quarta-feira, 2 de abril de 2014

Nota de esclarecimento sobre a divisão na APCEF-SP



 
É inegável que, nas últimas greves, os bancários da Caixa estiveram na linha de frente das lutas dos bancários. Em mais de uma oportunidade, nossas greves permaneceram mesmo após o recuo imposto ao restante da categoria pela direção do Sindicato e da Contraf/CUT. A direção já foi derrotada em assembleias diversas vezes, e a maior parte dos ativistas nas passeatas e nos piquetes vem da Caixa.
Nas eleições para a APCEF é onde a oposição mais se aproxima de vencer a chapa 1 (amiga dos banqueiros), apesar da constante manipulação e recorrentes fraudes do PT.
Recuperar a APCEF para a luta, seria uma alavanca e tanto para podermos impulsionar a luta e retomar o próprio Sindicato em SP para os trabalhadores.
Num momento em que o oposição em SP conseguiu construir uma chapa unificada para o Sindicato, a unidade classista  da oposição na APCEF deveria ser um desdobramento natural.
A divisão da oposição em duas chapas, por esse motivo, é um resultado a se lamentar.
Nós que compomos a chapa 3 estamos convencidos a apresentar à categoria uma proposta de chapa coerente para levar adiante a unidade real que foi possível construir especialmente na atuação da oposição na última greve.
Para nós era evidente que uma unidade desse tipo deve partir das tarefas e exigências impostas pela própria realidade. Assim como os trabalhadores saem em greve como resposta às condições a que são submetidos (e não pelo desejo inato de ser grevistas), do mesmo modo a defesa dos lutadores se impões como uma tarefa central pelo próprio fato dos ataques patronais à organização da nossa classe, e a nosso direito de resistir e lutar.
O próprio Avante Bancários, que assina esta nota, não caiu do céu, nem foi fruto de qualquer acordo prévio entre os ativistas e correntes que o integram hoje. Pelo contrário, o que nos uniu foi a necessidade de unir todas as forças da oposição em torno da luta contra a demissão do companheiro Messias no ano passado - um ataque que, na Caixa, só encontraria precedente há cerca de vinte anos. 
Para os trabalhadores da Caixa, a resposta mais contundente à direção da empresa seria mostrar que não só conseguimos cerrar fileiras para impedir essa demissão política de uma liderança histórica da categoria, como também nos unimos para, usando essa luta como símbolo, nos levantar em defesa de todos os bancários da base e - por que não? - de toda a população pobre que enfrenta a discriminação enraizada no modelo de empresa que a atual gestão vem impondo cada vez mais. 
Lamentamos que os companheiros do PSTU, depois de haver rompido a unidade de todos os setores de forma brusca, colocando seus interesses particulares de corrente acima das necessidades da luta e da unidade, tentem justificar essa ruptura desqualificando o companheiro Messias, que é parte do Avante, com o pretexto de que ele individualmente não esteja na chapa do Sindicato. 
Nossa chapa 3 continua afirmando a necessidade de unir toda a oposição e toda a base dos bancários da Caixa na luta contra a burocracia do PT/CUT, que é o principal freio para derrotarmos nossos verdadeiros inimigos, que são os patrões e seus governos. 
Para trazer de volta as nossas entidades para a luta dos trabalhadores, vote:
NO SINDICATO: vote CHAPA 2 - OPOSIÇÃO INDEPENDENTE
NA APCEF: vote CHAPA 3 - OPOSIÇÃO ALTERNATIVA 

terça-feira, 1 de abril de 2014

2º Panfleto da chapa no sindicato




GARIS 37% x 8% CONTRAF/CUT



PARA CONQUISTAR VITÓRIAS, VARRER OS PELEGOS DO NOSSO SINDICATO



Os garis do Rio de Janeiro deram um grande exemplo a todos os trabalhadores do país. Em uma greve que enfrentou a prefeitura, a grande mídia e seu próprio sindicato pelego, conquistaram 37% de reajuste (eles pediam 40%), aumento no vale refeição de R$ 12 para R$ 20 e 40% de adicional de insalubridade.



O novo valor do piso dos garis (R$ 1.100,00) maior que o piso de ingresso de um bancário de portaria, contínuo ou servente (R$ 1.048,91) e bem próximo do piso de um escriturário ou caixa (R$ 1.503,32). Se considerarmos os 40% de insalubridade, o piso dos garis (R$ 1.540,00) supera os pisos de ingresso da categoria bancária. Se falarmos, então, dos trabalhadores terceirizados que prestam serviço de limpeza para os bancos e que não são considerados bancários, a disparidade é muito maior.



Os bancários fazem greve, todos os anos, desde 2003 e têm enfrentado dificuldades semelhantes às dos garis. O roteiro é sempre o mesmo, assim como o resultado: um aumento de 1 a 1,5% acima da inflação. Para a atual diretoria do Sindicato, isso é uma grande vitória. Mas para os bancários a vida está cada vez mais difícil: a média salarial está caindo e as condições de trabalho são cada vez piores.



Os bancários precisam seguir o exemplo dos garis. A única forma de obter conquistas significativas é apostando na mobilização da categoria, coisa que o pessoal da Chapa 1 não faz. Isso acontece porque eles são parceiros dos bancos e não dos bancários. É preciso mudar, é possível vencer: para isso, precisamos de muita mobilização e de uma nova direção para o nosso sindicato.






ACABAR COM A DITADURA NOS BANCOS PRIVADOS



A chapa 1 fica fazendo propaganda que tem gente de todos os bancos na sua composição. Mas não explica para os bancários por que os colegas dos bancos privados não podem estar na Chapa 2, de Oposição.



No interior dos bancos privados, vivemos uma verdadeira ditadura. Para a chapa 1 é fácil – além de ser amiga dos banqueiros, ela é composta por diretores liberados e com estabilidade, que há anos não sabem o que é trabalhar num banco. Mas o bancário que expressa sua simpatia pela oposição ou faz críticas ao banco, tem que enfrentar o medo de perder seu emprego.



Por isso a chapa de oposição não tem colegas de bancos privados no seu interior. Para enfrentar esta questão, nosso compromisso, caso sejamos eleitos, é realizar uma assembleia depois de 30 dias da posse compondo metade da diretoria com colegas de bancos privados.



Ao contrário da chapa 1, que está muito feliz com a situação atual, nós da chapa 2 lutaremos por estabilidade no emprego e pela garantia de delegados sindicais nos bancos privados, como já existe hoje nos bancos públicos, para que todos os bancários tenham a liberdade de expressar suas opiniões sem colocar em risco seus empregos.






BRADESCO, ITAÚ, SANTANDER E HSBC: CAMPEÕES DO ASSÉDIO MORAL E PRESSÃO POR METAS






A CHAPA 1 – AMIGA DOS BANQUEIROS – É CÚMPLICE DESSA SITUAÇÃO






Quem trabalha no dia a dia está cansado de saber: os mesmos bancos que fazem campanha na TV sobre qualidade de vida, são os que massacram os trabalhadores com uma pressão cada vez maior. Nas agências e departamentos, o capitalismo selvagem impera. Trabalhadores consumidos pela quantidade diária de serviço, por chefias que são cobradas e cobram de forma inescrupulosa.



O que importa é apenas manter os recordes de lucros, sem se importar com o ser humano, que é tratado como uma peça de engrenagem.



Com o Sindicato que temos hoje, que é amigo do Bradesco, do Itaú e cia., os bancos deitam e rolam.



Todo ano muita gente é demitida, e quem ficou tem que se virar para dar conta do recado, do contrário entra na próxima lista dos que vão pra rua.



Resultado: não tem intervalo, a chefia grita o tempo todo e chama a atenção dos funcionários na frente de todo mundo. O estresse e a pressão empurram o pessoal pro “tarja preta”, e pro INSS...



Com o pessoal da Chapa 1 – a chapa parceira dos banqueiros - esse quadro não tem como mudar. Eles são amigos dos patrões e comemoram junto com eles os lucros que são obtidos à custa da nossa saúde e nosso suor.



Já passou a hora de darmos um basta nessa situação. Vote na Chapa 2 – a chapa independente do governo e dos banqueiros - para lutar seriamente pelo fim das metas e do assédio moral.









ESTABILIDADE NO EMPREGA SE CONQUISTA NA LUTA





Todos os anos, no final da campanha salarial, a direção do sindicato diz que o acordo é uma vitória, que o aumento é o que foi possível conquistar, que a luta chegou ao seu limite, etc. Mas na verdade nem sequer começamos a lutar como seria necessário. Para que haja uma luta real contra os bancos, por melhores salários e condições de trabalho, é preciso que haja antes uma outra luta: pela estabilidade no emprego. Este ponto deveria ser um dos principais pontos de pauta em todas as campanhas salariais. A garantia de que não haverá demissões é essencial para que, em cada local de trabalho, os bancários possam organizar uma luta séria contra o assédio moral, o excesso de serviço, etc., e para que tenhamos campanhas salariais que realmente enfrentem os bancos. Como não quer lutar de fato contra os bancos, a chapa 1 esconde a questão da estabilidade para debaixo do tapete. O resultado é que as demissões continuam (em 2013 Bradesco, Itaú, Santander, HSBC e Banco do Brasil demitiram pelo menos 23.500 trabalhadores no país). A direção do sindicato, que agora é a chapa 1, não organizou nem a luta para barrar as demissões, nem para reintegrar os demitidos. Com isso, continuam as ameaças todos os dias. O principal argumento dos gestores para impor as metas e sobrecarga de serviço é a ameaça de demissão, explícita ou implícita. A greve dos garis no Rio conseguiu não apenas o aumento, mas a garantia de que ninguém será demitido. Prova de que com organização e luta é possível sim conquistar vitórias verdadeiras.







Panfleto da chapa de oposição no sindicato


CHAPA 2: OPOSIÇÃO INDEPENDENTE DOS GOVERNOS E BANQUEIROS

É PRECISO MUDAR, É POSSÍVEL VENCER

TRAZER O SINDICATO DE VOLTA PARA A LUTA CONTRA OS BANCOS, O GOVERNO E OS PATRÕES!


O grupo da atual diretoria está na direção do sindicato há 35 anos. Dizem que nesse período só houve vitórias e a vida dos bancários está sempre melhorando.

Todos nós sabemos que isso não é verdade! No seu dia a dia, os bancários enfrentam, cada vez mais, demissões, assédio moral, excesso de serviço, adoecimento físico e psicológico, arrocho salarial, precarização do trabalho, terceirizações, etc. Somos obrigados a trabalhar mais, por causa da pressão das metas, porque a maior parte da remuneração está ligada aos resultados. Seja através das comissões ou da PLR, os bancários são levados a acreditar que precisam conseguir resultados cada vez maiores para ganhar um pouco mais.

Com o excesso de serviço e de cobranças, a situação está na verdade piorando, mas a direção do sindicato precisa dizer o contrário, porque este grupo tem um lado, e não é o dos bancários: eles pertencem ao PT, partido que garante a dominação dos banqueiros e grandes empresários no país há mais de uma década.

Os banqueiros nunca tiveram lucros tão altos como nos governos de Lula e Dilma; e o PT está na direção dos bancos públicos, onde a lógica do lucro a qualquer custo também é aplicada. Assim como explora a nós, bancários, o sistema financeiro explora o conjunto da população através de tarifas, juros, venda casada.

Além disso, o sistema financeiro e os especuladores nacionais e internacionais consomem praticamente metade do orçamento do país com o pagamento dos juros da dívida pública, que é obedecido religiosamente pelos governos do PT. Com o PSDB e outros partidos não seria diferente: basta ver o que fazem nos governos estaduais.

Para termos melhores salários e condições de trabalho nos bancos, precisamos associar nossas lutas à do conjunto da população, por educação, saúde, transporte, moradia, segurança, contra a corrupção e os gastos absurdos com as obras da Copa. Precisamos mostrar que se trata de uma mesma luta, que tem como seu principal inimigo o sistema financeiro e seus representantes, como o PT, que está na direção do governo federal, dos bancos públicos e dos sindicatos. Para dar impulso a essa luta, precisamos de uma nova direção no sindicato! É por isso que pedimos seu apoio e seu voto para a chapa 2!



