domingo, 30 de agosto de 2015

Texto de alerta contra a proposta do Banco do Brasil para a CASSI


BANCO DO BRASIL PREPARA MAIS UM ATAQUE À CASSI

O Banco do Brasil está enviando mensagens ao email corporativo dos seus trabalhadores a respeito do modelo de custeio da Caixa de Assistência dos Funcionários – CASSI. Já foram duas mensagens para “abrir o debate” e apresentar o problema. Segundo o BB, o custeio da CASSI está se tornando inviável, já que a contribuição dos funcionários não é suficiente para cobrir os custos dos tratamentos de saúde, uma área que vive constantes inovações e portanto constante aumento de preços. Atualmente, a CASSI é sustentada por contribuições equivalentes a 3% do salário pagos pelos funcionários, mais 3% pagos pelo BB (lembrando que até 1998 o BB contribuía com 4,5% do salário).
De acordo com a última mensagem do banco, o valor de 3% do salário (bruto) de um escriturário estaria em R$ 66,82. Ainda de acordo com o BB, o valor da prestação de um plano equivalente ao do CASSI estaria em R$ 320,42 no mercado, considerando-se um plano individual, sem dependentes. Segundo o BB, há o “agravante” de que muitos funcionários incluem seus familiares como dependentes, mas continuam pagando os mesmos R$ 66,82, quando na verdade o valor cobrado “deveria” ser muito maior do que os R$ 320,42 do tal plano de mercado.
Esses números são apresentados de forma a dar a entender que não há outra solução a não ser aumentar, e muito, o valor atualmente pago pelos funcionários, e/ou incluir uma contribuição adicional por dependente, etc. Ao mesmo tempo, a mensagem se omite sobre a disposição do BB para aumentar também a sua contribuição na mesma proporção (ou retomar os 4,5% de contribuição anteriores). E se omite também sobre o principal, que é o fato de que uma das principais causas de adoecimento dos funcionários são as próprias condições de trabalho dentro do banco: excesso de serviço, cobrança de metas, assédio moral permanente. O BB adoece seus funcionários e agora quer que paguemos a conta.
A conclusão lógica das mensagens do BB é de que será preciso fazer mais uma mudança na forma de custeio da CASSI. A mudança anterior aconteceu em 2007, como parte de um pacote de reestruturação geral do banco (que incluiu o fechamento de departamentos, aposentadoria antecipada de milhares de funcionários, redução do número de caixas, fim do pagamento das substituições), quando houve a reforma estatutária da CASSI, que foi aprovada em plebiscito com os associados (depois de 4 votações pois, a proposta foi rechaçada pelos funcionários nas primeiras). Na ocasião, tanto o BB quanto a direção majoritária do movimento sindical, a CONTRAF-CUT, fizeram uma campanha terrorista pela aprovação da reforma, dizendo que sem ela a CASSI deixaria de existir. A reforma estatutária instituiu a co-participação dos funcionários em consultas, exames e tratamentos (ou seja, já existe uma cobrança mais ou menos proporcional ao uso do plano) e perdoou a dívida de cerca de R$ 500 milhões do BB com a CASSI naquele momento, com o compromisso de que o banco investiria R$ 300 milhões em serviços próprios, o que nunca aconteceu.
O argumento de que sem a reforma estatutária e a co-participação a CASSI iria quebrar se provou falso, já que os problemas continuam, como o BB acaba de admitir nessas mensagens. A solução, do ponto de vista do BB, como dissemos, deve ser aumentar ainda mais a contribuição dos funcionários, e para isso podemos ser chamados a votar a qualquer momento em mais uma reforma estatutária, ou coisa parecida. Mas para não cairmos em mais essa armadilha, é preciso colocar as coisas nos devidos lugares, recuperando a história das nossas perdas acumuladas.
Os salários dos funcionários do BB estão defasados em 90% em relação a julho de 1994, data de implantação do plano real. Além disso, os funcionários contratados após 1998, que hoje são a grande maioria, deixaram de ter direito a vários benefícios dos funcionários antigos, como os anuênios, licença-prêmio, etc. Convenientemente, tanto o BB quanto a CONTRAF-CUT esquecem as nossas perdas salariais acumuladas e os demais benefícios, que não são discutidos nas campanhas salariais. Muitos consideram que a reivindicação de 90% de reajuste é exagerada ou descabida, mas não acham exagerado que o lucro do BB tenha saltado de R$ 869 milhões em 1998 para R$ 11,2 bilhões em 2014, um salto de mais de 1.200%.
Por conta desse “esquecimento” da nossa pauta de reivindicações históricas, chegamos a essa situação na CASSI. Se aplicarmos a volta da contribuição do BB de 4,5% sobre o salário, o total da contribuição do funcionário (os atuais R$ 66,82) + a do BB saltaria para R$ 167,05. E se aplicarmos sobre esse valor o reajuste de 90%, equivalente às perdas acumuladas, teremos um total de R$ 317,84 por funcionário. Praticamente o mesmo que os R$ 320,42 do tal plano de mercado apresentado pelo BB.
A conclusão é: não existe problema de custeio da CASSI, existe um brutal arrocho salarial sobre os funcionários. Esse arrocho salarial é convenientemente “esquecido” pela direção majoritária do movimento sindical, a CONTRAF-CUT, que assim ajuda o BB a aplicar o arrocho contra os seus trabalhadores. Temos que estar alertas, divulgar essas informações e construir pela base, em cada agência e departamento, um movimento contra mais um ataque do BB. Defendemos:
- Nenhuma medida que implique aumento da contribuição dos funcionários para a CASSI!
- Revogação da reforma estatutária de 2007, fim da co-participação, cobrança da dívida do BB para a CASSI!
- Por um plano de reposição das perdas salariais acumuladas (90%) desde o plano real!
- Isonomia entre funcionários novos, antigos e incorporados, garantindo-se o que for mais vantajoso para o trabalhador!
- Fim das metas e do assédio moral, e do modelo de banco de mercado!
- Por um Banco do Brasil efetivamente público e a serviço das necessidades dos trabalhadores!



Nenhum comentário:

Postar um comentário