domingo, 30 de agosto de 2015

Jornal para a campanha salarial 2014


TOMAR A CAMPANHA SALARIAL EM NOSSAS MÃOS!

A data base da campanha salarial dos bancários é 1º de setembro, mas até agora estamos ainda na fase de negociação. O Comando Nacional que negocia em nosso nome é formado por dirigentes sindicais da CUT que se acostumaram a tratar a nossa campanha salarial como algo que é resolvido por eles, na cúpula, e não por nós bancários. Por isso, os espaços de participação e decisão são cada vez menores para nós bancários de verdade, que estamos no dia a dia das agências e departamentos. Nós que suportamos a cobrança dos gestores, a pressão dos clientes, o excesso de serviço, sofremos o adoecimento físico e psicológico, nós é que devemos decidir os rumos da campanha!

Precisamos de democracia e organização!
Os dirigentes sindicais da Contraf-CUT realizaram seu Congresso em julho e inventaram uma pauta de reivindicações muito rebaixada, que reivindica apenas 12,5% e não toca nas questões centrais que afetam o dia a dia dos bancários, mas não submeteram essa pauta à aprovação em assembleia na maior parte do país. Na principal base do país, a de São Paulo, Osasco e região, os bancários não tiveram sequer a oportunidade de conhecer outras propostas, como a pauta da Frente Nacional de Oposição Bancária, FNOB, que reivindica 35% de reajuste imediato (perdas acumuladas nos bancos privados + lucratividade dos bancos), plano de reposição de perdas, estabilidade no emprego para funcionários de bancos públicos e privados, fim de todas metas e do assédio moral, mais contratações, etc.
Além de não realizar assembleia para discutir a pauta, os dirigentes da CUT também não demonstram a mínima disposição para lutar pela pauta que eles mesmos inventaram. Numa negociação com os patrões, os trabalhadores tem uma arma decisiva, que é a ameaça de greve, para obrigar a conceder as reivindicações. Mas para que essa ameaça tenha efeito, é preciso que haja um processo de organização para a greve, e isso não está acontecendo, não há sequer um calendário de mobilização.
Outras categorias, como correios, petroleiros e metalúrgicos também estão em campanha salarial na mesma época que os bancários. Precisamos unificar as lutas! Correios já tem um indicativo de greve para o dia 17/09. Defendemos assembleias para discutir um plano de lutas e aprovar um indicativo de greve para o dia 17!

Pela independência dos trabalhadores!
A greve é a máxima demonstração de força dos trabalhadores, e precisa de preparação e organização, com reuniões nos locais de trabalho, plenárias por banco e por região, assembleias, etc., para que a categoria possa decidir sobre sua luta. É preciso também trazer a população para o lado dos bancários, mostrando que lutamos por melhores condições de trabalho para nós e melhor atendimento para o público em geral.
A falta de empenho dos dirigentes sindicais da CUT na preparação da luta não é simples incompetência, engano ou acidente, mas resulta do fato de que eles tem uma prioridade, e não é a organização dos trabalhadores. Eles defendem os interesses do seu partido nas eleições, o PT, e não os dos trabalhadores. Nós bancários não devemos ter esperanças de que qualquer candidatura, PT, PSDB ou PSB possa melhorar a nossa vida. Todos esses partidos governam para a classe capitalista, em especial para os bancos, que lucram absurdamente, não importa quem esteja no poder.
Devemos confiar apenas em nossa própria organização em luta! A FNOB defende um sindicalismo independente dos patrões, partidos e governos, a serviço dos trabalhadores, contra a traição e peleguismo da CUT. Defendemos:
- assembleia para aprovar um plano de luta e indicativo de greve para o dia 17/09!
- que os bancários possam falar nas assembleias e defender suas propostas!
- eleição de representantes de base na mesa de negociação!

RETOMAR A LUTA POR ESTABILIDADE NO EMPREGO!