A JUVENTUDE E OS TRABALHADORES NAS RUAS MOSTRAM O CAMINHO

As mobilizações de junho de 2013, com milhões de pessoas nas ruas, mudaram a situação do país. O governo e todos os partidos patronais vêm tentando surfar nessa onda com promessas demagógicas, ao mesmo tempo em que reprimem as manifestações. No entanto, o povo sabe que a situação continua a mesma, e é por isso que as manifestações vieram para ficar. As pessoas aprenderam que é possível mudar sua realidade através da luta.

Como essas mobilizações se chocam com os governos e com os interesses da grande patronal que eles defendem, a postura das direções sindicais tradicionais, como a CUT, a Força Sindical, etc., tem sido de frear as lutas das diversas categorias e impedir sua unificação com o processo mais geral que acontece no país.

Várias categorias seguiram o exemplo das grandes manifestações, e saíram às ruas para conquistar seus direitos e melhorias reais em suas condições de vida. Os professores do RJ, já no ano passado, mostraram o potencial das lutas dos trabalhadores para ganhar o apoio ativo da mesma juventude que protagonizou as manifestações de junho. Neste ano, os rodoviários de Porto Alegre e, agora em pleno carnaval, os garis do Rio, fizeram greves históricas, sendo que, nesses casos, os trabalhadores tomaram a luta em suas mãos, passando por cima da orientação das direções sindicais pelegas, apontando um caminho de mobilização independente da classe trabalhadora. Em todas essas lutas, a CUT foi a grande ausente.

Agora, com a proximidade da Copa, a juventude e os trabalhadores prometem mais mobilizações, que denunciam os gastos do governo para agradar a FIFA e carregam todo o descontentamento com o atual estado dos serviços públicos no país (saúde, educação, transportes, moradia, etc.). Os bancários, que possuem uma grande história de lutas, precisam ser parte dessa mobilização e assumir seu papel na luta pela transformação da sociedade. Por isso, não queremos apenas seu voto. Precisamos de você na luta.



METAS, ASSÉDIO MORAL E ADOECIMENTO: COMO ACABAR COM ESTA PRAGA?

Todo mundo sabe que um dos maiores problemas da nossa categoria, tanto nos bancos públicos como nos privados, é a questão das condições de trabalho, que enlouquecem os bancários nas agências e departamentos, e levam um grande número a problemas de saúde, tanto físicos quanto psicológicos.

A direção do Sindicato fala contra as “metas abusivas”, como se isso fosse resposta. Mas a questão que fica é: como determinar se uma meta é “abusiva”? E quem vai determinar isso? Afinal de contas, é claro que os banqueiros nunca vão reconhecer que as suas metas são abusivas. Para eles, cuja única lei é o lucro, a nossa saúde que se exploda, literalmente.

A direção atual do Sindicato não pode sair dessa armadilha, porque quer dar uma resposta à categoria sem tocar no lucro dos banqueiros.

Por isso, dizemos com todas as letras: a luta dos bancários tem que ser pelo fim total das metas. Cada trabalhador sabe fazer seu trabalho, e oferecer à população os serviços que de fato precisa, sem imposição de metas que trazem apenas estresse para a categoria, e serviços indesejados para os clientes (através da “venda casada”, etc.).

Alguns podem dizer: “mas se o meu banco não tiver metas, vai perder na competição com os outros bancos, e meu próprio emprego pode ficar em risco”.

É por isso que também precisamos resgatar a bandeira histórica da categoria bancária: para dar fim à competição desenfreada entre os monopólios do mercado financeiro, nossa resposta tem que ser a estatização do conjunto do sistema financeiro, sob controle dos trabalhadores, com a criação de um banco estatal único para fornecer serviços e crédito barato para a população trabalhadora e o pequeno produtor, sem a preocupação com o lucro.



PELO FIM DA PRECARIZAÇÃO, EM DEFESA DOS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS

Como em todos os principais ramos da economia, nos bancos não é diferente: uma grande parte, e cada vez maior, do serviço é feito por trabalhadores que não possuem os mesmos salários e direitos do restante da categoria. Além de receberem salários de miséria, têm que suportar condições ainda piores que as nossas, sem segurança no trabalho nem treinamento adequado.

Em geral, a terceirização acontece de duas formas principais: por um lado, em departamentos separados, nas Lotéricas, Banco Postal ou “correspondentes”. De outro lado, dentro das agências e departamentos naquelas tarefas consideradas como “atividades-meio”, mas que são completamente essenciais ao seu funcionamento, como os serviços de limpeza e vigilância, as copeiras ou telefonistas.

Consideramos importante a campanha para barrar o projeto de lei 4330, de Sandro Mabel (PMDB), que ameaça ampliar a terceirização indiscriminadamente, mas barrar esse projeto está muito longe de ser suficiente, pois não altera a situação dos milhões de trabalhadores terceirizados que já suportam condições precárias.

Essa divisão da classe trabalhadora só enfraquece nossas lutas, pois mesmo quando nós paralisamos, grande parte do serviço continua sendo feito por eles. A luta por iguais salários e direitos para todos, e pela efetivação imediata dos terceirizados nas empresas em que realmente trabalham, é uma tarefa essencial para reconquistar a unidade da classe na luta por nossas reivindicações.



ORGANIZAR AS MULHERES CONTRA O MACHISMO E A EXPLORAÇÃO

A discriminação das mulheres é utilizada pelos patrões para melhor explorar um setor, que hoje é metade da classe trabalhadora, e para dividir a nossa classe. Como resultado, o machismo se expressa cada vez com mais força, embora tentem nos convencer do contrário, utilizando o fato de que algumas mulheres ocupam cargos de poder, como a presidente Dilma. A maior prova de que o machismo cresce é que, em nosso país, a violência mata 15 mulheres por dia. Nosso corpo continua sendo uma mercadoria e não temos qualquer direito de decidir sobre ele. A criminalização do aborto faz com que muitas mulheres morram em clínicas clandestinas.

Além da violência, nós bancárias, sofremos com a desigualdade salarial: recebemos, em média, 23,9% a menos que os homens. Em bancos públicos, onde o salário de ingresso é igual para todos, devido a concurso, vemos a desigualdade entre os sexos no fato de que as mulheres só são maioria até os postos de trabalho com remuneração até sete salários mínimos.

As doenças ocupacionais também atingem principalmente as mulheres, com 80% dos casos, devido ao trabalho extremamente repetitivo e fragmentado e à dupla jornada. O machismo impõe que as mulheres sejam responsáveis pelo cuidado com os filhos e, devido a isso, a falta de creches é uma das principais dificuldades para as mulheres trabalhadoras conseguirem um emprego ou se manterem nele. O auxílio creche é insuficiente. Por isso, defendemos seu aumento, além da garantia de creches em período integral nos locais de trabalho, uma reivindicação que a atual diretoria do Sindicato se coloca contra.

Já passou da hora de iniciarmos uma luta efetiva contra o machismo, pelos direitos das mulheres - e não apenas no mês de março como vem fazendo a atual diretoria do sindicato. Para organizar esta luta, criaremos a Secretaria de Mulheres como parte da Diretoria Executiva do Sindicato.



COMISSÃO VIROU CHANTAGEM. É HORA DE VALORIZAR OS SALÁRIOS!

Hoje em dia, todos os bancários sentem-se reféns das comissões ou funções. Isso acontece porque, com os baixíssimos salários que recebemos, é praticamente impossível sobreviver. As comissões e a PLR acabam compondo a maior parte da remuneração dos trabalhadores. Além disso, os critérios para determinar quem é comissionado são subjetivos. Para os banqueiros, é bom que seja assim, pois, desta forma, incentivam a competição e dividem a categoria. Por isso, somos contra a lógica da remuneração variável e a chantagem do comissionamento. Defendemos planos de carreira que valorizem o tempo de serviço e a incorporação das comissões aos salários. Para valorizar os salários, defendemos aumento do piso, reposição das perdas salariais, reajuste automático de acordo com a inflação e PLR linear, incorporada ao salário.



ESTABILIDADE NO EMPREGO PARA TODA A CATEGORIA

A alta rotatividade, principalmente nos bancos privados, é uma ameaça cotidiana aos bancários. O setor financeiro é o que mais lucra no país e, ainda assim, é dos que mais demitem seus trabalhadores, contratando outros com salários cada vez mais baixos. A alta rotatividade impede também a organização dos trabalhadores para lutar por seus direitos. Mesmo nos bancos públicos, não há estabilidade garantida por lei e, infelizmente, temos assistido, sob o governo do PT, a um aumento das demissões. Por isso é urgente a luta por estabilidade no emprego para todos os bancários.



PARA FORTALECER A LUTA, PRECISAMOS DE DEMOCRACIA

Como parte de seus compromissos com o governo e os interesses patronais, o grupo que dirige o Sindicato há décadas asfixiou a democracia, transformando a entidade em algo cuja finalidade não é a luta. O sindicato está longe dos bancários, ausente no dia a dia e não discute os problemas concretos. É visto por boa parte da categoria como um clube de convênios ou de prestação de serviços, que numa determinada época do ano negocia o reajuste salarial em nosso nome. Na campanha salarial nosso espaço é mínimo, a pauta é definida numa consulta com opções pré-determinadas, as assembleias são encenações teatrais em que somente os diretores falam e a base comparece para votar, sem poder se expressar.

A diretoria está tão confortável no controle da entidade que transformou o sindicato numa espécie de conglomerado empresarial, com gráfica (Bangraf), imobiliária (Bancoop), financeira (Bancredi), participação em agência jornalística (Agência Brasil), e está agora fundando uma faculdade.

Para manter seu controle e manter o sindicato afastado da luta, a diretoria restringe a democracia nas eleições: não há espaço igual para as duas chapas na Folha Bancária, não há liberação para os candidatos da oposição percorrerem os locais de trabalho, os prazos para inscrição da chapa e campanha são reduzidos, etc.

Para trazer o sindicato de volta para a luta, precisamos mudar sua estrutura, limitando o número de mandatos e estabelecendo o rodízio das liberações. Mas precisamos, sobretudo, da participação dos bancários, com reuniões, plenárias, assembleias, conselhos de delegados sindicais e representantes, inclusive nos bancos privados, que sejam deliberativos, para que os bancários se sintam em condições de tomar as lutas em suas mãos!


Contribuição ao seminário do Avante, Bancários!




APRESENTAÇÃO



Apresentamos a seguir a contribuição do coletivo Bancários de Base – SP ao seminário do Avante, Bancários! Essa contribuição se divide em quatro partes:

No primeiro ponto, apresentamos um breve histórico e balanço do que foi o Avante, Bancários! desde os processos iniciais que levariam à sua formação até o momento que precede a realização do seminário.

Na segunda parte, o núcleo dessa contribuição, apresentamos nossa proposta para um Manifesto ou Carta de Princípios do Avante, Bancários! Essa proposta é precedida de uma fundamentação teórica onde pontuamos nossa visão do momento histórico, da realidade mundial e nacional, do governo do PT e sua relação com o capital financeiro e os movimentos sociais (em especial o sindical), e da situação da categoria bancária. Essa fundamentação não será objeto de votação nem será incorporada à Carta de Princípios, mas está presente com o objetivo de expor a lógica de nossa intervenção e o sentido por trás das propostas que apresentamos, de maneira a facilitar o entendimento e o posicionamento dos demais.

Na terceira parte debatemos as tarefas imediatas que teremos no primeiro semestre, como a preparação da campanha salarial e as diversas eleições com que estará defrontada a categoria bancária.

No último ponto, listamos as propostas relativas ao funcionamento do Avante, Bancários!



1. HISTÓRICO E BALANÇO



Os antecedentes do Avante, Bancários! estão na campanha contra a demissão do companheiro Messias, já em fins de 2012. Naquele momento, vários dos coletivos e militantes participaram das reuniões que pressionaram as entidades sindicais e associativas dos funcionários da CEF a agir contra a demissão, e participaram dos atos públicos de denúncia da CEF. No momento seguinte, os integrantes desses coletivos voltaram a se encontrar no CONECEF 2013, onde enfrentaram o rolo compressor da burocracia sindical da Articulação e seus satélites.

