domingo, 30 de agosto de 2015

Nota sobre o PSO (caixas do Banco do Brasil)


DIREÇÃO DO SINDICATO NÃO RESPONDE AO ATAQUE DO BANCO DO BRASIL À ORGANIZAÇÃO DE BASE!

A gestão privatista que está implantada no BB comanda o banco como se fosse privado, visando o lucro a qualquer custo, com juros abusivos, tarifas extorsivas e venda casada de “produtos bancários”. Os lucros bilionários do BB são usados pelo seu acionista majoritário, o Tesouro Nacional, para pagar a dívida pública (que consome 40% da arrecadação do Estado, em detrimento da saúde, educação, transporte e demais serviços públicos), ou seja, vão parar direto no bolso dos grandes especuladores nacionais e internacionais, que é para quem, no final das contas, nós trabalhamos. Essa gestão foi iniciada nos governos do PSDB, foi mantida idêntica pelos governos do PT, e não seria alterada com uma eventual vitória do PSB. Todos esses partidos governam para a classe capitalista, favorecendo em especial o seu setor mais poderoso, os banqueiros.
O BB é um banco público apenas nominalmente, porque seu acionista majoritário é o Estado, mas o seu modo de funcionamento já é idêntico ao dos bancos privados. Para aumentar os lucros, além de explorar os clientes, é preciso explorar também os funcionários, que convivem com perdas salariais acumuladas (cerca de 80% em relação à implantação do real em 1994), fim do plano de carreira, sucateamento da CASSI, etc. No dia a dia os funcionários enfrentam a sobrecarga de serviço devido à falta de contratações e à cobrança de metas. O assédio moral sistemático está institucionalizado como ferramenta de administração. Como recompensa, os gerentes, superintendentes, diretores, toda a cúpula do banco, recebe participações nos lucros milionárias, comportando-se como se fossem donos da empresa, no que se refere ao autoritarismo e à cobrança de metas.

Essa gestão privatista precisava tentar quebrar a resistência do funcionalismo e para isso foi fundamental isolar o setor dos caixas. Desde a retomada das greves na categoria bancária, em 2003, os caixas do Banco do Brasil foram durante muitos anos a vanguarda da luta nas agências, fornecendo a maioria dos ativistas e delegados sindicais. Os caixas eram decisivos para parar as agências nas greves e estimular escriturários e assistentes a parar também. As reestruturações do BB em 2007 e especialmente a implantação do PSO em nível nacional a partir de 2011 foram ataques decisivos contra esse segmento do funcionalismo.
A partir do PSO, os caixas deixam de estar subordinados à gerência das agências e passam a responder a uma central remota, que comanda dezenas de caixas e gerentes de serviço em dezenas de agências diferentes, podendo inclusive deslocá-los de um local de trabalho para outro. Muitos caixas do BB consideram que houve alguma melhora nas condições de trabalho com o PSO devido à autonomia em relação à alguns aspectos do serviço. Entretanto, é preciso observar o quadro geral e entender a lógica do projeto privatista que está em aplicação no banco. O isolamento dos caixas em relação às agências, em longo prazo, abre caminho para que a função de caixa seja terceirizada ou assumida por correspondentes bancários, sendo extinta das agências.

A criação do PSO trouxe um brutal enfraquecimento da organização de base nas agências, independentemente do que venha a acontecer em relação a essa função ser extinta no futuro ou não. Como dissemos acima, a maior parte dos delegados sindicais e ativistas nas agências eram caixas. Agora, o banco interpreta literalmente o acordo de trabalho e trata o PSO como se fosse um só local de trabalho, um único prefixo, com direito a um número limitado de delegados sindicais, mesmo que os funcionários subordinados a este prefixo estejam espalhados por dezenas de locais. Assim, nem os caixas podem eleger representantes próprios, já que estão espalhados e não se conhecem, nem podem ser eleitos para representar as agências, já que o número de delegados está limitado pelo total do prefixo. Há caixas que são eleitos delegados sindicais pelas agências, mas não são reconhecidos pelo banco, porque pertencem ao PSO.
Trata-se de uma evidente ingerência do banco no processo de organização dos trabalhadores. Essa medida administrativa do banco não é apenas uma mudança “inocente” na sua estrutura interna, ela tem a intenção explícita de evitar a organização do segmento mais combativo do funcionalismo da empresa. Os caixas tiveram uma adesão de cerca de 90% na última greve, o que demonstra o seu papel fundamental na luta. Ou a direção do sindicato enfrenta o banco para que libere os delegados sindicais eleitos, ou faz nova eleição para que o setor do PSO possa eleger representantes próprios. A direção não fez nem uma coisa nem outra, simplesmente pediu que alguns delegados sindicais eleitos declinassem do cargo para se encaixar no número previsto pelo banco.

Esse tipo de resposta é só mais um exemplo de como esta direção sindical não tem a intenção de organizar os trabalhadores e enfrentar de fato a gestão instalada no banco. E isso não é simples incompetência ou acidente, mas decorre do fato de que os dirigentes do sindicato tem um lado, e não é o dos trabalhadores. Eles pertencem ao PT, partido que comanda o governo federal há 12 anos e portanto comanda também os bancos (nominalmente) públicos. Os dirigentes sindicais da CUT estão mais preocupados com os interesses do seu partido do que com o dos trabalhadores que deveriam representar!
A única saída contra os ataques do banco é a organização e a mobilização coletiva! É preciso unificar todos os segmentos do funcionalismo do BB, pelas suas pautas específicas e pelas pautas gerais da categoria e do conjunto da classe trabalhadora. E para isso, precisamos de organização de base. Ou o sindicato realiza novas eleições para delegados sindicais do PSO ou enfrenta o banco para que reconheça os delegados que foram eleitos pelas agências. A organização dos trabalhadores deve ser prerrogativa dos próprios trabalhadores, e não sujeita ao arbítrio do patrão. O sindicato deve garantir a organização dos caixas do BB, para que possamos lutar ao lado e em conjunto com os demais!

* Contra a ingerência do banco na organização dos trabalhadores! Pelo reconhecimento dos delegados sindicais!

* Reuniões periódicas e deliberativas de delegados sindicais!

* Retomar a luta pelo fim do PSO e pela reincorporação dos caixas às agências, com a dotação adequada! Fim das metas e do assédio moral!

* Retomar a luta por toda a pauta específica do BB:

- Por um plano de reposição das perdas salariais acumuladas (80%)!
- Isonomia entre funcionários novos, antigos e incorporados, garantindo-se o que for mais vantajoso para o trabalhador!
- Volta do pagamento das substituições!
- Contra o sucateamento da CASSI! Revogação da reforma estatutária de 2007 e pagamento da dívida do banco!
- Plano 1 da PREVI para todos!
















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