BANCO DO
BRASIL PREPARA MAIS UM ATAQUE À CASSI
O Banco
do Brasil está enviando mensagens ao email corporativo dos
seus trabalhadores a respeito do modelo de custeio da Caixa de
Assistência dos Funcionários – CASSI. Já foram
duas mensagens para “abrir o debate” e apresentar o problema.
Segundo o BB, o custeio da CASSI está se tornando inviável,
já que a contribuição dos funcionários
não é suficiente para cobrir os custos dos tratamentos
de saúde, uma área que vive constantes inovações
e portanto constante aumento de preços. Atualmente, a CASSI é
sustentada por contribuições equivalentes a 3% do
salário pagos pelos funcionários, mais 3% pagos pelo BB
(lembrando que até 1998 o BB contribuía com 4,5% do
salário).
De
acordo com a última mensagem do banco, o valor de 3% do
salário (bruto) de um escriturário estaria em R$ 66,82.
Ainda de acordo com o BB, o valor da prestação de um
plano equivalente ao do CASSI estaria em R$ 320,42 no mercado,
considerando-se um plano individual, sem dependentes. Segundo o BB,
há o “agravante” de que muitos funcionários incluem
seus familiares como dependentes, mas continuam pagando os mesmos R$
66,82, quando na verdade o valor cobrado “deveria” ser muito
maior do que os R$ 320,42 do tal plano de mercado.
Esses
números são apresentados de forma a dar a entender que
não há outra solução a não ser
aumentar, e muito, o valor atualmente pago pelos funcionários,
e/ou incluir uma contribuição adicional por dependente,
etc. Ao mesmo tempo, a mensagem se omite sobre a disposição
do BB para aumentar também a sua contribuição na
mesma proporção (ou retomar os 4,5% de contribuição
anteriores). E se omite também sobre o principal, que é
o fato de que uma das principais causas de adoecimento dos
funcionários são as próprias condições
de trabalho dentro do banco: excesso de serviço, cobrança
de metas, assédio moral permanente. O BB adoece seus
funcionários e agora quer que paguemos a conta.
A
conclusão lógica das mensagens do BB é de que
será preciso fazer mais uma mudança na forma de custeio
da CASSI. A mudança anterior aconteceu em 2007, como parte de
um pacote de reestruturação geral do banco (que incluiu
o fechamento de departamentos, aposentadoria antecipada de milhares
de funcionários, redução do número de
caixas, fim do pagamento das substituições), quando
houve a reforma estatutária da CASSI, que foi aprovada em
plebiscito com os associados (depois de 4 votações
pois, a proposta foi rechaçada pelos funcionários nas
primeiras). Na ocasião, tanto o BB quanto a direção
majoritária do movimento sindical, a CONTRAF-CUT, fizeram uma
campanha terrorista pela aprovação da reforma, dizendo
que sem ela a CASSI deixaria de existir. A reforma estatutária
instituiu a co-participação dos funcionários em
consultas, exames e tratamentos (ou seja, já existe uma
cobrança mais ou menos proporcional ao uso do plano) e perdoou
a dívida de cerca de R$ 500 milhões do BB com a CASSI
naquele momento, com o compromisso de que o banco investiria R$ 300
milhões em serviços próprios, o que nunca
aconteceu.
O
argumento de que sem a reforma estatutária e a co-participação
a CASSI iria quebrar se provou falso, já que os problemas
continuam, como o BB acaba de admitir nessas mensagens. A solução,
do ponto de vista do BB, como dissemos, deve ser aumentar ainda mais
a contribuição dos funcionários, e para isso
podemos ser chamados a votar a qualquer momento em mais uma reforma
estatutária, ou coisa parecida. Mas para não cairmos em
mais essa armadilha, é preciso colocar as coisas nos devidos
lugares, recuperando a história das nossas perdas acumuladas.
Os
salários dos funcionários do BB estão defasados
em 90% em relação a julho de 1994, data de implantação
do plano real. Além disso, os funcionários contratados
após 1998, que hoje são a grande maioria, deixaram de
ter direito a vários benefícios dos funcionários
antigos, como os anuênios, licença-prêmio, etc.
Convenientemente, tanto o BB quanto a CONTRAF-CUT esquecem as nossas
perdas salariais acumuladas e os demais benefícios, que não
são discutidos nas campanhas salariais. Muitos consideram que
a reivindicação de 90% de reajuste é exagerada
ou descabida, mas não acham exagerado que o lucro do BB tenha
saltado de R$ 869 milhões em 1998 para R$ 11,2 bilhões
em 2014, um salto de mais de 1.200%.
Por
conta desse “esquecimento” da nossa pauta de reivindicações
históricas, chegamos a essa situação na CASSI.
Se aplicarmos a volta da contribuição do BB de 4,5%
sobre o salário, o total da contribuição do
funcionário (os atuais R$ 66,82) + a do BB saltaria para R$
167,05. E se aplicarmos sobre esse valor o reajuste de 90%,
equivalente às perdas acumuladas, teremos um total de R$
317,84 por funcionário. Praticamente o mesmo que os R$ 320,42
do tal plano de mercado apresentado pelo BB.
A
conclusão é: não existe problema de custeio da
CASSI, existe um brutal arrocho salarial sobre os funcionários.
Esse arrocho salarial é convenientemente “esquecido” pela
direção majoritária do movimento sindical, a
CONTRAF-CUT, que assim ajuda o BB a aplicar o arrocho contra os seus
trabalhadores. Temos que estar alertas, divulgar essas informações
e construir pela base, em cada agência e departamento, um
movimento contra mais um ataque do BB. Defendemos:
-
Nenhuma medida que implique aumento da contribuição dos
funcionários para a CASSI!
-
Revogação da reforma estatutária de 2007, fim da
co-participação, cobrança da dívida do BB
para a CASSI!
- Por um
plano de reposição das perdas salariais acumuladas
(90%) desde o plano real!
-
Isonomia entre funcionários novos, antigos e incorporados,
garantindo-se o que for mais vantajoso para o trabalhador!
- Fim
das metas e do assédio moral, e do modelo de banco de mercado!
- Por um
Banco do Brasil efetivamente público e a serviço das
necessidades dos trabalhadores!
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