Na base de São Paulo, Osasco e Região cerca de 80% dos trabalhadores estão nos bancos privados. A imensa maioria dos bancários da nossa base se acostumou a ver a campanha salarial como algo que é feito pelo sindicato em seu nome, que não precisa da sua participação e envolvimento pessoal. Isso acontece por dois motivos principais:
Primeiro, porque os próprios dirigentes sindicais incentivam a não participação dos bancários, tratam as campanhas salariais exatamente dessa forma, como algo que diz respeito a eles e não aos trabalhadores. Assim, a grande maioria dos bancários não acompanha o que a diretoria do sindicato faz ou deixa de fazer, nem nas greves, nem no dia a dia. E como os bancários na maioria não acompanham, não fazem cobranças à diretoria por não cumprir o seu papel.
Segundo, os bancos (assim como toda a classe capitalista e os meios de comunicação a seu serviço) bombardeiam diariamente os bancários com a ideia de que a sua melhoria de vida depende de esforço individual e não de ações coletivas. Com isso, os trabalhadores veem os colegas como competidores pelos cargos melhor remunerados, e não como companheiros que partilham a mesma realidade. Mas acontece que não haverá cargos para todos, e a maioria vai ficar pelo caminho!
Por esses motivos, a maioria dos bancários da nossa base não participa das campanhas. Há a ideia de que quem faz greve ou se manifesta contra a empresa será demitido. Mas as demissões acontecem de qualquer forma! Todos os anos milhares de bancários são demitidos, não importa se fazem ou não fazem greve, se tem muitos anos na empresa ou não, o quanto se dedicaram, etc. Os bancos não se preocupam com a vida dos seus funcionários e sim com o lucro a qualquer custo. Para os que ficam, resta um ambiente permanente de medo, o assedio moral dos gestores, o excesso de serviço e o adoecimento físico e psicológico.
É para lutar contra essa realidade que existe o sindicato! O sindicato somos todos nós, bancários, que vivemos essa realidade no dia a dia, ele não pertence à diretoria. Nós bancários devemos colocar como prioridade em todas as campanhas a luta pela estabilidade no emprego. Em muitas categorias há acordos em que se estabelece a proibição das empresas demitirem. Isso seria o ponto de partida para lutar por mais conquistas, e deveria ser um dos pontos principais da nossa pauta. Mas se a diretoria do sindicato não cumpre o seu papel, façamos nós mesmos o que nos diz respeito. Entre em contato conosco, vamos encontrar juntos maneiras de lutar!

CONTRA O ATAQUE À ORGANIZAÇÃO DE BASE! CONTRA O ASSEDIO MORAL!

A gestão privatista que está implantada no BB comanda o banco como se fosse privado, visando o lucro a qualquer custo, com juros abusivos, tarifas extorsivas e venda casada de “produtos bancários”. Essa gestão privatista precisava tentar quebrar a resistência do funcionalismo e para isso foi fundamental isolar o setor dos caixas.
A partir da criação do PSO, os caixas deixam de estar subordinados à gerência das agências e passam a responder a uma central remota, que comanda dezenas de caixas e gerentes de serviço em dezenas de agências diferentes. Isso trouxe um brutal enfraquecimento da organização de base nas agências. Agora, nem os caixas podem eleger representantes próprios, já que estão espalhados e não se conhecem, nem podem ser eleitos para representar as agências, já que o número de delegados sindicais está limitado pelo total do prefixo. Há caixas que são eleitos delegados sindicais pelas agências, mas não são recohecidos pelo banco, porque pertencem ao PSO.
Trata-se de uma evidente tentativa do banco de evitar a organização do segmento mais combativo do funcionalismo. Os caixas tiveram uma adesão de cerca de 90% na última greve, o que demonstra o seu papel fundamental na luta. A única saída contra os ataques do banco é a organização e a mobilização coletiva! É preciso unificar todos os segmentos do funcionalismo do BB, pelas suas pautas específicas e pelas pautas gerais da categoria e do conjunto da classe trabalhadora. E para isso, precisamos de organização de base. Ou a direção do sindicato realiza novas eleições para delegados sindicais do PSO ou enfrenta o banco para que reconheça os delegados que foram eleitos pelas agências. A organização dos trabalhadores deve ser prerrogativa dos próprios trabalhadores, e não sujeita ao arbítrio do patrão! A direção do sindicato deve garantir a organização dos caixas do BB, para que possamos lutar ao lado e em conjunto com os demais!
Na CEF, essa mesma gestão privatista está também visando concorrer com os demais bancos e aplicando os mesmos métodos. Está sendo institucionalizado o assedio moral por meio da GDP, um sistema de avaliação com metas individuais. Com isso, a pressão dos administradores sobre cada trabalhador será muito maior! A GDP poderá ser usada também como mecanismo para perseguir ativistas, instalar processos administrativos, demitir, enquadrando os trabalhadores. Temos que resistir a esse ataque e barrar o conjunto do projeto privatista em aplicação no BB e CEF!


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