domingo, 30 de agosto de 2015

Boletim para bancos privados, abril 2015


RETOMAR A LUTA POR ESTABILIDADE
E A ORGANIZAÇÃO NOS LOCAIS DE TRABALHO

Explicando o que parece inexplicável
O mundo inteiro ficou chocado com a atitude do copiloto alemão que decidiu por fim à própria vida, levando consigo mais de 150 passageiros, jogando o avião que pilotava contra uma montanha nos Alpes franceses.
Essa escolha é inaceitável, mas não é inexplicável. Para explicá-la, é preciso ir além das aparências. Aparentemente, o copiloto era provavelmente bem remunerado, numa profissão de prestígio, que não teria motivos para estar insatisfeito com a própria vida. Entretanto, a pressão que estava sofrendo, as cobranças sociais e no trabalho eram insuportáveis.

A mesma situação em toda parte
Ainda que não chegue ao mesmo abismo de desespero, todo trabalhador(a) nos dias de hoje sabe o que é essa pressão. Em qualquer lugar do mundo e praticamente qualquer profissão, vivemos uma situação de pressão, cobrança, excesso serviço, assédio moral, autoritarismo dos chefes e gerentes. O sistema capitalista mundial está num momento em que precisa extrair cada vez mais lucro de cada trabalhador, fazendo-o trabalhar por dois ou três.
As consequências são o adoecimento físico e psicológico, stress, depressão, síndrome de burnout, relacionamentos pessoais e familiares desfeitos. Alguns tentam disfarçar o problema por meio de medicamentos, ou mesmo o alcoolismo, sujeitando-se ao risco da dependência química. Enquanto os trabalhadores(as) tentam sobreviver, as empresas, simplesmente descartam os que ficaram “imprestáveis”, demitem impiedosamente, sem qualquer tipo de gratidão ou reconhecimento por anos de serviços prestados, e sem demonstrar remorso.

A meritocracia e outros mitos
Enquanto ainda estamos jovens, saudáveis, em condições de produzir, as empresas usam o discurso da meritocracia, de que quem se esforçar vai “chegar lá”, quem se dedicar será recompensado, quem “vestir a camisa” da empresa será reconhecido. Fazem mil promessas de promoções, prestígio, status, para seduzir e motivar os funcionários. Pura ilusão, que se desfaz cruelmente quando chegam os cortes e reestruturações. Todo mundo sabe que não há vagas para todos, e ao invés de subir, o mais provável é descer para o inferno do desemprego. A ameaça de demissão leva os trabalhadores(as) a viver em medo constante. O medo é usado para nos tornar obedientes, para nos obrigar a aceitar todo tipo de abuso, pressão, sobrecarga.
Os bancos são os campeões de lucro no Brasil, e são também os que mais demitem, terceirizam, rebaixam as condições de trabalho dos seus funcionários. Por fora, nos exigem um visual impecável, trajes finos, aparência de “sucesso”. Por dentro, cada trabalhador(a) vive a mesma sensação de medo, insegurança, humilhação.

Que fazer?
Ao longo da história os trabalhadores(as) criaram muitas formas para se organizar e lutar contra os abusos dos patrões, como os sindicatos e partidos. Foi graças a essas lutas que conseguimos os direitos que ainda temos hoje, mas que estão sempre sendo ameaçados. Só a luta muda a vida! Só lutando coletivamente como categoria bancária e classe trabalhadora poderemos combater os abusos dos bancos, defender nossos direitos, melhorar nossos salários, condições de trabalho e de vida em geral.

Como fazer?
Na categoria bancária, a questão fundamental é a estabilidade no emprego. Sem estabilidade, todo trabalhador(a) que tiver a coragem de reclamar ou de alguma forma mostrar seu descontentamento está ameaçado de demissão. A estabilidade deve ser o ponto de apoio para todas as demais lutas. Muitas categorias, nas suas campanhas salariais, conseguem acordos em que as empresas ficam proibidas de demitir por um ano ou até mais. Temos que seguir esse exemplo. A estabilidade no emprego deveria ser uma pauta prioritária dos bancários.