Já se evidenciava o peso desproporcional da CEF na composição desses agrupamentos, uma vez que o BB vive um momento de sucessivas derrotas e esvaziamento das lutas. Essa sequência negativa teve mais um episódio no próprio ano de 2013, quando o novo plano de funções enterrou a luta pela 7ª e 8ª h, com a indispensável colaboração da burocracia sindical governista e a despeito dos nossos esforços. Com isso, o BB segue sendo mais recuado nas lutas da categoria em relação à CEF.

O passo seguinte que viria resultar no que é hoje o Avante, Bancários! começou na plenária de 29 de junho, convocada pelo Bancários de Base. O projeto inicial era dar impulso à preparação da campanha salarial 2013. A partir da reunião inicial, constituiu-se uma espécie de frente informal entre diversos coletivos e ativistas, dando uma dinâmica nova e superior ao que tinha sido inicialmente proposto. No curso do processo, outras preocupações se incorporaram, como a tentativa de associar a preparação da campanha salarial da categoria ao importantíssimo processo de luta que se desenvolvia no país, que acabaria recebendo o nome de “jornadas de junho”. Até a deflagração da greve, vários panfletos foram editados estimulando a categoria bancária a romper com o roteiro das campanhas salariais dos anos anteriores, acompanhando o exemplo das outras lutas em curso.

A mudança na conjuntura do país e a intervenção do Avante, Bancários! nas assembleias no período preparatório e na própria greve surtiram efeitos limitados na categoria, podendo ter levado a uma maior adesão e maior duração da greve, mas não a uma participação mais ativa na própria greve. Não houve base social mobilizada suficiente para tirar a greve do controle da burocracia sindical.

Na ausência de uma autêntica rebelião de base durante a greve, o Avante, Bancários! apostou na retomada dos piquetes na forma como devem ser feitos, com trancamento completo dos prédios. Essa tática surtiu algum efeito, causando incômodo real aos bancos, obrigando a burocracia e outros setores a se mover. Ainda assim, o controle burocrático sobre a campanha foi mantido. A mobilização dos bancos, em conjunto com a diretoria do sindicato, foi suficiente para levar às assembleias um número de gestores e fura greves maior do que o de grevistas, possibilitando assinar mais um acordo rebaixado e encerrar a campanha sem sequer começar a discutir as questões vitais da categoria.

A unidade alcançada nos piquetes mostrou um potencial importante de mobilização, sinalizando a possibilidade de construção de uma alternativa de oposição. No próprio curso da greve a ideia de explorar as possibilidades de continuidade do Avante, Bancários! se tornou consensual entre os participantes, levando à proposta de organização de um seminário.



2. PROGRAMA



2.1. Fundamentação



O Avante, Bancários! surge a partir do ajuntamento de diversos coletivos que já tinham um histórico e um acúmulo de concepções e atuação independentes anteriormente. Para que esses diversos coletivos possam ter uma atuação comum enquanto frente daqui por diante, precisamos identificar quais os pontos de acordo que existem e que podem ser defendidos por todos. Esses pontos formarão o “programa” do Avante, Bancários!, ou sua “Carta de Princípios” e de apresentação para a categoria. Convidaremos os bancários a se juntar a nós apresentando esses pontos comuns como sendo a base para que participem do coletivo.

Para se chegar a esses pontos comuns, cada coletivo apresentará as suas propostas. Para chegar a suas propostas, cada coletivo seguiu um percurso e adotou uma lógica, uma linha de pensamento. Apresentamos logo adiante, no ponto 2.7. as propostas do coletivo Bancários de Base, mas antes apresentamos os elementos de nossa compreensão da realidade, a partir dos quais chegamos a essas propostas de ação.

Não esperamos convencer os demais a pensar como nós. Numa frente como a que estamos construindo, não é necessário que haja unidade de pensamento para que haja unidade de ação. Apresentamos esses elementos de fundamentação para que os demais possam entender a lógica de nossas propostas, o porquê de defendermos as ideias que defendemos, qual o sentido da nossa intervenção. Mesmo após esse seminário e ao longo da nossa atuação conjunta, seguirão havendo diferenças entre os diversos coletivos e pontos que precisarão ser debatidos. O debate permanente, assim como a diferença de pensamento, repetimos, não é uma obstáculo para a ação conjunta. Mas para que esse debate seja construtivo, é fundamental que seja feito de maneira honesta e transparente.

É em nome dessa transparência que apresentamos um resumo das nossas concepções sobre a realidade da categoria bancária e da classe trabalhadora como um todo, em escala nacional e internacional, para que os demais coletivos e participantes do Avante, Bancários! entendam a lógica que orienta nossas propostas, para que possam se posicionar em relação a elas com maior clareza, tanto contra como a favor.



2.2. Pressupostos históricos



Vivemos hoje num cenário determinado pela convergência de duas crises: a crise estrutural do capital e a crise da alternativa socialista.

A crise estrutural do capital significa que o sistema atingiu o seu limite de expansão em escala global. As relações capitalistas se tornaram predominantes em todo o planeta, e não havendo fronteiras externas pra onde se expandir, o sistema precisa se expandir “internamente”, o que significa que as suas contradições se tornam cada vez mais agudas. No passado as crises do capitalismo exigiam uma imensa destruição para que o sistema voltasse a funcionar, como a destruição causada pelas Guerras Mundiais. Hoje, com armas nucleares, uma guerra mndial destruiria o planeta. Por isso, o capitalismo desloca suas contradições por meio de outras formas de destruição, ambiental, social, etc. Essa ausência de mecanismos “clássicos” de deslocamento de contradições é o que caracteriza a crise estrutural.

Nesse período histórico de crise estrutural, que se arrasta há várias décadas, as crises econômicas periódicas são cada vez mais graves, mais profundas e mais globais, como acabamos de presenciar a partir de 2008, e os períodos de recuperação são cada vez mais limitados, mais curtos e mais restritos a alguns países. Os sintomas dessa crise estrutural são a degradação ambiental (acelerada pela taxa de utilização decrescente das mercadorias e pela produção destrutiva que visa atender necessidades artificiais), o desemprego estrutural, a intensificação das rivalidades nacionais e das agressões imperialistas, o endividamento crônico de países, empresas e trabalhadores e a especulação desenfreada.

Ainda que o capitalismo esteja passando por esse momento de crise estrutural, a sua dominação permanece de pé devido à ausência de um projeto societário alternativo, fenômeno que denominamos de crise da alternativa socialista. Logo depois do fim da URSS e do Muro de Berlim, entre 1989-91, disseminou-se a ideia do “fim da história”, “fim do socialismo”, “fim das utopias”, etc. As novas gerações foram criadas com a ideia de que não há alternativa ao capitalismo.

Ainda que a URSS e os países que seguiam o seu “modelo” não possam ser considerados como exemplos de socialismo, a sua simples existência funcionava como contraposição ao capitalismo e sustentáculo da ideia de transformação e revolução. A luta contra o sistema era considerada viável e desejável. Depois da sua queda (as razões dessa queda e de porque o sistema vigente em tais países não podia ser considerado exemplo de socialismo excedem o alcance deste debate), consolidou-se a ideia contrária, de que o capitalismo iria durar eternamente e tudo o que se pode fazer é aperfeiçoá-lo ou “humanizá-lo”.

As organizações dos trabalhadores em todo o mundo, partidos, sindicatos, centrais e movimentos, abandonaram a perspectiva do socialismo e passaram alegremente para a colaboração de classe ou mesmo para a própria administração do capitalismo. Aderiram de malas e bagagens para a “democracia como valor universal”, o reformismo sem reformas, e todo tipo de ideologia pós-moderna.

Sem a perspectiva de uma luta ofensiva para transformar o sistema, os trabalhadores vivenciaram derrotas mesmo nas lutas defensivas, experimentando a degradação dos seus salários, direitos, condições de vida. Essas lutas defensivas foram abandonadas ou travadas em condições desvantajosas, sob a liderança de direções partidárias e sindicais comprometidas com a continuidade do capitalismo e a ocupação de posições intermediárias na gestão do sistema.

Viveu-se uma tremenda desacumulação de forças da classe trabalhadora. Houve um enorme esvaziamento dos partidos, sindicatos, movimentos, associações e coletivos. As greves, ocupações, ações diretas, piquetes, passaram para o descrédito. Os trabalhadores deixaram de acreditar em ações coletivas e passaram para a busca de soluções individuais. Tornaram-se moda filosofias irracionalistas, que negam a possibilidade de entender a totalidade do real e de intervir na história, fragmentando a cultura, a ciência, a arte, a ética, etc. O fundamentalismo religioso e o niilismo convivem lado a lado.

Sem um obstáculo à altura, por conta da prostração política dos trabalhadores, as chamadas políticas neoliberais (reestruturação produtiva, privatizações, desregulamentação, abertura comercial, “reformas” da previdência, fiscal, trabalhista, universitária, etc.) se tornaram padrão universal em todos os governos, tanto por parte dos partidos burgueses tradicionais quanto dos antigos partidos operários reformistas e burocráticos convertidos em gestores do sistema. Essas políticas aceleraram a transferência de recursos dos trabalhadores para o capital, conferindo uma sobrevida ao sistema, mas ao mesmo tempo aprofundando os problemas sociais.

Nas últimas décadas houve várias lutas que tentaram resistir aos ataques neoliberais, em especial a partir da crise de 2000-2001. O problema é que, nas condições da crise estrutural, mesmo as lutas defensivas para preservar empregos, salários, condições de trabalho, direitos e condições de vida em geral não serão bem sucedidas se forem travadas sem uma perspectiva ofensiva, revolucionária, de superação do sistema. As poucas conquistas e melhorias pontuais que podem ser obtidas em alguns setores e algumas categorias são de pouca duração e estão sob ataque constante da burguesia e do Estado. Não há possibilidade de reformas duradouras no sistema, de voltar ao antigo “wellfare state” que vigorou em alguns países, ou de atingí-lo onde nem sequer foi construído.

Mesmo as lutas defensivas se chocam hoje contra as margens estreitas de gestão que restaram ao Estado, cujo orçamento está comprometido com o serviço de dívidas infindáveis e o parasitismo do capital financeiro. Medidas como o não pagamento da dívida ou mais verbas para o serviço público se enfrentam com pilares do capitalismo. A única alternativa da luta por melhorias, se não quiser naufragar no pântano dos parlamentos, das ONGs, dos debates acadêmicos estéreis, etc., é colocar-se como uma luta contra o capitalismo, ou seja, é a revolução.



2.2. Situação mundial



A despeito do discurso dos ideólogos burgueses e de ex-organizações operárias, a história não acabou e o capitalismo não deixou de vivenciar crises cada vez mais graves, como acabamos de presenciar a partir de 2008. No momento imediato após esta crise, os trabalhadores foram surpreendidos por uma onda de demissões, reduções de salários, retirada de direitos, especialmente nos países imperialistas, e não apresentaram quase nenhuma resistência. Trilhões de dólares foram entregues pelos governos aos bancos e grandes empresas para reanimar a economia capitalista. As consequências de tamanha generosidade para com o capital foram o aumento explosivo do endividamento estatal, e para lidar com ele, as medidas de “austeridade” contra os trabalhadores, ou seja, cortes nos gastos sociais e sucateamento dos serviços públicos. Os resultados desses ataques se acumularam a ponto de fazer com que os trabalhadores começassem a reagir, a despeito da falta de organizações, perspectivas, consciência, liderança, projetos, etc., herdada do período anterior.

