Texto sobre a nomeação de Joaquim Levy, do Bradesco, para o Ministério da Fazenda, em dezembro de 2014
Os
banqueiros no comando da economia
Assim
que tomou posse como ministro da fazenda o diretor do Bradesco
anunciou cortes no seguro desemprego, nos abonos do PIS e nos
benefícios dos pensionistas do INSS. O objetivo é
economizar dinheiro para o pagamento da dívida pública.
Ou seja, desviar dinheiro que iria atender às necessidades da
população diretamente para o bolso dos banqueiros e
especuladores. Essa dívida é uma fraude, nunca pegamos
esse dinheiro emprestado, e mesmo pagando uma fortuna todos os anos
ela não pára de aumentar, porque os juros são
determinados por um comitê do Banco Central controlado pelos
próprios banqueiros e especuladores. Por mais que o governo
siga pagando a dívida (mais de 1 trilhão de reais em
2015), a situação da economia não melhora, como
demonstra a demissão de centenas de metalúrgicos pela
Volkswagen e Mercedes no ABC.
Temos
que ser solidários à luta dos metalúrgicos, que
saíram em greve contra as demissões, e defender a
redução de jornada sem redução de
salário, para que haja emprego para todos. Da mesma forma,
temos que fortalecer o movimento contra o aumento da tarifa do
transporte público. Os números do orçamento
mostram que existe dinheiro de sobra para termos transporte público
gratuito e de qualidade. Mas para isso seria preciso romper com os
interesses patronais e priorizar os trabalhadores. Entretanto, nem os
governos do PT nem seus opositores do PSDB vão romper com
bancos, empreiteiras, montadoras, latifundiários, etc. Somente
com a ação coletiva e organizada dos trabalhadores, de
maneira independente e em oposição aos governos do PT e
PSDB, poderemos obter conquistas.
O que é ruim para o Brasil é ruim para os bancários.
Os
funcionários do BB, CEF, BNB e BASA, bancos controlados pelo
governo federal, são hoje, na prática, subordinados do
Bradesco, através do ministério da fazenda. Os
banqueiros e especuladores querem formatar os bancos públicos
a sua imagem e semelhança. A presidente Dilma anunciou que vai
abrir o capital da CEF e transformá-la numa SA, como já
é o BB, que tem ações vendidas em bolsa. Isso
representa na verdade um passo na direção da
privatização, que já está avançada
no BB, em que a maioria acionária (cada vez menor, pois o
governo vende sucessivos lotes de ações) é
estatal, mas a lógica da gestão é privada, com a
busca do lucro a qualquer custo e a exploração de
funcionários e clientes.
O modelo
já vigente no BB será implantado na CEF, com prejuízos
para os bancários e a sociedade. Esse é o significado
das várias reestruturações que são
desencadeadas a todo o momento nos bancos públicos,
extinguindo setores, transferindo compulsoriamente os funcionários,
retirando comissões, etc. Contra esses ataques por partes,
temos que lutar como um todo. Temos que olhar além do imediato
e ver a situação da nossa categoria como um todo. Temos
que fazer como várias categorias que estão saindo em
greve no ultimo período, como os metalúrgicos da Volks,
os funcionários da USP, os metroviários de São
Paulo, garis do Rio, professores em muitas cidades, construção
civil, etc.
Para
conter a organização e as lutas dos trabalhadores o
governo e os patrões estão atacando os ativistas e
militantes que organizam os trabalhadores a partir da base. Isso
aconteceu com os 42 trabalhadores do metrô demitidos na greve
de 2014, cuja luta pela reintegração continua, e
acontece também na categoria bancária. São
vários os casos de perseguição contra ativistas,
delegados sindicais, cipeiros e lideranças que estão
organizando a resistência dos bancários a partir dos
locais de trabalho. O método da perseguição é
a instauração de processo administrativo tentando criar
pretexto para demissão. Os processos não tem como base
nenhuma falha em serviço e sim ações que dizem
respeito justamente à função de delegados
sindicais e representantes, tais como reuniões com os colegas,
divulgar textos, organizar paralisações, etc.
No BB
temos a companheira Juliana, do complexo São João, e
Israel Fernandez, do complexo Verbo Divino, que estão
respondendo a processo, como já aconteceu com os companheiros
Marcio Cardoso, do SAC, e Leticia, de Jandira, que foi demitida. Na
CEF tivemos em 2013 a demissão do companheiro Messias, de
Osasco, que foi revertida graças a uma ampla campanha do
movimento, e agora temos o processo contra o companheiro Diogo, da
ag. .
Temos
que barrar esses ataques e nos colocar em defesa desses companheiros.
O ataque a eles não é apenas aos indivíduos, mas
ao conjunto dos bancários, pois é a partir da
organização nos locais de trabalho, que eles
representam, que temos condições de resistir contra as
reestruturações e outras medidas que nos prejudicam.
Mesmo porque a direção do sindicato, que é do
PT, não tem a intenção de enfrentar de fato os
bancos, que estão no ministério do governo do PT.
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