BOLETIM PSO – AGOSTO 2014
Desde a retomada das greves na categoria bancária, em
2003, os caixas do Banco do Brasil foram durante muitos anos a vanguarda da
luta nas agências, fornecendo a maioria dos ativistas e delegados sindicais. Os
caixas eram decisivos para parar as agências nas greves e estimular
escriturários e assistentes a parar também. As reestruturações do BB em 2007 e
especialmente a criação do PSO em 2011 foram ataques decisivos contra esse
segmento do funcionalismo.
A gestão privatista que está implantada no BB comanda o banco como se fosse privado, visando o
lucro a qualquer custo, com juros abusivos, tarifas extorsivas e venda casada
de “produtos bancários”. Os lucros bilionários do BB são usados pelo seu
acionista majoritário, o Tesouro Nacional, para pagar a dívida pública, ou
seja, vão parar direto no bolso dos grandes especuladores nacionais e
internacionais, que é para quem, no final das contas, nós trabalhamos.
Para aumentar esses lucros, além de
explorar os clientes, é preciso explorar também os funcionários, que convivem
com perdas salariais acumuladas (cerca de 80% em relação à implantação do real
em 1994), fim do plano de carreira, sucateamento da CASSI, etc. No dia a dia os
funcionários enfrentam a sobrecarga de serviço devido à falta de contratações e
à cobrança de metas. O assédio moral sistemático está institucionalizado como
método de gestão.
Essa gestão privatista precisava
tentar quebrar a resistência do funcionalismo e para isso foi fundamental
isolar o setor dos caixas, através do PSO. Muitos colegas caixas consideram que
houve alguma melhora nas condições de trabalho com o PSO. Afinal não há mais
interferência dos gerentes das agências no serviço, os malotes foram reduzidos
e normatizados, há uma sensação de maior autonomia dos trabalhadores, etc.
Entretanto, é preciso observar o
quadro geral e entender a lógica do projeto privatista que está em aplicação no
banco. O isolamento dos caixas em relação às agências, em longo prazo, abre
caminho para que a função de caixa seja terceirizada ou assumida por
correspondentes bancários, sendo extinta das agências.
No curto prazo, o efeito imediato
do PSO foi um ambiente de estranhamento entre o pessoal das agências e do
PSO, como se se tratasse de empresas diferentes. Como ambos os setores estão
sujeitos a metas, não é comum que surja uma hostilidade velada, uma competição
mais ou menos disfarçada. Existem agências em que não há funcionários fazendo
triagem do público ou emitindo as senhas do GAT. Com isso, o público deságua
diretamente no caixa pedindo informações ou serviços que não pertencem ao
setor, sobrecarregando as filas, sendo que os caixas são cobrados exatamente
por tempo de atendimento. Da parte das agências, existe a concepção de que os
caixas só atrapalham as metas, porque não se dobram a certas exigências de
clientes especiais, seguem os seus normativos e não as conveniências negociais.
Ou o que é pior, os caixas “não dão resultado” para o banco, o que seria muito
“grave”, uma vez que boa parte dos funcionários já interiorizou a ideia de que
o banco deve dar lucro a qualquer custo.
A criação do PSO trouxe um brutal
enfraquecimento da organização de base nas agências, independentemente do
que venha a acontecer em relação a essa função ser extinta no futuro ou não.
Como dissemos acima, a maior parte dos delegados sindicais e ativistas nas
agências eram caixas. Agora, nem os caixas tem representação própria, já que
não há delegados sindicais do PSO, nem podem de fato se candidatar para
representar as agências. O banco trata o PSO como se fosse um “prédio” e libera
apenas o número de delegados que cabe a este “prédio”, não reconhecendo os
demais eleitos pelas agências.
A separação do funcionalismo do
banco em segmentos estranhos e até opostos traz conseqüências danosas para
todos. Foi o que vimos na reestruturação de 2013, que enterrou a luta pela 7ª e
8ª horas dos comissionados, e que não foi combatida como se deve, por uma greve
de fato, já que se estabeleceu a cultura de que “comissionado não faz greve”.
Agora, o prejuízo fica para todos os que vierem a assumir comissões.
A única saída contra os ataques do banco é a organização e a
mobilização coletiva! É preciso
unificar todos os segmentos do funcionalismo do BB, pelas suas pautas
específicas e pelas pautas gerais da categoria e do conjunto da classe
trabalhadora. E para isso, precisamos de organização de base. Ou o sindicato
realiza novas eleições para delegados sindicais do PSO ou enfrenta o banco para
que reconheça os delegados que foram eleitos pelas agências. A organização dos
trabalhadores deve ser prerrogativa dos próprios trabalhadores, e não sujeita
ao arbítrio do patrão. O sindicato deve garantir a organização do nosso setor, para que possamos lutar ao lado
e em conjunto com os demais!
*
Contra a ingerência do banco na organização dos trabalhadores! Pelo
reconhecimento dos delegados sindicais!
*
Reuniões periódicas e deliberativas de delegados sindicais!
*
Retomar a luta pelo fim do PSO e pela reincorporação dos caixas às agências,
com a dotação adequada! Fim das metas e do assédio moral!
*
Retomar a luta por toda a pauta específica do BB:
-
Por um plano de reposição das perdas salariais acumuladas (80%)!
-
Isonomia entre funcionários novos, antigos e incorporados, garantindo-se o que
for mais vantajoso para o trabalhador!
-
Volta do pagamento das substituições!
-
Contra o sucateamento da CASSI! Revogação da reforma estatutária de 2007 e
pagamento da dívida do banco!
-
Plano 1 da PREVI para todos!
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