Lentamente, as respostas dos trabalhadores foram se avolumando, até explodirem a partir de 2011 numa série de movimentos como a Primavera Árabe, Indignados, Ocupar Wall Street, levante estudantil no Chile, greves gerais nos países “PIGSs”, revolta dos jovens em Londres, até mais recentemente a ocupação da praça Taksim em Istambul e as “jornadas de junho” no Brasil. Todas essas expressões multifacetadas de insatisfação com as consequências da crise e as opções dos governos de privilegiar o capital representam um recomeço da experiência histórica dos trabalhadores, que tinha sido truncada pelos retrocessos da década de 1990, como discutimos no ponto anterior.

Nesse momento de recomeço, os trabalhadores não têm sobre si o peso da derrota das gerações anteriores, pois não tiveram que conviver com o impacto histórico de 1989-91 e o discurso de “fim da história”, “fim do socialismo”, etc. Por outro lado, não têm o acúmulo das gerações anteriores em termos de consciência, programa, organização, que permitiriam a essas lutas dar saltos em direção à superação do capitalismo. Em outras palavras, não têm uma alternativa socialista que lhes permita lutar não apenas para derrubar os governantes de plantão, mas o próprio Estado, o sistema econômico e o conjunto da ordem social, substituindo-a de maneira revolucionária por um projeto socialista dos trabalhadores.

Nesse contexto, vivemos uma situação mundial de ascenso das lutas, marcada por importantes contradições, como a ausência do protagonismo dos setores organizados da classe trabalhadora e a ausência de um projeto socialista. Na falta dessa alternativa, as importantes lutas que caracterizam a nova situação mundial após 2011 ainda estão em aberto, podendo vir a ser dirigidas pela esquerda ou correndo o risco de serem cooptadas pelo imperialismo (casos da Líbia e da Síria, que ainda estão em aberto, repetimos), por correntes fundamentalistas religiosas (caso do Egito, que retrocedeu para a ditadura militar depois da experiência com a Irmandade Muçulmana), pelas burocracias sindicais e pelos velhos partidos sociais-democratas (caso da maioria dos países europeus), por correntes pós-modernas que recusam a organização e a luta pelo poder (caso dos Indignados e do Ocupar Wall Street), por alternativas eleitorais de direita (como pode acontecer no Brasil). Quando tudo isso falha para conter as lutas, a burguesia recorre a alternativas de ultra-direita, como o Tea Party nos Estados Unidos ou o Aurora Dourada na Grécia.

No primeiro momento após a crise os países periféricos de grande porte (os chamados BRICS) foram os responsáveis pela retomada do crescimento capitalista. Nos últimos dois anos, esses países têm diminuído seu ritmo e o crescimento volta para os países imperialistas. Mas trata-se de uma “jobless recovery”, como se diz nos Estados Unidos, ou seja, uma recuperação da economia sem geração de empregos. As empresas estão produzindo mais, com menos trabalhadores, o que significa aumento da exploração (produtividade, na linguagem dos economistas burgueses).

Em escala mundial, os trabalhadores que permanecem empregados se defrontam com o aumento da exploração na forma de uma precarização das contratações, aumento da carga de trabalho, da cobrança das chefias, do assédio moral, do adoecimento físico e psicológico. Ao mesmo tempo, quando precisam de serviços públicos, encontram uma estrutura sucateada pelos cortes do Estado, que tem seu orçamento subordinado às dívidas com o capital.

Essa recuperação lenta e sofrível da economia não alcançou os mesmos níveis de crescimento do período anterior à crise. Ao mesmo tempo, enfrenta crescente oposição dos trabalhadores contra o aumento da exploração e as medidas de austeridade. Quando sobrevier a próxima crise global, a burguesia terá que adotar as mesmas medidas de 2008, como demissões, pacotes trilionários de ajuda às empresas, corte de gastos do Estado, etc. Mas ao contrário de 2008, os trabalhadores terão acumulado a experiência das lutas dos últimos anos e estarão em melhores condições para resistir no plano imediato e reconstruir uma alternativa socialista.



2.3. Situação nacional



O Brasil vivencia o esgotamento do ciclo de governos pós-neoliberais típicos da última década na América Latina. O continente sulamericano foi um dos centros da luta de classes mundial por ocasião da crise capitalista anterior, em 2000/2001. Como resultado dessa crise, houve na região várias lutas, de caráter popular, camponês, estudantil, e operário em menor grau, as quais acabaram (dentro do quadro de crise da alternativa socialista), desviadas para alternativas eleitorais “de esquerda”.

Dessas alternativas eleitorais surgiram vários governos de retórica anti-neoliberal, alguns mais “radicais” ou capazes de enfrentamentos verbais com o imperialismo (caso de Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Correa no Equador), outros “moderados” ou abertamente pró-imperialistas (Lula e Dilma no Brasil, os Kirchner na Argentina, Michelle Bachelet no Chile), outros intermediários (Lugo no Paraguai, Vázquez e Mujica no Uruguai, Ortega na Nicarágua). Todos mantiveram os pilares fundamentais do capitalismo, a propriedade privada, o trabalho assalariado, a exploração, a entrega de riquezas naturais ao imperialismo, o pagamento das dívidas públicas, etc., mesmo quando falavam em “socialismo do século XXI”.

Esses governos se sustentaram com base no momento de alta dos preços das matérias primas (que os economistas chamam de “commodities”) no mercado mundial, como petróleo, gás natural, minérios, grãos, carne, etc., que se mantiveram em valores elevados ao longo do último ciclo de crescimento (2002/2007). Os altos preços desses produtos proporcionaram altas arrecadações para os governos, que puderam adotar medidas assistenciais paliativas de alívio parcial da miséria de grande parte das suas populações. Essas medidas limitadíssimas, em contraste com décadas ou séculos de abandono, apareceram como se fossem “revolucionárias”, resultando em aumento da popularidade desses governantes e sucessivas reeleições dos seus partidos. Os movimentos sociais que sustentaram a maior parte das lutas anti-neoliberais do período anterior foram cooptados por esses governos, ou perderam sua base social para os programas assistenciais, ou capitularam abertamente, e quando permaneceram em luta, passaram a enfrentar uma repressão feroz.

Esse operativo durou por quase uma década e enfrenta agora um claro processo de esgotamento, devido às instabilidades no mercado mundial de commodities a partir da crise, além de outas questões. No caso do Brasil, o esquema manteve algum fôlego ainda após a crise, sendo alavancado por um aumento explosivo do crédito, pelo endividamento dos trabalhadores, sucessivos pacotes de ajuda do governo às empresas (empréstimos a juros subsidiados, privatizações, isenção fiscal, obras públicas de infraestrutura em favor das empresas, etc.), sucateamento dos serviços públicos e arrocho do funcionalismo, especulação imobiliária, aproximação dos megaeventos esportivos, etc. Isso foi suficiente para que Lula elegesse sua sucessora em 2010, em pleno cenário de crise mundial. Ao mesmo tempo, a patronal agiu preventivamente, antecipando-se à chegada da crise no país, aplicando reestruturações nas empresas, aumento do volume de serviço, intensificação do trabalho, arrocho salarial, endurecimento da repressão.

O 1º mandato de Dilma seguiu a linha do período anterior, mas com uma progressiva deterioração do cenário econômico: aumento do endividamento público, aumento do déficit comercial, aumento da inflação. Ao mesmo tempo, o cenário social foi também piorando, com uma profunda insatisfação se acumulando subterraneamente em amplas camadas da população. As medidas da patronal de aumento da exploração e os cortes de gastos do governo, piorando os serviços públicos, levaram a uma degradação paulatina das condições de vida. Foram piorando a qualidade da educação pública, do atendimento nos hospitais, do transporte público, do trânsito nas grandes cidades, ao mesmo tempo em que a inflação corroía os salários, e o dia a dia no trabalho se tornava cada vez mais pesado e opressivo.

Isso foi gerando uma insatisfação que se acumulou gradativamente. Tal insatisfação já vinha se manifestando com um aumento das lutas e greves desde fins do segundo mandato de Lula. Em 2012 já houve uma quase greve geral do funcionalismo público federal. O aumento das lutas levou ao aumento da repressão, que se tornou cada vez mais brutal (desocupação da reitoria da USP em novembro de 2011, do bairro Pinheirinho em janeiro de 2012). Até que, em junho de 2013, a brutalidade da repressão sobre as manifestações (que atingiu estupidamente até mesmo jornalistas cuja função é precisamente difamar as manifestações e colocar o público contra elas) contra o aumento das passagens colocou a opinião pública a favor dos manifestantes.

A partir daí, uma onda de manifestações tomou conta do país, com milhões de pessoas indo às ruas em centenas de cidades. Aquela insatisfação difusa e longamente represada veio à tona, com diversos temas sendo levantados: saúde, educação, gastos com a Copa, corrupção. O aumento das passagens foi revogado e houve algumas pequenas concessões, como a retirada do projeto da cura gay e da PEC 37 (projeto que dificultaria a investigação da corrupção). Mesmo assim, a popularidade dos governantes saiu fortemente abalada, desde a presidência até governos municipais, passando pelo Congresso. Dilma precisou de meses para recuperar alguns pontos nos índices de aprovação, mas sem chegar aos níveis anteriores. Alguns governadores, como Cabral no RJ, jamais se recuperaram. No curso do processo, setores de direita tentaram conduzir a insatisfação popular contra o PT, para auferir dividendos eleitorais em 2014, mas todos os partidos terminaram chamuscados.

Completou-se uma espécie de ciclo histórico determinado pela existência do projeto do PT como referência política predominante para a classe, com resultados desastrosos. Mesmo que seja reconhecida sua origem nas diversas lutas sociais do período final da ditadura, a conclusão que se consolida na consciência dos trabalhadores após esse ciclo histórico de três décadas é que os partidos de trabalhadores tipo PT e seus líderes, sindicalistas, dirigentes de movimentos, etc., apesar de terem uma origem combativa, servem tão somente para eleger alguns oportunistas que inevitavelmente se corrompem. A prisão dos mensaleiros seria a confirmação dessa lição. Assim, os partidos, mesmo os de esquerda, não merecem nenhuma confiança.

Os grupos da direita, organizados ou não em legendas eleitorais, por meio de seus agentes na mídia, trataram de aproveitar esse momento de arremate do ciclo histórico do PT para colocar para escanteio todos os partidos de esquerda, mesmo os que faziam oposição ao PT, para isolá-los das manifestações e impedir que a nova geração de manifestantes se identificasse com alternativas de esquerda ao PT. Comprovou-se o quanto foi nefasto o predomínio do PT como projeto político reconhecido pelos trabalhadores, pois isso terminou levando a classe a aderir às conclusões da burguesia. A confiança na prosperidade da era Lula (ou seja, na possibilidade de crescimento e distribuição de renda em pleno capitalismo em crise estrutural) fez com que o PT abandonasse a disputa pela consciência política e o trabalho ideológico junto a classe, o que fez com que agora colhesse esse resultado: diante do descontentamento contra o governo, os trabalhadores se voltam contra o próprio PT e não seguem nenhum critério de classe para avaliar os projetos políticos em disputa. Não reconhecem seus adversários de classe e nem ideias que podem se voltar contra a própria classe, porque não se reconhecem como classe.

O problema é que esse retrocesso de consciência demonstra também o isolamento social dos partidos de oposição de esquerda ao PT (tais como PSOL, PSTU, PCB, PCO, para ficar apenas nas organizações eleitoralmente legalizadas), que não souberam se mostrar como alternativa política e ideológica para os trabalhadores. Apesar dos esforços de parte da militância desses partidos, o resultado é que, quando muito, são vistos como versões "requentadas" ou em "miniatura" do próprio PT, imitações do mesmo projeto, destinados a tão somente repetir o seu processo histórico, ou seja, se eleger e se corromper. Se é para ficar com essas cópias, muitos trabalhadores ainda preferem o original, ou seja, o próprio PT, contra a “volta da direita”. A classe trabalhadora brasileira carece de uma referência classista, combativa, radical, anticapitalista, podendo ser presa fácil de qualquer discurso, oportunista, fascista, messiânico, etc., especialmente num ano eleitoral. O ressurgimento dos movimentos de massa no país, independentes e contrários ao PT, encontra a classe desprovida de um projeto alternativo ao PT que seja de esquerda.

