DIREÇÃO DO SINDICATO NÃO RESPONDE
AO ATAQUE DO BANCO DO BRASIL À ORGANIZAÇÃO DE
BASE!
A gestão privatista que está implantada
no BB comanda o banco como se fosse privado, visando o lucro a
qualquer custo, com juros abusivos, tarifas extorsivas e venda casada
de “produtos bancários”. Os lucros bilionários do
BB são usados pelo seu acionista majoritário, o Tesouro
Nacional, para pagar a dívida pública (que consome 40%
da arrecadação do Estado, em detrimento da saúde,
educação, transporte e demais serviços
públicos), ou seja, vão parar direto no bolso dos
grandes especuladores nacionais e internacionais, que é para
quem, no final das contas, nós trabalhamos. Essa gestão
foi iniciada nos governos do PSDB, foi mantida idêntica pelos
governos do PT, e não seria alterada com uma eventual vitória
do PSB. Todos esses partidos governam para a classe capitalista,
favorecendo em especial o seu setor mais poderoso, os banqueiros.
O BB é um banco público apenas
nominalmente, porque seu acionista majoritário é o
Estado, mas o seu modo de funcionamento já é idêntico
ao dos bancos privados. Para aumentar os lucros, além de
explorar os clientes, é preciso explorar também os
funcionários, que convivem com perdas salariais acumuladas
(cerca de 80% em relação à implantação
do real em 1994), fim do plano de carreira, sucateamento da CASSI,
etc. No dia a dia os funcionários enfrentam a sobrecarga de
serviço devido à falta de contratações e
à cobrança de metas. O assédio moral sistemático
está institucionalizado como ferramenta de administração.
Como recompensa, os gerentes, superintendentes, diretores, toda a
cúpula do banco, recebe participações nos lucros
milionárias, comportando-se como se fossem donos da empresa,
no que se refere ao autoritarismo e à cobrança de
metas.
Essa gestão privatista precisava tentar quebrar
a resistência do funcionalismo e para isso foi fundamental
isolar o setor dos caixas. Desde a retomada das greves na categoria
bancária, em 2003, os caixas do Banco do Brasil foram durante
muitos anos a vanguarda da luta nas agências, fornecendo a
maioria dos ativistas e delegados sindicais. Os caixas eram decisivos
para parar as agências nas greves e estimular escriturários
e assistentes a parar também. As reestruturações
do BB em 2007 e especialmente a implantação do PSO em
nível nacional a partir de 2011 foram ataques decisivos contra
esse segmento do funcionalismo.
A partir do PSO, os caixas deixam de estar subordinados
à gerência das agências e passam a responder a uma
central remota, que comanda dezenas de caixas e gerentes de serviço
em dezenas de agências diferentes, podendo inclusive
deslocá-los de um local de trabalho para outro. Muitos caixas
do BB consideram que houve alguma melhora nas condições
de trabalho com o PSO devido à autonomia em relação
à alguns aspectos do serviço. Entretanto, é
preciso observar o quadro geral e entender a lógica do projeto
privatista que está em aplicação no banco. O
isolamento dos caixas em relação às agências,
em longo prazo, abre caminho para que a função de caixa
seja terceirizada ou assumida por correspondentes bancários,
sendo extinta das agências.
A criação do PSO trouxe um brutal
enfraquecimento da organização de base nas agências,
independentemente do que venha a acontecer em relação a
essa função ser extinta no futuro ou não. Como
dissemos acima, a maior parte dos delegados sindicais e ativistas nas
agências eram caixas. Agora, o banco interpreta literalmente o
acordo de trabalho e trata o PSO como se fosse um só local de
trabalho, um único prefixo, com direito a um número
limitado de delegados sindicais, mesmo que os funcionários
subordinados a este prefixo estejam espalhados por dezenas de locais.
Assim, nem os caixas podem eleger representantes próprios, já
que estão espalhados e não se conhecem, nem podem ser
eleitos para representar as agências, já que o número
de delegados está limitado pelo total do prefixo. Há
caixas que são eleitos delegados sindicais pelas agências,
mas não são reconhecidos pelo banco, porque pertencem
ao PSO.
Trata-se de uma evidente ingerência do banco no
processo de organização dos trabalhadores. Essa medida
administrativa do banco não é apenas uma mudança
“inocente” na sua estrutura interna, ela tem a intenção
explícita de evitar a organização do segmento
mais combativo do funcionalismo da empresa. Os caixas tiveram uma
adesão de cerca de 90% na última greve, o que demonstra
o seu papel fundamental na luta. Ou a direção do
sindicato enfrenta o banco para que libere os delegados sindicais
eleitos, ou faz nova eleição para que o setor do PSO
possa eleger representantes próprios. A direção
não fez nem uma coisa nem outra, simplesmente pediu que alguns
delegados sindicais eleitos declinassem do cargo para se encaixar no
número previsto pelo banco.
Esse tipo de resposta é só mais um
exemplo de como esta direção sindical não tem a
intenção de organizar os trabalhadores e enfrentar de
fato a gestão instalada no banco. E isso não é
simples incompetência ou acidente, mas decorre do fato de que
os dirigentes do sindicato tem um lado, e não é o dos
trabalhadores. Eles pertencem ao PT, partido que comanda o governo
federal há 12 anos e portanto comanda também os bancos
(nominalmente) públicos. Os dirigentes sindicais da CUT estão
mais preocupados com os interesses do seu partido do que com o dos
trabalhadores que deveriam representar!
A única saída contra os ataques do banco
é a organização e a mobilização
coletiva! É preciso unificar todos os segmentos do
funcionalismo do BB, pelas suas pautas específicas e pelas
pautas gerais da categoria e do conjunto da classe trabalhadora. E
para isso, precisamos de organização de base. Ou o
sindicato realiza novas eleições para delegados
sindicais do PSO ou enfrenta o banco para que reconheça os
delegados que foram eleitos pelas agências. A organização
dos trabalhadores deve ser prerrogativa dos próprios
trabalhadores, e não sujeita ao arbítrio do patrão.
O sindicato deve garantir a organização dos caixas do
BB, para que possamos lutar ao lado e em conjunto com os demais!
* Contra a ingerência do banco na organização
dos trabalhadores! Pelo reconhecimento dos delegados sindicais!
* Reuniões periódicas e deliberativas de
delegados sindicais!
* Retomar a luta pelo fim do PSO e pela reincorporação
dos caixas às agências, com a dotação
adequada! Fim das metas e do assédio moral!
* Retomar a luta por toda a pauta específica do
BB:
- Por um plano de reposição das perdas
salariais acumuladas (80%)!
- Isonomia entre funcionários novos, antigos e
incorporados, garantindo-se o que for mais vantajoso para o
trabalhador!
- Volta do pagamento das substituições!
- Contra o sucateamento da CASSI! Revogação
da reforma estatutária de 2007 e pagamento da dívida do
banco!
- Plano 1 da PREVI para todos!
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