quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Breve histórico da Frente Nacional de Oposição Bancária


Para entender o surgimento da FNOB, é preciso partir de dois pontos: 1º) a distribuição nacional da categoria bancária e 2º) a história da oposição bancária nacional.



Em relação ao primeiro ponto, há uma diferença entre a distribuição da categoria bancária em São Paulo e no restante do país. Em São Paulo, principal centro financeiro do Brasil, está concentrado cerca 25% do total da categoria no país, com cerca de 120.000 trabalhadores (sem contar os terceirizados, correspondentes, etc.). Desse total, cerca de 80% trabalham em bancos privados e apenas 20% nos bancos públicos. O que vale para São Paulo vale também para o Rio de Janeiro e outras metrópoles principais, mesmo que em porcentagens menos discrepantes. No restante do país, por outro lado, e em especial no Norte e Nordeste, a distribuição está invertida, com maioria de trabalhadores nos bancos públicos e minoria em bancos privados, com porcentagens também variantes. Essa distribuição faz com que em vários estados do país haja uma maioria de grevistas em relação ao todo da categoria naquela base. Essa maioria de grevistas obriga os próprios setores da burocracia sindical governista a serem mais combativos do que são em São Paulo, e abre também espaço para que grupos de oposição ao governismo cheguem à direção dos sindicatos, como acontece no RN e MA, onde é possível desenvolver um trabalho de organização.



Entretanto, esse trabalho de organização desenvolvido em regiões periféricas tem pouco resultado pelo fato de que as traições às nossas campanhas salariais e às lutas em geral são realizadas por um Comando Nacional, que centraliza as burocracias governistas em nível nacional. Por isso, os sindicatos ligados à FNOB entendem que não basta desenvolver o trabalho de organização nas suas bases, mas é preciso construir alternativas de organização nacionais, que possam interferir no rumo das campanhas nos locais em que elas são decididas, no grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília.



Na tentativa de construir essa alternativa, chegamos ao segundo ponto, a oposição bancária nacional. O movimento da categoria bancária foi retomado na greve de 30 dias de 2004, em que a base realizou a greve contra a orientação da maioria do movimento sindical (CUT). Da greve de 2004 resultou o Movimento Nacional de Oposição Bancária – MNOB, cuja orientação política majoritária era do PSTU. Num primeiro momento, ainda que com muitos problemas, o MNOB cumpriu o papel de oposição à CUT, defendendo uma campanha e uma pauta alternativa. Entretanto, a pressa do PSTU em captar os ativistas para o partido e vincular o MNOB ao seu projeto de Central Sindical (Conlutas) acabou afastando gradualmente os ativistas e demais coletivos, esvaziando e inviabilizando o MNOB como alternativa de organização nacional. A afobação do PSTU para construir o seu partido como prioridade absoluta em relação à construção do movimento do conjunto da categoria fez com que não se construisse nem o partido nem o movimento! A partir de 2009 consolidou-se a opção do PSTU de voltar aos fóruns de organização controlados pela CUT, abandonando a proposta de uma campanha alternativa, ainda que nominalmente defenda a pauta alternativa, o que gerou crise no MNOB.



A crise se completou quando veio à tona o aparelhamento do MNOB pelo PSTU, também em 2009. Um militante do PSTU em São Paulo recebia salário do MNOB, sem que isso tivesse sido discutido com a base do movimento, nem com os sindicatos, que faziam contribuições regulares, nem com nós que militávamos na base de São Paulo e arrecadávamos cotizações inclusive nos nossos locais de trabalho. É até aceitável que o movimento tenha um aparato ou mesmo sustente um funcionário para tarefas organizativas, mas no caso em questão, há dois problemas gravíssimos: 1º) a existência desse funcionário não tinha sido discutida nem muito menos aprovada pelo restante do movimento; e 2º) esse funcionário desenvolvia tarefas do partido e não do movimento! Trata-se de fatos públicos, do conhecimento de todos os que militavam nos espaços nacionais da oposição bancária na época e que quebraram definitivamente a confiança no setor majoritário do MNOB. A partir de 2010, os setores descontentes com os rumos políticos (volta para a CUT) e o aparelhamento do MNOB deram início às discussões que levaram à realização do Encontro de Natal, em 2011, que viria a ser o I Encontro da FNOB.



A partir dos Encontros seguintes consolidou-se o acúmulo dentro da FNOB de rejeitar os fóruns viciados da CUT. Não se trata apenas de espaços de organização em que uma determinada corrente, no caso os governistas, possuem uma maioria circunstancial, mas de referências políticas que consagram um formato de campanha salarial em que a base da categoria não tem condições de se expressar, nem muito menos determinar os rumos da campanha. Da mesma forma, a FNOB rejeita os métodos aparelhistas empregados pela burocracia governista e também pelo PSTU, defendendo a democracia nos debates, a transparência nos espaços de organização dos trabalhadores, a prestação de contas regular.



Participam hoje da FNOB os seguintes coletivos:

- Maioria da diretoria do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do Norte (o sindicato é filiado à Conlutas, mas o setor que defende a FNOB alinha-se com o Bloco Classista, Anticapitalista e de Base, como oposição à maioria da Central-PSTU);

- Diretores do Sindicato dos Bancários do Maranhão (a diretoria conta também com militantes do PSTU e do PSOL);

- Associação Nacional dos Beneficiários do RegReplan – ANBERR;

- Coletivo Bancários de Base – SP;

- Coletivo Bancários de Base – RS;

- Oposição de Brasília – DF;

- Oposição do Pará;



O sindicato dos Bancários de Bauru é filiado à Conlutas e a maior parte dos seus dirigentes esteve ligada ao MNOB, mas este ano uma parte da diretoria fez o convite aos coletivos acima para sediar o Encontro em Bauru, como uma forma de conhecer a FNOB.



Além desses diversos coletivos, repetimos, os Encontros da FNOB são abertos a qualquer trabalhador da categoria.


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