Quem procurar?
Nosso sindicato, que deveria lutar pela estabilidade, entre outros pontos que nos interessam, infelizmente hoje é dirigido por um partido, o PT, que traiu os trabalhadores e passou para o outro lado. Um partido que colocou um diretor do Bradesco no Ministério da Fazenda demonstra que não vai lutar contra o Bradesco e os outros bancos. Nem o sindicato dirigido pelo PT, nem o PT no governo, e nem o PSDB, PMDB, e outros oportunistas que representam os interesses dos patrões, servem para defender os trabalhadores. Temos que recomeçar do zero.

Por onde começar?
No passado, na época da ditadura militar, fazer greve era proibido e os sindicatos só serviam para carimbar o que o governo e os patrões decidiam, como acontece hoje. Naquela época, os trabalhadores não deixaram de lutar. Reuniram-se, fora dos locais de trabalho, sem a presença de chefes e gerentes, e aos poucos, com paciência, foram reconstruindo sua organização. Com o tempo se tornaram tão fortes, todos juntos, que puderam voltar a fazer greves, retomaram os sindicatos, derrubaram a ditadura. Hoje temos que repetir o mesmo processo.

Fale conosco
Se você concorda com o que dissemos e quer fazer alguma coisa, procure o Avante, Bancários! (Facebook: www.facebook.com/avntbancarios). Seu nome não será revelado, e juntos encontraremos meios de enfrentar os problemas.


CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO, CONSTRUIR A GREVE GERAL!

Está em votação no Congresso o PL 4330, que autoriza a terceirização para qualquer área das empresas. Se esse projeto for aprovado, as empresas vão poder demitir seus trabalhadores e recontratar em empresas terceirizadas. Trata-se de um gigantesco ataque contra todos os trabalhadores, pois:
- os terceirizados recebem salários em média 30% menores;
- trabalham em média 3,4 horas a mais por semana;
- sofrem 4 em cada 5 acidentes de trabalho;
- são vítimas de fraudes das empresas que não recolhem FGTS, INSS, não pagam férias, atrasam salários, etc.
O PL 4330 é só mais um dos ataques contra os trabalhadores que estão sendo preparados. O governo do PT está propondo também cortar os abonos do PIS, as pensões por morte e o seguro desemprego (Medidas Provisórias 664 e 665). Temos que nos unificar e lutar contra todos os ataques do governo e dos patrões!
Enquanto PT, PSDB, PMDB brigam para ver quem é mais corrupto e mais útil aos patrões, nós trabalhadores temos que lutar juntos, a partir de cada categoria.
Exigimos da direção do sindicato a realização de assembleia para discutir um plano de lutas contra o PL 4330 e os demais ataques!
Temos que tomar medidas para buscar a unidade entre bancários, professores (em greve há 40 dias), petroleiros, Correios, e construir uma greve geral!

- Retirada do PL 4330 e toda forma de flexibilização! Fim da Terceirização! Incorporação de todos os terceirizados às empresas-mãe, com os mesmos direitos! Efetivação com os mesmos direitos de todos os temporários, estagiários e trainees!
- Salário igual para trabalho igual! Por trabalho e salário dignos para as mulheres, negros, negras e LGBTs!
- Retirada da Mps 664 e 665, contra os cortes no PIS, pensões e Seguro Desemprego!
- Chega de desemprego! Redução da Jornada de Trabalho Sem Redução dos Salários até que haja empregos para todos! Estatização sem indenização e sob controle dos trabalhadores das empresas que ameacem demitir ou se mudar!
- Não Pagamento da Dívida Pública e investimento desse dinheiro nos serviços públicos sob controle dos trabalhadores!
- Continuar e aumentar a mobilização! Unificar as Lutas e Construir a Greve Geral Pela Base!




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