A tarefa gigantesca de reconstruir as referências classistas básicas, a consciência de classe, a consciência do pertencimento a uma categoria, a uma classe oposta à patronal e ao governo, da necessidade de ação e organização coletivas, de sindicatos, associações, movimentos, etc. (para não falar em algo que vá além, um projeto socialista revolucionário oposto ao capitalismo), condizente com o momento histórico de crise estrutural, precisa ser retomada o quanto antes, a partir desse momento de encerramento do ciclo do PT como referência organizativa para as lutas dos trabalhadores.



2.4. Os governos do PT e sua relação com o capital financeiro e os bancos



Em meio a grave crise do sistema capitalista ocorrida desde a década de 1970 a forma encontrada de manter a reprodução do capital e possibilitar a manutenção e aumento dos lucros foi a financeirização. O sistema, sem saída, volta-se para o mercado financeiro como meio privilegiado de apropriação do valor. Isto exigia por sua vez uma “parceria” dos governos, especialmente dos países dependentes que almejavam sua inserção no grupo dos desenvolvidos. Banco Mundial e FMI impuseram, em várias nações, políticas de desregulamentação do sistema financeiro. E mesmo alguns países centrais acompanharam este movimento.

O resultado foi o crescimento de uma “bolha” especulativa que proporcionou um aumento gigantesco nos lucros dos bancos. Porém, junto com isso ocorre uma potencialização das fragilidades de todo sistema capitalista. As crises cíclicas tornam-se mais perigosas e frequentes. Intensifica-se a opressão e a exploração do trabalho em todo mundo.

As instituições bancárias se constituem neste século XXI como organizações extremamente poderosas. E a burguesia financeira ergue-se como setor hegemônico dentre as classes dominantes. Isto ocorre também no Brasil. Os donos dos bancos foram os vetores fundamentais para ascensão do PT ao governo federal. E não por acaso foi justamente na gestão do PT que o setor bancário alcança quase todos os anos recorde nos lucros. O Itaú Unibanco, por exemplo, no primeiro semestre de 2013 chegou a marca de R$ 7,1 bilhões de lucro líquido (maior do que toda economia de 33 países), o que representa o 2º maior lucro já registrado por um banco no Brasil em um semestre. Esta marca só foi superada pelo próprio Itaú Unibanco em 2011. Ambos no governo Dilma.

Já o Bradesco lucrou R$ 5,9 bilhões e o Santander 2,9 nos primeiros seis meses de 2013. O detalhe é que no caso do banco espanhol este valor representa 25% dos ganhos totais da empresa que atua em dezenas de países. No ano de 2012 estas três instituições chegaram a lucrar R$ 28 Bilhões!

Tudo isso é riqueza produzida pelos trabalhadores que vai diretamente para os cofres das organizações financeiras. O Estado é, por sua vez, o grande promotor desta transferência. Quase metade do orçamento da União está comprometido com despesas relacionadas a juros e serviços da divida pública. É para reorientar dinheiro para estas despesas que o governo diminui gastos com educação, saúde, previdência e demais necessidade de natureza social. O próprio Estado também é conivente com as taxas extorsivas cobradas pelos bancos pelos seus serviços.

Todo este poder econômico se reflete na hegemonia da burguesia financeira no interior das classes dominantes. Ela está por orientar a dinâmica de reprodução do capital e a política de dominação desta ordem social. Sendo assim, apenas em associação com o setor financeiro algum grupo político pode ascender o poder. Foi exatamente isso que o PT fez.

Consequentemente todo governo petista esteve e está voltado para a satisfação, em primeiro lugar, dos interesses do sistema financeiro. As outras parcelas das elites são beneficiadas de maneira refratária e como forma de garantir o “equilíbrio” do sistema, ou quando seus próprios interesses convergem com os interesses dos bancos.

O governo PT, assim, insiste em uma política de juros altos, de oferta desmedida de crédito, de desoneração de produtos que são financiados pelos bancos, falta de controle sobre as instituições financeiras, etc. A julgar por este fato e pelos números da lucratividade exibidos pelos bancos estas organizações vão continuar apoiando fortemente o Partido dos Trabalhadores e, neste sentido, podem contribuir decisivamente para uma nova vitória eleitoral do atual governo.

Importante ressaltarmos que independentemente de nomes e partidos para a corrida presidencial de 2014, a decisão ocorre sempre no âmbito da economia e não da política puramente pertidária. E sendo a burguesia financeira hegemônica hoje, sua vontade tende a predominar sobre a dos outros setores da sociedade. E, desta forma, sua força que se fundamenta no poder material pode, nas eleições de 2014, se estender, mais uma vez, para o poder político.

Neste contexto só outro poder muito mais forte e vital, mas que também se fundamenta na base econômica da sociedade pode parar e destruir esta hegemonia e a de toda classe dominante: a união dos trabalhadores na luta contra o capital.



2.5. Os governos do PT, movimentos sociais e o movimento sindical



Assim como os partidos em geral e os partidos de esquerda, também os sindicatos e movimentos sociais organizados, como MST, MTST, etc., saíram fortemente questionados das jornadas de junho de 2013, graças a sua vinculação com o PT, seja ela implícita (caso do MST) ou explícita (caso da CUT). Paradoxalmente, a ideia de que é legitimo ir às ruas e protestar também conseguiu se implantar. As manifestações seguem acontecendo praticamente todos os dias no país, por mais que a direita e a mídia bombardeiem incessantemente a versão de que acontecem "excessos", de que existem “baderneiros” infiltrados, de que sempre acontecem atos de vandalismo, etc. Apesar desse trabalho permanente de difamação, as manifestações seguem acontecendo e seguem sendo consideradas, legítimas, corretas, necessárias, pela maioria da população (ainda que se façam ressalvas contra a violência).

Ainda há um terreno fértil a ser explorado em matéria de diálogo com a classe para apresentar alternativas de organização pela esquerda. A vitória das manifestações de junho passado, que revogaram o aumento das passagens e mostraram que é possível lutar e vencer, ainda se impõe na realidade. O problema é que, sem reconhecer os movimentos sociais organizados, tanto partidos como sindicatos, como instrumentos organizativos, as manifestações correm o risco de serem cooptadas por forças de direita, a partir de concepções pseudo-anarquistas e antipartido. A tarefa de reconstruir as referências políticas e organizativas está em aberto e se impõe com uma urgência dramática.

Para reconstruir essas referências, um passo indispensável é a ruptura e a crítica implacável contra o aparelhamento dos sindicatos pelo PT e o governismo. O movimento sindical, setor mais forte e organizado do país, é também o mais fortemente controlado pelo PT. Os sindicatos ligados à CUT e centrais menores que lhe servem de satélites, não apenas apoiam o governo do PT, como também estão integrados à gestão do capitalismo no país. Os sindicatos, federações e centrais estão atrelados ao Estado por meio do imposto sindical, das verbas do FAT, dos fóruns tripartites com a patronal e o governo (tipo “câmaras setoriais”, mesa da construção civil, etc.), da lei de greve, da justiça trabalhista, da rotina de negociações “ordeiras” e “cidadãs” nas campanhas salariais, etc.

Esses sindicatos não apenas abandonaram a via da luta e da organização da classe em troca de benesses para seus dirigentes burocratizados, mas em alguns casos incorporaram-se organicamente à gestao do capital. É o caso precisamente da categoria bancária. Através de fundos de pensão, como a PREVI, maior do país, com patrimônio de centenas de bilhões de reais e participação acionária em centenas de empresas, os sindicalistas ligados ao PT são nomeados para os conselhos de administraçao das empresas. Convertem-se de representantes dos trabalhadores em membros da patronal. Administram centenas de empresas em conjunto com a burguesia nacional e internacional. Estão organicamente ligados ao capitalismo. É por isso que a tarefa de reconstruir a organização dos trabalhadores precisa ser retomada praticamente do zero.

Iniciativas como a Conlutas e a Intersindical, ainda que tenham resgatado uma maior combatividade, estão longe de dar conta do combate e superação do conjunto de vícios que inviabiliza o movimento sindical brasileiro como alternativa de organização dos trabalhadores à altura dos desafios do momento histórico. Por conta da política de suas direções majoritárias (PSTU e setores do PSOL), estão se tornando mais próximas e semelhantes às centrais governistas, tendência que precisa ser revertida urgentemente, se se quer realmente postular esses projetos como alternativas para a classe. Independentemente das direções majoritárias das centrais antigovernistas retificarem seu curso ou não, nossa tarefa é repensar os rumos políticos das organizações dos trabalhadores.

Listamos a seguir alguns pontos de principio que julgamos fundamentais para reconstruir as organizações operárias:

* um programa anticapitalista, por entendermos que, no seu período histórico de crise estrutural e societal, cada vez mais evidente por fenômenos como a atual crise econômica, com seu corolário de ataques sobre os trabalhadores, guerras, destruição ambiental, desemprego, etc., o capitalismo não permitirá outra alternativa aos trabalhadores senão organizar-se para destruí-lo. Nesse período histórico as conquistas da classe trabalhadora no passado, em termos de empregos, salários, direitos trabalhistas e sociais, etc., estão sob ataque no mundo inteiro e no Brasil não é diferente. O capitalismo não é mais capaz de fazer concessões nem de admitir reformas. Por isso, as organizações dos trabalhadores não podem ter outro horizonte histórico que não a luta pela superação do capitalismo. As lutas específicas de cada categoria ou setor dos trabalhadores devem apontar para a construção formas de organização e de consciência em direção a uma ruptura com o capitalismo.

* um programa antigovernista, por entender que é fundamental organizar os trabalhadores em torno de um projeto independente e oposto ao das correntes governistas, pelegas, burocráticas e pró-patronais como CUT, CTB, Força, etc. Não podemos construir nenhum tipo de unidade orgânica em fóruns superestruturais ou chapas sindicais com setores da burocracia cutista e governista em geral. Devemos apresentar aos trabalhadores um conjunto de princípios, de bandeiras de luta e de métodos de organização distintos em relação ao das correntes governistas e opostos ao projeto do governo Dilma-PT e da burguesia.

* independência política, financeira e organizativa em relação ao Estado. Não ao recebimento do imposto sindical ou de qualquer verba ou convênio com o Estado (que permitem a sustentação de sindicatos de cartório, artificiais, sem qualquer trabalho real junto a seus representados). As organizações dos trabalhadores devem se sustentar apenas por meio de contribuições regulares, voluntárias e conscientes dos trabalhadores, como resultado do reconhecimento de uma trabalho real junto à categoria. As organizações dos trabalhadores não podem depender de permissão ou reconhecimento do Estado para existir e atuar, como acontece hoje com a estrutura sindical brasileira, presa a uma herança varguista. Precisamos resgatar o princípio da independência de classe, no sentido de que “a emancipação dos trabalhadores deve ser obra dos próprios trabalhadores”.

* combatividade e ação direta em primeiro lugar, e negociação como instrumento secundário. É preciso desenvolver entre os trabalhadores a consciência de que qualquer conquista só é possível por meio da mobilização e da luta, combatendo a ilusão no Estado burguês e suas instituições. É preciso combater o discurso da patronal e seus ideólogos na mídia, academia, ONGs, igrejas, etc., que falam em participação, diálogo, cidadania, paz social, conciliação, etc., demonstrando que a solução para os problemas dos trabalhadores só é possível por meio da ação coletiva.

* por um sindicalismo de base, que priorize a organização a partir dos locais de trabalho, a partir das CIPAs, dos delegados sindicais, diretores de base, etc., que organize os trabalhadores para a resistência cotidiana e permanente, em torno das questões gerais e também das questões imediatas do dia a dia, não apenas nos períodos de campanhas salariais. O trabalho de base permanente é o oposto do sindicalismo "de porta de fábrica", e do economicismo, que se limita à rotina das datas base de negociação. É preciso ter uma diálogo permanete e cotidiano com a categoria sobre as suas questões e as questões da classe trabalhadora em geral.

