domingo, 30 de agosto de 2015

Boletim para delegados sindicais do Banco do Brasil - Julho 2015


Aos companheiros delegados sindicais do Banco do Brasil da base de São Paulo, Osasco e Região. Segue um boletim eletrônico do coletivo Avante, Bancários!, de oposição à direção do sindicato, com algumas reflexões sobre a campanha salarial e mais um texto sobre a situação do país.



ORGANIZAR UMA CAMPANHA SALARIAL DE VERDADE!

No dia 22/07/2015 aconteceu a reunião dos delegados sindicais do da base de São Paulo, Osasco e Região. Ao invés de uma reunião unificada, a direção do sindicato distribuiu os representantes nas 7 regionais em que está dividida a base. Portanto, foram na verdade 7 micro reuniões.
Logo de cara, discordamos desse método, porque não ajuda a preparar a campanha salarial que temos pela frente. As reuniões por região podem e devem ser feitas, ao longo do ano, antes e depois do período da campanha. Se não é possível conseguir a liberação do ponto todos os meses, que se faça a reunião nem que seja no horário na noite, com a participação de quem for possível, mas que haja reuniões. No período da campanha, porém, é necessário reunir todos os delegados para fortalecer a preparação da luta.
Ao separar as reuniões, a direção do sindicato já deu mostras do tipo de campanha que pretende fazer. Existe um roteiro que vem sendo seguido todos os anos, e que se quer repetir mais uma vez em 2015. A pauta de reivindicações será tirada numa Conferência nos dias 31/07, 01 e 02/08, cujos representantes foram eleitos numa assembleia “escondida” no dia 23/07. Uma assembleia da qual muitos dos próprios delegados só tomaram conhecimento no próprio dia 22. Se os delegados sindicais não estavam informados da realização dessa assembleia, que é na verdade decisiva para a campanha, que dizer então do restante da categoria? O resultado é que somente serão eleitos para essa Conferência os próprios dirigentes sindicais. Será uma Conferência de cúpula e não de bancários.
Isso é só mais uma prova de que a direção do sindicato quer mais um campanha sem a participação dos bancários de carne e osso, que estão no dia a dia das agências e departamentos. Os bancários não são chamados a discutir a pauta em assembleia, nem podem também escolher os seus representantes na mesa de negociação (que são escolhidos na mesma Conferência de cúpula), nem opinar sobre o plano de lutas, o calendário de greve, a estratégia da greve, como enfrentar os bancos e afetar de fato o seu lucro para conseguir as reivindicações, etc.
Os bancários não podem opinar sobre nada disso, e quando são chamados a opinar, na assembleia que rejeita a contraproposta patronal e deflagra a greve, também não podem falar nessa assembleia. Comparecem apenas para levantar o crachá e votar. Há uma ditadura do microfone, em que só a direção do sindicato fala, e não se abre o debate com a categoria. Isso não contribui para a educação dos trabalhadores, que precisam aprender a avaliar e formular propostas. Também não tem havido assembleias diárias ao longo da greve, para que os bancários possam discutir o movimento e decidir seus rumos. E por último, a campanha é encerrada numa assembleia no horário da noite, com a presença de gestores e pessoas que não fizeram greve, para aprovar uma proposta praticamente idêntica àquela que foi rejeitada na assembleia de deflagração da greve, com diferenças insignificantes, defendida como “vitória” pela direção do sindicato.
Somos contra esse roteiro! Precisamos de uma campanha salarial de verdade! Precisamos de uma campanha que tenha a participação dos bancários. A campanha salarial pertence aos bancários, e não à direção do sindicato. São nossos salários e condições de trabalho durante todo o próximo ano que estarão em jogo, e por isso temos que ter o máximo espaço para dar nossa opinião. Para isso defendemos:
- assembleia para discutir a pauta definida na Conferência dos dirigentes sindicais;
- plano de luta e calendário de mobilização definido em assembleia;
- representantes na mesa de negociação eleitos em assembleia e com mandato revogável;

VENHA SE REUNIR CONOSCO!

Nós do coletivo Avante, Bancários!, que somos oposição à direção do sindicato, estamos convidando os bancários a se reunir para pensarmos juntos maneiras de termos uma campanha salarial de verdade, que corresponda às nossas necessidades.
Essa reunião vai acontecer no dia 18/08, à partir das 18:30, na Rua Boa Vista 76, 11° andar, Centro. Compareça, participe, divulgue, debata com seus colegas.
Mesmo que não possa participar da reunião, entre em contato e deixe os seus comentários, críticas, sugestões, etc. Escreva para Daniel (tzitzimitl@terra.com.br) e Thaís (asiwatchtheweatherchange@hotmail.com).

