Texto contra o plano de funções do Banco do Brasil e sobre a campanha contra a perseguição política nos bancos públicos.
ORGANIZAR A BASE PARA A RESISTÊNCIA CONTRA O PLANO DE FUNÇÕES!
Desde janeiro o BB está tentando impor um novo Plano de Funções que visa reduzir a jornada de diversos cargos para 6 horas (o que está na CLT), mas com redução do salário, e sem o pagamento da 7ª e 8ª horas dos anos anteriores devidas pelo BB, que muitos já vinham ganhando na justiça. Mesmo depois de meses a maioria dos funcionários que são público alvo ainda não aderiram, nesse sentido, o Plano é um fracasso!
Mas para que o plano seja definitivamente derrotado e retirado pelo BB, é preciso muito mais do que a resistência isolada de milhares de trabalhadores, é preciso um movimento forte e unificado de todo o funcionalismo! A direção do Sindicato precisa deixar claro se está contra o Plano ou não. Já não estamos mais no momento de discutir ou de explicar o Plano aos funcionários, nem de negociar com o BB a sua aplicação, é hora de lutar contra ele! Já tivemos paralisações de 24 horas em São Paulo e outros locais do país, além de atos e protestos diversos, mas isso ainda não foi suficiente. Está claro que o plano somente será derrotado por meio de uma Greve Nacional por Tempo Indeterminado de Todos os Trabalhadores do Banco do Brasil!
Ao invés disso, a direção do movimento sindical, centralizada pela Contraf-CUT, está chamando mais uma paralisação de 24 horas para o dia 30/04. Discordamos radicalmente dessa proposta por dois motivos: primeiro, como dissemos, mais uma paralisação de 24 hs é insuficiente para derrotar o plano; e segundo, uma paralisação não pode ser decretada de cima para baixo pelos dirigentes da Contraf-CUT!Os dirigentes estão colocando as coisas de cabeça para baixo, assim como fazem nas campanhas salariais. Uma greve não pode ser o ponto de partida, deve ser o ponto de chegada, o ato final de um processo de mobilização, a máxima demonstração de força dos trabalhadores! Uma greve precisa ser construída e deve ser resultado final de um plano de lutas! Para ter reais condições de derrotar o Plano é preciso envolver todo o conjunto do funcionalismo, não só os assistentes, mas também caixas, escriturários, atendentes, analistas, etc. E para envolver o conjunto do funcionalismo, é preciso deixar claro que o Plano afeta todos, pois ao reduzir e congelar salários reduz a contribuição patronal e funcional para CASSI e PREVI, com graves impactos futuros. Mais do que isso, o Plano não é simplesmente produto do desatino de alguns diretores, é parte de um projeto geral está sendo aplicado nos bancos públicos. Esse projeto é responsável pela gestão privatista, que trata os bancos públicos como bancos comerciais. Não é preciso vender as ações do BB para tratá-lo como um banco privado, a atual gestão já faz isso! No nosso dia a dia esse tipo de gestão resulta em desrespeito aos clientes, cobrança de metas, assédio moral sistemático e institucionalizado como forma de gestão, rebaixamento dos salários, direitos e benefícios, sobrecarga de serviço, falta de condições de trabalho, adoecimento, etc. Todos os funcionários, todos os dias, sentem as consequências desse projeto. Esse projeto atinge todo o conjunto do funcionalismo e portanto a luta contra ele e contra o Plano é uma luta de todos!
Como parte desse processo de luta, é dever do Sindicato realizar reuniões em todas as agências e locais de trabalho, explicando porque o plano não serve, sua vinculação com o projeto geral, a gestão privatista e a necessidade de derrotá-lo. É para isso que existe o Sindicato, que tem dezenas de diretores, funcionários, gráfica, etc.! É preciso lançar boletins e cartilhas, realizar seminários, reuniões de delegados sindicais, plenárias e assembleias, até envolver o conjunto do funcionalismo e criar reais condições de derrotar o Plano!
