domingo, 30 de agosto de 2015

Boletim para o PSO (caixas do Banco do Brasil)


BOLETIM PSO – AGOSTO 2014

            Desde a retomada das greves na categoria bancária, em 2003, os caixas do Banco do Brasil foram durante muitos anos a vanguarda da luta nas agências, fornecendo a maioria dos ativistas e delegados sindicais. Os caixas eram decisivos para parar as agências nas greves e estimular escriturários e assistentes a parar também. As reestruturações do BB em 2007 e especialmente a criação do PSO em 2011 foram ataques decisivos contra esse segmento do funcionalismo.

            A gestão privatista que está implantada no BB comanda o banco como se fosse privado, visando o lucro a qualquer custo, com juros abusivos, tarifas extorsivas e venda casada de “produtos bancários”. Os lucros bilionários do BB são usados pelo seu acionista majoritário, o Tesouro Nacional, para pagar a dívida pública, ou seja, vão parar direto no bolso dos grandes especuladores nacionais e internacionais, que é para quem, no final das contas, nós trabalhamos.
            Para aumentar esses lucros, além de explorar os clientes, é preciso explorar também os funcionários, que convivem com perdas salariais acumuladas (cerca de 80% em relação à implantação do real em 1994), fim do plano de carreira, sucateamento da CASSI, etc. No dia a dia os funcionários enfrentam a sobrecarga de serviço devido à falta de contratações e à cobrança de metas. O assédio moral sistemático está institucionalizado como método de gestão.

            Essa gestão privatista precisava tentar quebrar a resistência do funcionalismo e para isso foi fundamental isolar o setor dos caixas, através do PSO. Muitos colegas caixas consideram que houve alguma melhora nas condições de trabalho com o PSO. Afinal não há mais interferência dos gerentes das agências no serviço, os malotes foram reduzidos e normatizados, há uma sensação de maior autonomia dos trabalhadores, etc.
            Entretanto, é preciso observar o quadro geral e entender a lógica do projeto privatista que está em aplicação no banco. O isolamento dos caixas em relação às agências, em longo prazo, abre caminho para que a função de caixa seja terceirizada ou assumida por correspondentes bancários, sendo extinta das agências.

            No curto prazo, o efeito imediato do PSO foi um ambiente de estranhamento entre o pessoal das agências e do PSO, como se se tratasse de empresas diferentes. Como ambos os setores estão sujeitos a metas, não é comum que surja uma hostilidade velada, uma competição mais ou menos disfarçada. Existem agências em que não há funcionários fazendo triagem do público ou emitindo as senhas do GAT. Com isso, o público deságua diretamente no caixa pedindo informações ou serviços que não pertencem ao setor, sobrecarregando as filas, sendo que os caixas são cobrados exatamente por tempo de atendimento. Da parte das agências, existe a concepção de que os caixas só atrapalham as metas, porque não se dobram a certas exigências de clientes especiais, seguem os seus normativos e não as conveniências negociais. Ou o que é pior, os caixas “não dão resultado” para o banco, o que seria muito “grave”, uma vez que boa parte dos funcionários já interiorizou a ideia de que o banco deve dar lucro a qualquer custo.

            A criação do PSO trouxe um brutal enfraquecimento da organização de base nas agências, independentemente do que venha a acontecer em relação a essa função ser extinta no futuro ou não. Como dissemos acima, a maior parte dos delegados sindicais e ativistas nas agências eram caixas. Agora, nem os caixas tem representação própria, já que não há delegados sindicais do PSO, nem podem de fato se candidatar para representar as agências. O banco trata o PSO como se fosse um “prédio” e libera apenas o número de delegados que cabe a este “prédio”, não reconhecendo os demais eleitos pelas agências.
            A separação do funcionalismo do banco em segmentos estranhos e até opostos traz conseqüências danosas para todos. Foi o que vimos na reestruturação de 2013, que enterrou a luta pela 7ª e 8ª horas dos comissionados, e que não foi combatida como se deve, por uma greve de fato, já que se estabeleceu a cultura de que “comissionado não faz greve”. Agora, o prejuízo fica para todos os que vierem a assumir comissões.

            A única saída contra os ataques do banco é a organização e a mobilização coletiva! É preciso unificar todos os segmentos do funcionalismo do BB, pelas suas pautas específicas e pelas pautas gerais da categoria e do conjunto da classe trabalhadora. E para isso, precisamos de organização de base. Ou o sindicato realiza novas eleições para delegados sindicais do PSO ou enfrenta o banco para que reconheça os delegados que foram eleitos pelas agências. A organização dos trabalhadores deve ser prerrogativa dos próprios trabalhadores, e não sujeita ao arbítrio do patrão. O sindicato deve garantir a organização do  nosso setor, para que possamos lutar ao lado e em conjunto com os demais!

* Contra a ingerência do banco na organização dos trabalhadores! Pelo reconhecimento dos delegados sindicais!

* Reuniões periódicas e deliberativas de delegados sindicais!

* Retomar a luta pelo fim do PSO e pela reincorporação dos caixas às agências, com a dotação adequada! Fim das metas e do assédio moral!

* Retomar a luta por toda a pauta específica do BB:

- Por um plano de reposição das perdas salariais acumuladas (80%)!
- Isonomia entre funcionários novos, antigos e incorporados, garantindo-se o que for mais vantajoso para o trabalhador!
- Volta do pagamento das substituições!
- Contra o sucateamento da CASSI! Revogação da reforma estatutária de 2007 e pagamento da dívida do banco!
- Plano 1 da PREVI para todos!


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