* por uma organização que vá além do corporativismo, que organize os trabalhadores como classe em seu conjunto, independente de estarem empregados ou desempregados, no setor público ou privado, efetivos ou terceirizados, realizando campanhas as mais amplas e unitárias possíveis.
* por um funcionamento democrático e que rompa com os vícios burocráticos que afetam a organização dos trabalhadores no Brasil e em especial o movimento sindical. A luta antiburocrática deve incluir a tomada das decisões mais importantes em assembleias e nos fóruns de base, o rodízio de cargos na composição das diretorias, a limitação no número de mandatos dos dirtores, o rodízio e a prestação de contas dos liberados, a transparência na prestação de contas das finanças e das ações dos representantes.

* trabalho ideologico permanente contra o capitalismo e a luta pela formação política, teórica e cultural dos trabalhadores. A burguesia tem seus ideólogos profissionais, seus jornalistas, acadêmicos, políticos, pastores, roteiristas, publicitários, etc., que permanentemente divulgam entre os trabalhadores as ideias da classe dominante, o individualismo, a meritocracia, o apoliticismo, o consumismo, o conformismo, a vulgaridade, o niilismo, etc. Cabe às organizações dos trabalhadores desenvolver uma cultura oposta, socialista, que ajude a melhorar o nível teórico, político e cultural da classe, por meio de cursos, seminários, publicações, atividades culturais, etc.

* sensibilidade para a composição concreta da classe trabalhadora brasileira, incorporando as demandas de mulheres, negros e LGBTs, mas não apenas por meio de secretarias específicas (que devem existir e ser reforçados) e em eventos nas datas comemorativas, mas na atividade cotidiana das entidades, disputando a consciência dos trabalhadores contra o machismo, o racismo e a homofobia., levando em consideraçao as questoes de raça, gênero e orientação sexual.

Por suas características, as oposições sindicais, como o Avante, Bancários! são o tipo de organização melhor talhadas para colocar em prática esses princípios. As oposições já nascem independentes do Estado, vinculadas à base, opostas aos partidos e correntes governistas, etc. As tarefas que deveriam ser dos sindicatos, de organizar a classe para o enfrentamento contra a patronal e o Estado, recaem hoje sobre as oposições, por força do fato de que a maioria das organizações sindicais está aparelhada pelas correntes governistas e convertida em aparatos burocráticos alheios e até opostos às necessidades da classe.

As oposições sindicais devem ser pensadas como organização de frente única da classe, cabendo em seu interior todas as tendências de pensamento, desde militantes de organizações revolucionárias até trabalhadores que estão apenas preocupados com o seu salário. É preciso construir uma ambiente democrático para que o convívio entre essas tendências e setores da classe seja pedagógico e se consiga avançar em conjunto. De um ponto de vista estratégico, a luta por uma revolução socialista contra o capitalismo é uma tarefa não apenas de partidos e organizações revolucionárias, mas de uma ampla vanguarda da classe trabalhadora organizada em organismos de frente única.

Um dos erros cruciais das organizações revolucionárias é priorizar apenas a própria autoconstrução, em detrimento da construção dos organismos do movimento. Sem esses organismos e espaços de frente única não se constrói nem o movimento do conjunto da classe nem as próprias organizações revolucionárias! É essencial reconstruir uma metodologia democrática, superar os vícios sectários e priorizar a responsabilidade de todos os ativistas, organizados ou independentes, para com o conjunto do movimento.

Para serem capazes de desempenhar o papel de renovar as organizações da classe, as oposições devem ser pensadas mais amplamente, não como meras chapas para concorrer a eleições, mas como um movimento real de organização, capaz de reunir e expressar a força dos trabalhadores, independentemente de estar ou não na direção da entidade sindical. O pré-requisito para se chegar a uma diretoria é justamente esse tipo de trabalho de organização de base, pois sem isso é impossível vencer uma eleição (a menos que seja em aliança com algum setor da burocracia, o que descartamos). Da mesma forma, sem um forte trabalho prévio de organização de base e sem uma base mobilizada, nenhuma diretoria é capaz de se sustentar no comando dos sindicatos. As organizações que tomaram o caminho inverso, priorizando a disputa da superestrutura do movimento, para depois supostamente irem à base, acabaram se confundindo com as mesmas superestruturas viciadas e suas direções burocráticas, governistas e pelegas.

Os trabalhadores ainda reconhecem os sindicatos como a sua organização “oficial”, por mais que a saibam distante do seu dia a dia e insensível às suas necessidades reais. Assim, as oposições não podem se apresentar como um substituto institucional ao sindicato, como uma entidade paralela, mas como um substituto político, um projeto no qual os trabalhadores podem apostar para se organizar e encaminhar a luta por suas demandas, independentemente de essa oposição chegar à diretoria ou não. É dentro desse contexto que as eleições sindicais devem ser disputadas, não como um fim em si mesmas, mas como um meio para se apresentar aos trabalhadores um outro projeto de organização.



2.6. Categoria bancária



A aplicação desse projeto de retomada da organização dos trabalhadores deve considerar a realidade concreta e as especificidades da categoria em que atuamos.

Uma das lendas que cercam a categoria bancária é a de que o número de postos de trabalho nos bancos diminuiu devido ao avanço da automação bancária e dos serviços via internet, que já são responsáveis pela maior parte das transações. É verdade que o número de transações em meios alternativos aumentou muito desde a introdução da automação bancária, mas o número total de transações também aumentou. A bancarização da população, o número de pessoas que utilizam serviços bancários também aumentou muito. Ao mesmo tempo, os bancos tem cortado sistematicamente postos de trabalho, reduzindo o número absoluto e a quantidade relativa de bancários.

Proporcionalmente, mesmo com os meios alternativos de atendimento, o número de clientes atendido por cada bancário aumentou. Ou seja, aumentou a carga de serviço, a exploração dos bancários. Uma das válvulas de escape dos bancos para dar conta do volume de serviço sem contratar mais bancários é o estabelecimento de correspondentes bancários, como lotéricas, correios, supermercados, farmácias, e agora, com o boom da especulação imobiliária, também correspondentes imobiliários.

Esses trabalhadores executam serviços bancários sem terem os salários e direitos da categoria bancária. Trata-se de mais uma sobrecarga de serviço que é imposta sobre comerciários, lotéricos, etc., para benefício exclusivo dos bancos, em detrimento da categoria bancária, dos trabalhadores desses estabelecimentos e do conjunto da população, atendida em condições precárias.

No interior dos bancos, a precarização grassa na forma da terceirização. Os bancos foram os pioneiros e aplicadores em maior escala dessa forma de contratação que reduz salários e direitos de um vasto contingente de trabalhadores, como seguranças, copeiras, faxineiras, telefonistas, temporários, etc. A terceirização, como parte da reestruturação produtiva e das técnicas de gestão de mão de obra das últimas décadas, representa uma ataque sobre a classe trabalhadora, dificultando a sua unificação por separar um setor de "elite" de trabalhadores efetivos privilegiados e uma vasta camada de trabalhadores precários, tratados como inferiores.

A fragmentação da classe dificulta a organização e as lutas dos trabalhadores e facilita os ataques da patronal. Frequentemente, empresas terceirizadas quebram, dispensam os trabalhadores sem pagar os direitos e os recontratam com uma outra fachada, de propriedade dos mesmos donos. Trabalhadores deixam de receber férias, 13º, FGTS, ou tem desconto para o INSS que não é repassado, etc. Tudo isso acontece com a conivência dos bancos, que contratam essas empresas, mas cinicamente fazem propaganda da sua “responsabilidade social”.

Finalmente, uma outra divisão dentro da categoria bancária separa funcionários de bancos públicos e privados. A diferença entre esses dois segmentos está em que a organização foi completamente abandonada nos bancos privados, de forma que não participam ativamente das lutas da categoria, sob a ameaça de demissão. O resultado é que, justamente por ausência de qualquer resistência, as demissões seguem acontecendo em massa. Para os trabalhadores de bancos privados, o sindicato é uma espécie de agência terceirizada que negocia o seu salário em seu nome, ou um clube de convênios. Não tem relação com os problemas do seu dia a dia.

Nos bancos públicos não há demissão em massa, ou mesmo cortes de pessoal localizados, mas há perseguição aos ativistas e militantes. Essa divisão entre bancos públicos e privados tem um aspecto geográfico que interfere diretamente na organização política da categoria. Os bancos privados concentram seus negócios e portanto seus funcionários, nas regiões mais ricas do sul e sudeste do país e nas capitais. Os bancos públicos, por sua vez, estão presentes em todas as regiões, inclusive cidades menores e afastadas do norte, nordeste e centroeste. Isso faz com que tenhamos um quadro em que cerca de 80% dos bancários de Sao Paulo, principal centro financeiro do país, pertencem aos bancos privados. No restante do país, há várias regiões em que a maioria pertence aos bancos públicos, mesmo que não seja numa proporção tão discrepante.

A consequência organizativa dessa distribuição é que as greves são mais fortes nas regiões periféricas do país, em que predominam os bancos públicos, mas são mais fracas nas regiões centrais, em que há maioria de bancos privados. Ora, a direção política do movimento pertence justamente aos sindicatos localizados nos principais centros do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Esses sindicatos principais são dirigidos pela Articulação / CUT / PT, que graças ao peso dessas bases dirige o movimento nacional da categoria.

A Articulação é a responsável pela quase inexistência de organização, resistência e luta nos bancos privados, que serve para manter os trabalhadores desse setor numa situação de dependência, numa relação assistencial e terceirizada. Com base nessa relação, a Articulação obtém um eleitorado passivo e cativo, que não tem nenhuma referência de organização e luta, portanto não é capaz de avaliar a sua gestão de um ponto de vista político. No máximo, os trabalhadores de bancos privados avaliam os resultados das campanhas salariais ou a qualidade dos serviços assistenciais e convênios do sindicato, mas não a sua postura enquanto instrumento de luta.

Dessa forma, a Articulação se mantém no controle do sindicato de São Paulo e dos principais centros, e se mantém no controle do movimento nacional da categoria. Esse controle é usado para evitar que os trabalhadores se enfrentem com o governo federal do PT, que é patrão de metade da categoria (BB, CEF, bancos regionais e estaduais remanescentes) e se enfrentem com os bancos privados, que são aliados do PT e auferem altíssimos lucros na sua gestão. Para isso, a Articulação impõe pautas rebaixadas, que não contemplam as reais reivindicações, através do mecanismo da Mesa Única da FENABAN. Sob o pretexto da “unidade da categoria”, a Articulação impede que o setor mais mobilizado, os bancos públicos, se enfrente com o governo do PT, impondo um patamar rebaixado de reajuste que mal repõe a inflação (mas que é vendido com o nome de “aumento real”, desconsiderando as perdas acumuladas).

De outro lado, entre os trabalhadores dos bancos públicos, que tem maior possibilidade de participar das lutas e greves, são impedidos de expressar suas reais demandas pelos mecanismos burocráticos e antidemocráticos da Articulação. As greves são tratadas como uma data no calendário, não como um processo que precisa ser construído ao longo do ano, com discussões e mobilizações em cada local, fóruns de base, reuniões de representantes e delegados sindicais, plenárias, assembleias, etc. Sem esses espaços preparatórios de organização, sem assembleias para discutir a pauta (definida numa pesquisa via internet), o que temos são pautas rebaixadas ditadas autoritariamente pela cúpula da burocracia. No curso das greves, temos o rolo compressor burocrático, que não permite que se façam falas nas assembleias, não coloca em votação as propostas, ou não permite que se façam defesas das propostas, ou simplesmente, quando perde uma votação, desconhece os resultados e encerra as assembleias.

Tudo isso faz com que os trabalhadores dos bancos públicos se afastem do movimento. Sem participação, as greves ao invés de serem uma demonstração de força dos trabalhadores, demonstram justamente a fraqueza e a falta de mobilização. São greves de fachada, que não causam prejuízo real aos bancos. As sucessivas traições, manobras, acordos rebaixados, geram um círculo vicioso de desmobilização e descrédito nos instrumentos coletivos de luta. As greves são cada vez mais fracas porque os bancários não participam, e os bancários não participam porque as greves são cada vez mais fracas. Institucionalizou-se a “greve de pijama”, ou seja, a greve como uma data no calendário em que o trabalhador deixa de ir trabalhar, mas não se encontra com os demais trabalhadores, não vai às assembleias e piquetes.