O Plano somente foi lançado porque, no encerramento da campanha salarial passada, os representantes da Contraf-CUT deram carta branca ao BB para apresentar uma proposta relativa à questão da jornada de 6 horas. Em lugar de uma proposta que respondesse aos anseios dos funcionários veio esse Plano, que é mais um ataque! É preciso resgatar a verdadeira reivindicação dos funcionários: jornada de 6 horas para todos e sem redução de salários! Pagamento da 7ª e 8ª horas e 50% de horas extras devidas pelos anos anteriores!Da mesma forma, é preciso colocar em pauta as demais reivindicações dos funcionários do BB que ano após ano, campanha após campanha, são “esquecidas” pelos dirigentes sindicais da Contraf-CUT: reposição de perdas acumuladas, isonomia entre funcionários novos, antigos e incorporados, garantindo-se o que for mais vantajoso para o trabalhador, fim da lateralidade e volta do pagamento das substituições, por um verdadeiro Plano de Cargos e Salários, volta dos interstícios de 12 e 16%, anulação da reforma estatutária da CASSI de 2007 e pagamento da dívida do BB, direitos do Plano 1 da PREVI para todos, etc.
A direção do sindicato deve encaminhar as deliberações da assembleia de 25/02 e formar os grupos homogêneos para ações coletivas!No Pará, graças a uma ação judicial do sindicato local (que também é da CUT), o plano foi anulado, os funcionários foram “desmigrados” para a carreira antiga e novas adesões foram bloqueadas no sistema. O mesmo resultado tem que ser obtido por sindicatos maiores e mais fortes como o de São Paulo!
Por último, ressaltamos que esse método de fazer negociações e decidir sobre paralisações em reuniões entre quatro paredes na cúpula das centrais sindicais é uma aplicação do Acordo Coletivo Especial (ACE), antes mesmo de ser aprovado. Esse acordo permitirá que os sindicatos assinem acordos abaixo do que está garantido na CLT (o que já é possível pela lei atual), mas sem sequer passar por assembleia! Por isso é uma questão de princípio para os trabalhadores impedir a aprovação do ACE e lutar contra os métodos de decisão pela cúpula, resgatando a soberania da base e das assembleias!
CAMPANHA CONTRA A PERSEGUIÇÃO POLÍTICA NOS BANCOS PÚBLICOS
No dia 9 de abril foram realizados atos de protesto contra a perseguição política no Banco do Brasil, em frente aos prédios do SAC e da Verbo Divino. Participaram dos atos diversos coletivos que atuam na categoria bancária, como Bancários de Base, Uma Classe, MNOB, PCO, além de representantes de outras categorias. Os atos fazem parte de uma campanha contra a repressão nos bancos públicos, que já teve um ato semelhante no dia 27, na avenida paulista, contra a demissão do companheiro Messias, militante histórico da Caixa Econômica na região de Osasco.
Infelizmente, em nenhum desses atos houve a participação de representantes das entidades como o Sindicato dos Bancários e a APCEF, apesar dessas atividades terem sido deliberadas em reuniões amplas realizadas nas sedes dessas entidades e com a presença dos seus dirigentes. A direção do Sindicato preferiu fazer um ato em separado, no dia 17, contra o assédio moral. Consideramos um erro essa postura da direção do Sindicato de não participar das atividades unificadas, e também a postura de tratar a perseguição política como ataques isolados.
Entendemos que tanto a demissão do companheiro Messias na CEF como a onda de processos administrativos no Banco do Brasil (entre os prédios do SAC e da Verbo Divino temos a notícia de 15 trabalhadores respondendo a processos administrativos, por “coincidência”, todo delegados sindicais, militantes e ativistas que tentam organizar os colegas para resistir a abusos do banco) não são fatos isolados, mas são parte de um projeto geral para os bancos públicos, tentando impedir que haja resistência.
E isso é parte de uma ofensiva geral contra a as lutas dos trabalhadores no Brasil, com reflexos em diversas outras categorias. Trabalhadores da construção civil nas obras do PAC, trabalhadores sem teto, estudantes da USP, UNIFESP, etc., todos estão sendo vítimas de prisões, expulsões, processos, etc. Está em curso no país uma ofensiva do governo, dos patrões e da mídia para dizer que o país está imune à crise, todos vão receber sua parte no “progresso”, etc., quando na verdade há muitos problemas, e aqueles que se atrevem a denunciar os problemas estão sendo tratados como criminosos.
A campanha contra repressão nos bancos públicos vai continuar, pois não podemos aceitar esse tratamento de criminosos, idêntico ao que se fazia na ditadura militar. Devemos seguir dennciando a repressão e lutando pelo direito de organização dos trabalhadores. E quanto mais unificadas forem as lutas dos bancários, do BB e CEF, públicos e privados, bancários e demais categorias, mais chances teremos de vitórias!
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