CONSTRUIR ATRAVÉS LUTAS UMA SAÍDA INDEPENDENTE DOS TRABALHADORES PARA A CRISE DO PAÍS

Num dos grandes clássicos da ficção científica, o livro “1984”, de George Orwell, os órgãos do governo recebem nomes que são o exato oposto da sua verdadeira função. O Ministério da Verdade é o que inventa mentiras para enganar a população, o Ministério do Amor é o que persegue, prende, tortura e executa os opositores, o Ministério da Paz é o que comanda os exércitos na guerra contra outros países. E assim por diante. Essa técnica de inverter o sentido das palavras recebia o nome de “duplipensar”.
No Brasil, o governo Dilma também põe em prática o duplipensar. O recém anunciado “Programa de Proteção ao Emprego” está na verdade destruindo o emprego. A proposta desse programa é rebaixar os contratos, reduzindo a jornada com a redução dos salários, ajudando o empresariado com o dinheiro do FAT, ou seja, dos próprios trabalhadores. A única coisa que está sendo protegida nesse caso é o lucro dos patrões.
O chamado ajuste fiscal é na verdade o descalabro fiscal. O desequilíbrio nas contas do governo não é causado pelos gastos com os serviços necessários aos trabalhadores, e sim com a dívida pública. Mais de 45% do orçamento federal, ou cerca de R$ 1 trilhão por ano, são desviados para o pagamento da dívida. Essa dívida é uma fraude, nós trabalhadores nunca pegamos esse dinheiro emprestado, todos os anos o governo paga uma fortuna, e ao invés de diminuir, a dívida só faz aumentar. Isso porque os juros da dívida são decididos por um comitê do Banco Central, formado pelos mesmos banqueiros e especuladores que são credores da dívida. Se a intenção real do governo fosse fazer um ajuste fiscal, deveria começar pelo não pagamento da dívida. Mas ao contrário, o governo Dilma cortou as verbas dos abonos do PIS, do seguro desemprego e das pensões por morte, retirando dinheiro dos trabalhadores para aumentar a parte destinada aos banqueiros e especuladores.
As escolhas “duplipensadas” de Dilma têm a ver com o fato de que o Partido dos Trabalhadores está na verdade a serviço dos patrões, dos banqueiros, latifundiários, empreiteiras, montadoras e transnacionais. Nos últimos 3 mandatos o PT garantiu lucros extraordinários para a classe patronal, e uma ilusão de prosperidade para os trabalhadores, que tiveram acesso ao consumo através do crédito e endividamento, mas sem aumento real dos salários e da renda. Esse modelo tinha fôlego curto, já que não é possível endividar as pessoas além de um certo limite. Agora que o endividamento chegou ao limite, o consumo diminuiu, a economia entra em recessão, uma parte da classe patronal começa a considerar que o PT não serve mais. Surgem as especulações sobre o impeachment, sobre um possível governo do PMDB ou do PSDB, etc. É justamente para provar que ainda serve aos patrões que o PT está cada vez mais aprofundando os ataques contra os trabalhadores, como o PPE e o “ajuste fiscal”.
Nós trabalhadores não podemos nos deixar enganar pelo “duplipensar” dos partidos patronais, nem PT, nem PMDB, nem PSDB. Nem a marcha do dia 16, nem a do dia 20!
Precisamos construir nas lutas uma saída independente para a crise. Precisamos unificar as lutas, as greves, as manifestações. Precisamos inverter a lógica que governa essa sociedade. Se existe uma crise, não fomos nós que provocamos e não vamos pagar por ela! Ao invés de atacar os salários, os direitos e as condições de vida dos trabalhadores, que se ataquem os lucros! Nenhuma demissão! Redução da jornada sem redução do salário, até que haja emprego para todos! Nenhum direito à menos! Não à tercerização! Não ao arrocho salarial, mínimo do DIEESE como piso para todos! Não pagamento da dívida pública e uso desse dinheiro para obras e serviços sob controle dos trabalhadores! Por um governo dos trabalhadores baseado em suas organizações de luta!



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