Esse roteiro foi incrementado nos últimos anos pela “greve de saco cheio”. Como resultado da intensificação do trabalho que se impõe sobre os trabalhadores em escala mundial, na esteira da crise capitalista de 2008, nos bancos também se vivencia um cenário de sobrecarga de serviço, assédio moral, adoecimento físico e psicológico. A greve é vista como um alívio temporário do sofrimento que é o trabalho, uma espécie de férias coletivas. A revolta e a insatisfação que se acumulam ao longo do ano com as condições de trabalho se expressam em ausência do trabalho durante a greve, mas essa ausência do trabalho não se expressa como força coletiva de uma categoria organizada, justamente porque os espaços coletivos de organização são sistematicamente sabotados pela direção do movimento.

Um último agravante que se acrescenta nos últimos anos é a rotatividade que se impõe mesmo nos bancos públicos, em especial no BB. Ao invés de ser uma carreira para a vida inteira como era anos atrás, o emprego no BB é uma passagem temporária até que se consiga entrar na carreira para a qual se estudou. Como resultado disso, a maior parte do funcionalismo é composta por pessoas que ficam poucos anos no banco. Diante dos baixos salários e péssimas condições de trabalho, a sua saída não é a organização coletiva, mas sair do banco e mudar de carreira. Os que permanecem mais tempo são os que conseguem passar pelo estreito funil do comissionamento, e então se submetem ao massacre da cobrança de metas e do assédio moral permanente, vivendo a base de remédios tarja preta. Tanto uns como outros acreditam em saídas individuais.

Esse é o resultado da gestão do PT no governo federal e no controle dos bancos públicos, com a indispensável colaboração da Articulação no movimento sindical. Na falta de qualquer trabalho ideológico que contraste com o discurso da patronal, os bancários assimilam a ideologia meritocrática, de que o sucesso depende do esforço de cada um. O PT e seu braço sindical, a Articulação, nunca se contrapôs a esse discurso, primeiro por acomodação, acreditando que a “prosperidade” com pés de barro da era Lula duraria para sempre, e segundo, por não ter efetivamente um projeto alternativo, anticapitalista, que se contraponha ao individualismo capitalista. Para cúmulo, as campanhas salariais foram transformadas em campanha por PLR, legitimando a ideia de que o trabalhador é quem faz o próprio salário, conforme o seu esforço para cumprir as metas.

As saídas para romper com esse círculo vicioso (o movimento perde força porque os bancários participam cada vez menos e os bancários participam cada vez menos porque percebem que o movimento perde força) passam a nosso ver por três eixos:

* retomar a organização nacional da categoria. É preciso construir uma ligação entre os setores mais mobilizados, que estão nos estados periféricos, com os setores que atuam nos principais centros do país, em que se decidem as campanhas salariais. É preciso construir uma campanha alternativa, que permita que a base se expresse, e que construa uma pauta alternativa, que contemple as reais reivindicações da categoria. É preciso rejeitar a estratégia da Mesa Única usada pela Articulação para impedir a mobilização nos bancos públicos, e rejeitar os fóruns burocráticos em que se constrói a pauta rebaixada apresentada todos os anos. É preciso rejeitar os Congressos e Conferências da CONTRAF-CUT e construir fóruns alternativos de organização. A Frente Nacional de Oposição Bancária – FNOB, se coloca como parte desse esforço;

* desenvolver o trabalho de base. A Articulação destruiu uma das conquistas dos funconários de bancos públicos, que é o reconhecimento dos delegados sindicais ou representantes por local de trabalho. Em muitas dependências nem sequer são eleitos representantes. Os que são eleitos, não se reúnem, pois a direção do sindicato não convoca reuniões. Quando convoca, as reuniões não são deliberativas, pois qualquer proposta tem que ser levada para a diretoria do sindicato, ou seja, não será aplicada. Precisamos retormar a organização a partir de cada local de trabalho, e isso só é possível criando um espaço de organização em que seja possível trazer os trabalhadores para colocar as questões imediatas do seu dia a dia. A partir do momento em que os trabalhadores se colocam frente a frente e se reconhecem como categoria, num espaço democrático, podemos ter a base impulsionar as mobilizações, as lutas imediatas e as campanhas salariais;

* lutar por democracia na organização do movimento. As práticas burocráticas da Articulação na condução das greves devem ser combatidas e denunciadas insistentemente. É preciso martelar a ideia de que a soberania do movimento deve pertencer à base. É preciso reconstruir a democracia operária a partir dos seus elementos mais básicos: direito a falar, a fazer propostas, defender propostas, garantir que as votações sejam cumpridas, eleger representantes revogáveis, etc.



2.7. Proposta de Manifesto



Com base nessa fundamentação, apresentamos os seguintes pontos para a composição de um Manifesto ou Carta de Princípios do Avante, Bancários! Esses seriam os pontos programáticos que serviriam de base para a atuação do coletivo. Devemos aproximar os bancários dispostos a lutar pelas questões imediatas para que discutam conosco esse programa, para que avancem politicamente e contribuam de maneira organizada e mais efetiva, nos ajudando a construir um embrião de organização para a categoria e para a classe, condizente com as tarefas do momento histórico.

* O Avante, Bancários! é um espaço de organização dos trabalhadores bancários para lutar por seus interesses como categoria e também seus interesses gerais como parte da classe trabalhadora.

* O Avante, Bancários!, como uma organização de trabalhadores, é por definição um grupo de luta e de oposição aos banqueiros. Somos uma organização de luta, ou seja, defendemos que a mobilização dos trabalhadores deve ser sempre a sua principal arma, e as vias institucionais de negociação, jurídicas, ouvidorias, etc., devem ser apenas um recurso secundário, respaldado na ação coletiva.

* O governo federal é patrão de praticamente metade da categoria bancária, portanto o Avante, Bancários! é também por definição independente e oposto ao governo, hoje ocupado pelo PT, ou por qualquer partido que o suceda. Defendemos outro projeto para os bancos públicos, cuja propriedade é hoje apenas nominalmente estatal, mas atuam na prática de maneira idêntica aos bancos privados, explorando funcionários e clientes. Para termos melhores salários, direitos e condições de trabalho em todos os bancos, temos que nos associar aos interesses do conjunto dos trabalhadores e defender a estatização de todo sistema financeiro, sob controle da classe trabalhadora.

* O Avante, Bancários! também faz oposição aos grupos que defendem o governo no movimento sindical, como Articulação/PT, CTB/PCdoB, DS/PT, CUTPodeMais/PT, etc. Essas correntes controlam as organizações dos trabalhadores, como sindicatos, federações e centrais, e as transformaram em entidades burocráticas, que não mais representam os interesses da categoria, estão distanciadas do dia a dia dos bancários, funcionam mais como obstáculos do que instrumentos para a luta. Devemos denunciar sistematicamente a traição dos governistas em cada luta e trabalhar para retirar as entidades de base do controle da burocracia.

* O Avante, Bancários! participa das assembleias de base dos sindicatos, defendendo a democracia dos trabalhadores, o direito de falar e defender propostas para todos os bancários, o respeito às decisões tomadas, a soberania da categoria, os princípios elementares da democracia dos trabalhadores. Não participamos dos Congressos e fóruns organizados pela Articulação/CUT/PT e seus satélites, formados de maneira viciada, dominados por burocratas afastados dos locais de trabalho há muitos anos e defensores de interesses opostos aos bancários. Devemos denunciar esses fóruns e lutar para construir espaços alternativos de organização.

* O Avante, Bancários! é aberto a todos os grupos e indivíduos que concordam com as posições dessa carta. Não existem cargos nem hierarquia, todos tem direito de apresentar propostas, bem como a responsabilidade pelas tarefas assumidas coletivamente. As decisões são tomadas nos fóruns coletivos e não por qualquer grupo em separado.

* O Avante, Bancários! não está vinculado a nenhuma corrente nacional do movimento sindical da categoria, mas está aberto à participação de grupos e indivíduos que defendam correntes classistas, antigovernistas e antiburocráticas.

* O Avante, Bancários! é aberto a todos os trabalhadores bancários, de bancos públicos e privados, efetivos e terceirizados. Somos contra as divisões da categoria, defendemos estabilidade no emprego e direitos iguais para todos, bem como a efetivação dos terceirizados, sem concurso.

* O Avante, Bancários! Coloca como suas bandeiras principais as reivindicações históricas da categoria como:

- Estabilidade no emprego para todos os trabalhadores, em especial nos bancos privados;

- Isonomia entre trabalhadores novos, antigos e incorporados, preservando-se o que for mais vantajoso para os trabalhadores;

- Plano de reposição das perdas acumuladas desde a implantação do real;

- Mais contratações nas agências, com cotas proporcionais para negros e minorias;

- Contra o sucateamento das nossas caixas de assistência;

- Contra o aparelhamento dos fundos de pensão;

- Efetivação dos terceirizados sem concurso, quem trabalha em banco bancário é!

- Outras reivindicações específicas de cada banco



3. TAREFAS IMEDIATAS



3.1. Antecipar a preparação da campanha salarial



O ano de 2014 terá algumas características especiais pelo fato de conter eventos como a Copa do Mundo e as eleições gerais. A Copa do Mundo de certa forma faz parte do cenário eleitoral, já que o sucesso ou não do evento terá peso importante na tentativa de reeleição de Dilma e de continuidade do projeto do PT. Além disso, a realização da Copa do Mundo pode ser marcada por um novo processo de manifestações, que seja uma continuidade ou reedição das jornadas de junho de 2013 (é bom lembrar que estas por sua vez aconteceram no curso da Copa das Confederações), de modo que o projeto do PT, sua gestão dos serviços públicos e da própria Copa vão estar em debate praticamente o ano inteiro. O primeiro grande ato contra a Copa já aconteceu no dia 25 de janeiro. Dessa forma, a discussão de temas de interesse geral da categoria, envolvendo o projeto para os bancos públicos e a função do sistema financeiro, deve ser uma discussão constante nos materiais do Avante, Bancários! ao longo de todo o ano.

Além da Copa e das eleições gerais, 2014 será marcado por eleições importantes para a categoria, tanto nacionais (PREVI, FUNCEF, CASSI, Saúde Caixa) quanto locais (APCEF e sindicato), que acontecem no primeiro semestre e sobre as quais falamos no ponto seguinte. Com tudo isso, a preparação da campanha salarial corre o risco de ficar em segundo plano. A burocracia evidentemente vai privilegiar as eleições, tanto as eleições gerais (em que a reeleição de Dilma évital para a sobrevivência do PT) quanto das entidades dos trabalhadores, negligenciando a organização da campanha. Nesse caso, caberá à oposição cumprir essa tarefa de organização, e o Avante, Bancários! pode dar uma importante contribuição para isso.

Uma vez que a própria oposição, incluindo provavelmente o Avante, Bancários!, também vai estar de alguma forma envolvida nas eleições (participando/apoiando chapas ou não) ou até em outros processos de luta, é preciso fazer com que a preparação da campanha salarial seja também um tema constante em todos os materiais. A única forma de fazer isso é estabelecendo o vínculo entre as lutas específicas, as lutas em cada banco, com as lutas gerais da categoria e da classe, através da discussão do projeto em aplicação nos bancos e da relação do sistema financeiro com a sociedade.

A burocracia sindical tende a transformar a campanha salarial em uma campanha apenas por aumento de salário, ou pior, por PLR, enquanto que ao longo do ano o que está desgastando os bancários são as condições de trabalho, o excesso de serviço, as metas, o assédio moral, etc. E isso nunca é discutido nas campanhas salariais (justamente porque exigiria discutir o projeto dos bancos, que é um projeto do PT), já que dizem respeito a questões específicas de cada banco, que nunca são

discutidas na campanha (são jogadas para as mesas de enrolação permanente). Assim sendo, o Avante, Bancários! deve se esforçar para estabelecer a ligação entre as questões do dia a dia dos bancários (condições de trabalho, o excesso de serviço, as metas, o assédio moral, etc.) e a campanha salarial.

