segunda-feira, 13 de maio de 2013

Articulação / CUT / PT e seus satélites sabota luta contra o plano de funções



Texto de balanço do processo de luta contra o plano de funções no BB


No final da campanha salarial de 2012 a Articulação/CUT/PT, direção majoritária do movimento sindical da categoria bancária, apresentou como uma das “conquistas” o compromisso do BB de uma proposta relativa à jornada de 6h. Ao invés disso, o BB lançou no início de 2013 um plano que reduz a jornada, mas reduz os salários de todo um contingente que cumpria jornada de 8h. Ou seja, a Articulação deu cheque em branco para que o BB fizesse mais um ataque aos seus trabalhadores. O novo Plano de Funções Gratificadas (PFG) é mais uma forma de aliviar o passivo trabalhista do BB, já que muitos estavam ganhando na justiça o pagamento da 7ª e 8ª hora.

A Articulação se fez de desentendida, sem querer encaminhar uma luta de fato contra o PFG. Entretanto, a reação da base, que silenciosamente resistiu e se recusou em sua grande maioria a assinar o termo de migração para os novos cargos, bem como a mobilização levada a efeito pelas oposições, obrigaram a direção do movimento a marcar assembleias. Conseguimos aprovar em São Paulo um calendário de luta com paralisação de 24h em 07/03, diferente do calendário da Articulação. São Paulo concentra a maior parte dos imediatamente atingidos pelo plano (que na verdade afeta a todos de diferentes maneiras) e uma forte mobilização aqui seria decisiva para arrastar o restante do país.

Entretanto, na assembleia organizativa da paralisação, a Articulação nem sequer permitiu discutir um calendário que desse continuidade à luta. Com isso, a paralisação de 07/03 em São Paulo, que mesmo sendo parcial foi importante, permaneceu isolada e não teve poder de levar ao crescimento do movimento. Mais de 40 dias depois a Contraf marcou nova paralisação no dia 30/04, com assembleias nos dias próximos, para supostamente forçar o BB a abrir negociações.

Na assembleia de 29/04 estava posta a possibilidade de romper o controle da Articulação sobre o movimento. Estava posta a possibilidade de construir um plano de lutas real, com um processo organizado e consequente que pudesse chegar a uma greve por tempo indeterminado, única medida capaz de barrar o plano do BB.

O pressuposto político desse plano é o entendimento do atual projeto em aplicação no BB, a sua gestão privatista. O PFG é parte desse projeto, visando reduzir custos trabalhistas, contribuições para CASSI e PREVI, além de sobrecarregar os funcionários com as mesmas metas numa jornada menor. Não é preciso vender ações do BB para tratá-lo como banco privado, a atual gestão já faz isso e constatamos o resultado todos os dias: metas, assédio moral, adoecimento físico e psicológico, etc. Para barrar o PFG seria preciso envolver o conjunto do funcionalismo, e para isso seriam necessários passos como:

- reuniões nos locais de trabalho;

- publicação de um material explicando o plano e sua relação com o projeto de gestão em aplicação no BB;

- reunião de delegados sindicais para organizar a base;

- plenária nas regionais;

- novas assembleias para avaliar o movimento;

- colocar em pauta a volta do PCS pré-1998;

Foi essa política que nós do Coletivo Bancários de Base – SP / FNOB defendemos na assembleia de São Paulo*. Infelizmente, todas as demais correntes, mesmo aquelas que se reivindicam oposição, como MNOB e Intersindical, defenderam o calendário da Articulação. Numa assembleia ultra-esvaziada, foi aprovada a paralisação de 24h, e mais grave do que isso, nem sequer foi discutido um plano de lutas que desse novo fôlego ao enfrentamento. A assembleia era o momento crucial para relançar a mobilização e ter alguma chance de construir a luta contra o PFG. A assembleia não teria forças para aprovar uma paralisação, mas se aprovasse um plano de lutas, ainda que a diretoria não o encaminhasse como deve, isso daria tempo e fôlego para que as correntes de oposição construíssem a mobilização na base. As demais correntes de oposição não entenderam dessa forma e defenderam o plano da articulação. Com isso, a paralisação de 24h no dia 30/04 aconteceu e foi mais frágil que a de 07/03. Não há perspectiva de continuidade e melancolicamente se encerrou a luta contra o PFG.

