domingo, 30 de agosto de 2015

O que é ruim para os bancários é ruim para o Brasil


Texto sobre a nomeação de Joaquim Levy, do Bradesco, para o Ministério da Fazenda, em dezembro de 2014


Os banqueiros no comando da economia
Assim que tomou posse como ministro da fazenda o diretor do Bradesco anunciou cortes no seguro desemprego, nos abonos do PIS e nos benefícios dos pensionistas do INSS. O objetivo é economizar dinheiro para o pagamento da dívida pública. Ou seja, desviar dinheiro que iria atender às necessidades da população diretamente para o bolso dos banqueiros e especuladores. Essa dívida é uma fraude, nunca pegamos esse dinheiro emprestado, e mesmo pagando uma fortuna todos os anos ela não pára de aumentar, porque os juros são determinados por um comitê do Banco Central controlado pelos próprios banqueiros e especuladores. Por mais que o governo siga pagando a dívida (mais de 1 trilhão de reais em 2015), a situação da economia não melhora, como demonstra a demissão de centenas de metalúrgicos pela Volkswagen e Mercedes no ABC.
Temos que ser solidários à luta dos metalúrgicos, que saíram em greve contra as demissões, e defender a redução de jornada sem redução de salário, para que haja emprego para todos. Da mesma forma, temos que fortalecer o movimento contra o aumento da tarifa do transporte público. Os números do orçamento mostram que existe dinheiro de sobra para termos transporte público gratuito e de qualidade. Mas para isso seria preciso romper com os interesses patronais e priorizar os trabalhadores. Entretanto, nem os governos do PT nem seus opositores do PSDB vão romper com bancos, empreiteiras, montadoras, latifundiários, etc. Somente com a ação coletiva e organizada dos trabalhadores, de maneira independente e em oposição aos governos do PT e PSDB, poderemos obter conquistas.

O que é ruim para o Brasil é ruim para os bancários.
Os funcionários do BB, CEF, BNB e BASA, bancos controlados pelo governo federal, são hoje, na prática, subordinados do Bradesco, através do ministério da fazenda. Os banqueiros e especuladores querem formatar os bancos públicos a sua imagem e semelhança. A presidente Dilma anunciou que vai abrir o capital da CEF e transformá-la numa SA, como já é o BB, que tem ações vendidas em bolsa. Isso representa na verdade um passo na direção da privatização, que já está avançada no BB, em que a maioria acionária (cada vez menor, pois o governo vende sucessivos lotes de ações) é estatal, mas a lógica da gestão é privada, com a busca do lucro a qualquer custo e a exploração de funcionários e clientes.
O modelo já vigente no BB será implantado na CEF, com prejuízos para os bancários e a sociedade. Esse é o significado das várias reestruturações que são desencadeadas a todo o momento nos bancos públicos, extinguindo setores, transferindo compulsoriamente os funcionários, retirando comissões, etc. Contra esses ataques por partes, temos que lutar como um todo. Temos que olhar além do imediato e ver a situação da nossa categoria como um todo. Temos que fazer como várias categorias que estão saindo em greve no ultimo período, como os metalúrgicos da Volks, os funcionários da USP, os metroviários de São Paulo, garis do Rio, professores em muitas cidades, construção civil, etc.

Para conter a organização e as lutas dos trabalhadores o governo e os patrões estão atacando os ativistas e militantes que organizam os trabalhadores a partir da base. Isso aconteceu com os 42 trabalhadores do metrô demitidos na greve de 2014, cuja luta pela reintegração continua, e acontece também na categoria bancária. São vários os casos de perseguição contra ativistas, delegados sindicais, cipeiros e lideranças que estão organizando a resistência dos bancários a partir dos locais de trabalho. O método da perseguição é a instauração de processo administrativo tentando criar pretexto para demissão. Os processos não tem como base nenhuma falha em serviço e sim ações que dizem respeito justamente à função de delegados sindicais e representantes, tais como reuniões com os colegas, divulgar textos, organizar paralisações, etc.
No BB temos a companheira Juliana, do complexo São João, e Israel Fernandez, do complexo Verbo Divino, que estão respondendo a processo, como já aconteceu com os companheiros Marcio Cardoso, do SAC, e Leticia, de Jandira, que foi demitida. Na CEF tivemos em 2013 a demissão do companheiro Messias, de Osasco, que foi revertida graças a uma ampla campanha do movimento, e agora temos o processo contra o companheiro Diogo, da ag. .
Temos que barrar esses ataques e nos colocar em defesa desses companheiros. O ataque a eles não é apenas aos indivíduos, mas ao conjunto dos bancários, pois é a partir da organização nos locais de trabalho, que eles representam, que temos condições de resistir contra as reestruturações e outras medidas que nos prejudicam. Mesmo porque a direção do sindicato, que é do PT, não tem a intenção de enfrentar de fato os bancos, que estão no ministério do governo do PT.


Nenhum comentário:

Postar um comentário