade de fala a todos, havendo, se necessário, uma prévia consulta à plenária sobre a quantidade de tempo e número de falas.
-QUE O DEBATE SOBRE A PARTICIPAÇÃO DAS TRABALHADORAS MULHERES NÃO SE RESTRINJA À POLÍTICA DE COTAS, E SIM, OCORRA COM BASE NUM REAL DEBATE EM PROL DA PARTICIPAÇÃO IGUALITÁRIA DOS GÈNEROS, COM O RECONHECIEMNTO E VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS.
Vamos criar juntos, a partir da auto-organização de base, um movimento consciente, plural, democrático e combativo onde os protagonistas sejamos nós, trabalhadoras e trabalhadores, para avançarmos na luta por melhores condições de vida e trabalho.

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