A Articulação parte agora para os Congressos que “organizam” a campanha salarial, em que o PFG vai se transformar em mais uma das infinitas pendências (reposição de perdas, isonomia, substituições, CASSI, PREVI, etc.) que nunca são levadas à mesa de negociação e nunca se tornam foco da greve. Diante disso, seguimos defendendo a necessidade de lutar contra o plano do BB, relacionando esse plano com o projeto geral e a gestão privatista em aplicação. Seguiremos lutando na medida das nossas forças para manter a base mobilizada contra o PFG.

*Segue abaixo cópia do panfleto com a proposta de plano de lutas que apresentamos na assembleia do dia 29:

POR UM PLANO DE LUTAS QUE TENHA REAIS CONDIÇÕES DE DERROTAR O BB!
SOMOS CONTRA MAIS UMA PARALISAÇÃO DE 24H! ESSA TÁTICA JÁ SE MOSTROU DERROTADA, O BB NEM SEGUER NEGOCIOU!
DEFENDEMOS UM PLANO DE LUTAS QUE POSSA ENVOLVER TODO O FUNCIONALISMO:

*Imediatamente:
- Iniciar já as ações coletivas deliberadas em 25/02;
- Edição especial do Espelho relacionando o plano com o projeto em vigor no BB: metas, assédio, adoecimento, etc;
- Reuniões em todas as agências e departamentos, mostrando que o plano afeto todos os funcionários;

* Dia 7/05 Reunião de delegados sindicais para organizar a base e levantar propostas de luta;
* Dia 15/05 Plenárias nas regionais;
* Dia 22/05 Assembleia para avaliar o movimento e aprovar indicativo de greve;
* Dia 29/05 Nova assembléia para referendar a Greve por Tempo Indeterminado até a retirada do plano!

* Durante o movimento, retomar a luta pelo PCS vigente até 1998: anuênio, licença prêmio, interstícios de 12% e 16%, férias de 35 dias, etc.!

O PLANO É PARTE DA GESTÃO PRIVATISTA QUE AFETA TODOS!

Mesmo depois de meses da sua implantação a adesão ao Plano de Funções está abaixo de 30%, o que mostra que o plano é um fracasso. Mas para derrotar de vez o plano é preciso um movimento unificado que envolva todo o funcionalismo. Já tivemos paralisações de 24h em São Paulo e outros estados, paralisações parciais e manifestações de diversos tipos. Está claro que o plano só será derrotado por uma greve nacional por tempo indeterminado!
Mas para construir uma greve nacional é preciso mais do que ficar convocando uma paralisação de 24h por mês, como está fazendo a direção do Sindicato. Uma greve não pode ser decretada, precisa ser construída. Assim como faz nas campanhas salariais, a direção do sindicato coloca tudo de cabeça para baixo. A greve não pode ser o ponto de partida, deve ser o ponto de chegada de um processo de mobilização, a máxima demonstração de força de trabalhadores!
Para chegar a uma greve que tenha reais condições de derrotar o Plano é preciso realizar um amplo trabalho de mobilização, com as medidas que expomos no verso, que envolvam o conjunto do funcionalismo, não apenas assistentes, mas caixas, escriturários, atendentes, analistas, etc. Mas para isso é preciso mostrar que o Plano afeta a todos. De saída, como se trata de redução e congelamento salarial, ele reduz a contribuição patronal e funcional para CASSI e PREVI, com grave impactos futuros.
Mais importante do que isso, é preciso mostrar que o Plano não é produto do desatino de alguns diretores, mas é parte do projeto privatista que está em aplicação nos bancos públicos, nos governos do PSDB e do PT. Não é preciso vender ações do BB para tratá-lo como um banco privado, a atual gestão já faz isso! Todos os dias todos os funcionários sofrem as consequências dessa gestão privatista: desrespeito aos clientes, cobrança de metas, assédio moral sistemático e institucionalizado como forma de gestão, rebaixamento dos salários, direitos e benefícios, sobrecarga de serviço, falta de condições de trabalho, adoecimento físico e psicológico, etc. Essas são as verdadeiras razões que podem levar os o conjunto dos funcionários à luta!

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