O Avante, Bancários! deve formular uma campanha alternativa, que contenha as verdadeiras reivindicações da categoria. As questões centrais são justamente aquelas que tem sido negligenciadas pela burocracia governista: reposição de perdas, isonomia, plano de cargos e salários, fim das metas e do assédio moral, mais contratações, etc. Essas questões devem estar presentes também ao longo de 2014, além dos problemas específicos por banco. Nosso papel deve ser o de desenvolver o debate sobre essas questões ao longo de todo o ano, associando-as à questão mais geral do projeto para os bancos e do projeto político do PT, contra o qual se desenvolverão várias lutas e debates no conjunto da sociedade.

A denúncia do projeto do PT não pode limitar-se ao antipetismo, pois isso pode conduzir a um fortalecimento das alternativas da direita burguesa. A categoria bancária contém elementos de elitização social e adesão à ideologia meritocrática e individualista (em boa parte por responsabilidade da própria gestão petista nos bancos e nos sindicatos). Cabe à nós retomar o debate sobre a necessidade da organização coletiva enquanto categoria e do pertencimento à classe trabalhadora.


3.2. Eleições



Este ano, além das eleições gerais no país, a categoria bancária será chamada a votar em várias eleições específicas, tanto de entidades nacionais quanto locais. Tivemos já as eleições para a Saúde Caixa, ainda teremos FUNCEF, PREVI e CASSI, no quadro nacional. No cenário local, teremos as eleições para a APCEF e para o Sindicato de São Paulo, Osasco e Região. Conforme assinalamos acima, a participação em processos eleitorais específicos da categoria deve estar subordinada a um projeto mais global e de longo prazo de reconstrução da organização da categoria. A campanha de uma chapa com participação do Avante, Bancários! só faz sentido se for utilizada para fazer contatos, estabelecer relações com possíveis simpatizantes e ativistas, avançar na organização, estruturar espaços duradouros de discussão, de mobilização e de luta, construir uma alternativa permanente para a categoria.

Dessa orientação geral decorre uma metodologia de debate, um critério político para a composição de chapas e uma perspectiva para o relacionamento entre as correntes.

A metodologia para o processo de composição de chapas deve ter o debate político como elemento fundamental, e as discussões entre as correntes como parte secundária. O processo de formação de chapas deve refletir um acúmulo real de discussão e de organização para que, passada a eleição, qualquer que seja o resultado, haja um ganho permanente para o movimento. Para que haja esse debate, defendemos o método de convenções abertas para votar o programa e a composição das chapas.

O critério político para composição de chapas, de acordo com o projeto geral que defendemos para o Avante, Bancários!, deve excluir qualquer possibilidade de alianças com setores governistas. Isso exclui não apenas a Articulação, mas também DS, CUT Pode Mais, CTB/PCdoB, etc. Não aceitamos o método de fazer chapa com DS, CUT Pode Mais, CTB/PCdoB, etc., mesmo que seja contra a Articulação, ou com a Articulação contra qualquer um desses setores também governistas, onde sejam maioria. Por mais que a aliança com alguma dessas correntes aumente as chances de vitória da chapa, a delimitação com o governo é um critério que se sobrepõe a qualquer consideração imediata. A denúncia do governo e do governismo é a base para uma atuação classista e politicamente independente.

Consideramos que o principal desafio da esquerda atual, no contexto da crise estrutural do capital - que só se mantém hoje às custas do desvio do dinheiro público e precarização da vida dos trabalhadores e da sociedade, respaldada pelos governos inclusive petistas –, consiste em superar qualquer ilusão no governismo e construir uma alternativa independente de governos e patrões, num sentido efetivamente socialista.

A perspectiva em relação às demais correntes é que, havendo ou não a composição de chapas para as eleições, o projeto do Avante, Bancários! enquanto corrente independente deve continuar no sentido de construir uma oposição combativa, radical, classista, antigovernista, antiburocrática, democrática e de base. A unidade pontual nas eleições não significa unidade orgânica enquanto oposição ou concordância com o projeto, os métodos, a prática, a política, etc., de outras correntes. Para que haja unidade nesse sentido, seria preciso um longo processo de ação conjunta, que por enquanto não se coloca como possível no horizonte.

Evidente que a não-unidade da esquerda não nos agrada. Mas a construção de uma alternativa de fato se dá prioritariamente na base, nos locais de trabalho, nas lutas, no movimento, nos quais estaremos sempre juntos. Portanto, defendemos a unidade da esquerda antigovernista e anticapitalista para além das eleições e congressos.

A discussão da tática específica para cada eleição excede o espaço deste debate ou mesmo está prejudicada pela ausência de elementos concretos como os editais, datas, prazos, possíveis composições e debates, etc. O que podemos estabelecer é um conjunto de pontos programáticos que a nosso ver devem ser colocados como critério fundamental para a composição de qualquer chapa. Os pontos programáticos que apresentamos tem relação com a visão que temos da situação da categoria e das tarefas colocadas para sua reorganização enquanto parte da classe e sujeito do momento histórico que atravessamos. Esses pontos se estruturam em seis eixos:

* denúncia do governo Dilma/PT, de sua relação com o sistema financeiro e de seu projeto para os bancos. O governo do PT destina praticamente metade do orçamento público para o pagamento da dívida, uma dívida fraudulenta e que já foi paga várias vezes. Esse mecanismo espúrio desvia recursos que deveriam ser destinados às necessidades dos trabalhadores (educação, saúde, moradia, transporte, etc.) para alimentar o parasitismo do capital financeiro. Os bancos e especuladores nacionais e internacionais são os grandes beneficiários dessa imensa sangria de recursos.

Dentro do sistema financeiro nacional, os bancos públicos não se diferenciam dos privados na relação predatória que desenvolvem com a população: tarifas e juros abusivos, venda casada, péssima qualidade do atendimento. Bancos públicos e privados são sócios de um cartel que se volta contra os trabalhadores. A propriedade dos bancos públicos nominalmente é estatal, mas a sua gestão é idêntica à dos bancos privados: arrocho salarial, destruição dos planos de carreira, remuneração variável por meio da armadilha do comissionamento e da PLR, sobrecarga de serviço, metas, assédio moral, perseguição aos ativistas, adoecimento, sucateamento das caixas de assistência, aparelhamento dos fundos de pensão.

Para termos melhores salários e condições de trabalho, precisamos discutir o projeto global dos bancos e associar essa luta às lutas do conjunto da população por melhores serviços púlicos. Não basta pedir a estatização do sistema financeiro, pois nominalmente BB e CEF são estatais. É preciso pedir a estatização sob controle dos trabalhadores!

* denúncia da Articulação / CUT / PT e seus satélites como braço da patronal na direção do movimentos. É uma aberração que o movimento da categoria bancária em São Paulo e nacionalmente seja comandado por uma corrente que pertence ao PT, que está no governo. Os dirigentes ligados à Articulação não são apenas um setor que está politicamente equivocado e que pode ser convencido dos seus erros ou levado a tomar outras posições. São um grupo que ativa e deliberadamente defende de maneira sistemática interesses opostos aos dos trabalhadores. Usam o seu controle sobre o movimento para impedir que haja lutas. Fazem todo o possível para esvaziar os fóruns de base, para suprimir a democracia no movimento, para desacreditar os organismos e formas de luta. Abandonam os enfrentamentos locais e imediatos, deixando os ativistas à própria sorte e sujeitos à perseguição. Transformaram o sindicato num conglomerado empresarial, com gráfica, cooperativa habitacional, financeira, faculdade, etc.

Além disso, por meio dos fundos de pensão, participam organicamente da gestão dos negócios da burguesia, partilhando dos interesses de classe da patronal. Por tudo isso, é preciso chamar os trabalhadores na base dos sindicatos a romper com os fóruns comandados pela Articulação / CUT / PT e a partir da base construir outros espaços de organização. É preciso denunciar as correntes governistas, não apenas a principal delas, a Articulação, mas todos os seus satélites: CTB/PCdoB, DS, CUTPodeMais, Trabalho, etc.

* ruptura e denúncia dos fóruns da CONTRAF / CUT. Os espaços de organização da campanha salarial, como Congressos de banco e a Conferência da CONTRAF não são espaços de organização dos trabalhadores em que uma determinada corrente, no caso a Articulação possui uma maioria circunstancial. São instrumentos burocráticos em que já se cristalizou uma política governista e oposta aos trabalhadores. Nos Congressos dos bancos existem várias maneiras de impedir que os bancários possam se expressar: não há proporcionalidade na tirada de delegados, há delegados biônicos indicados pela cúpula dirigente, as deliberações não são consideradas para definição da pauta da campanha, representantes do governo como ministros de Estado são convidados a falar, etc., entre outras questões.

Na Conferência da CONTRAF esses mesmos vícios se repetem, e ainda outros, o que torna impossível considerar esses fóruns como espaços úteis aos trabalhadores. Há muitos anos não passam de encontros de burocratas afastados dos locais de trabalho, que inventam pautas rebaixadas ao gosto do governo e dos banqueiros. As comissões de empresa e o Comando Nacional eleitos nesses fóruns conduzem burocraticamente as campanhas de uma maneira que a base “representada” não possa se manifestar e os interesses dos banqueiros e do governo prevaleçam.

* defesa de um processo de organização de base. Não podemos usar o espaço das campanhas eleitorais para dizer aos trabalhadores que a solução consiste simplesmente em votar em nós para dirigir as entidades. É preciso desfazer as décadas de deseducação em que a burocracia acostumou os trabalhadores com a ideia de que o instrumentos como o sindicato e a greve é algo que alguém faz em seu lugar. Precisamos aproveitar esses espaços para chamar os trabalhadores à participação, pelos exemplos das lutas passadas e recentes, mostrando que as vitórias somente são possíveis quando a maioria toma o destino nas próprias mãos.

Devemos nos colocar como aqueles que estão a serviço desse projeto de construir espaços de organização para as lutas cotidianas, para que os trabalhadores tenham ao mesmo tempo a confiança de que não estão sendo chamados a ser mera massa de manobras e o aprendizado de que devem tomar a história nas próprias mãos. Temos que nos colocar a todo momento como aqueles que defendem a mais ampla democracia e que querem criar os meios para que os trabalhadores se expressem e possam se colocar como sujeitos.

* denúncia do caráter antidemocrático dos processos eleitorais. Na maior parte das eleições específicas das entidades da categoria os processos não passam de uma farsa para dar um verniz democrático para a gestão da Articulação e do PT e seus aliados. Há uma série de obstáculos burocráticos para a constituição de chapas, não há condições equitativas de debate para que as posições opostas possam se expressar, as chapas da situação (governistas) possuem recursos financeiros infinitamente superiores para fazer campanha, não há fiscalização sobre o processo de votação e apuração (nos casos da PREVI e CASSI, por exemplo, a votação e apuração é feita no próprio sistema do BB, sendo o banco parte interessada na vitória de chapas governistas), não há proporcionalidade na composição das diretorias, nem revogabilidade dos mandatos, etc.

* resgate das reivindicações históricas. Temos que aproveitar as campanhas eleitorais para denunciar a mentira de que todos os anos temos “vitórias” e “aumento real” nas campanhas salariais. Temos que denunciar a real situação nos bancos e nos colocar como aqueles que defendem as soluções para esses problemas e as reivindicações históricas:

- Estabilidade no emprego para todos os trabalhadores, em especial nos bancos privados;

- Isonomia entre trabalhadores novos, antigos e incorporados, preservando-se o que for mais vantajoso para os trabalhadores;

- Plano de reposição das perdas acumuladas desde a implantação do real;

- Mais contratações nas agências, com cotas proporcionais para negros e minorias;

- Contra o sucateamento das nossas caixas de assistência;

- Contra o aparelhamento dos fundos de pensão;

- Efetivação dos terceirizados sem concurso, quem trabalha em banco bancário é!

- Outras reivindicações específicas de cada banco



4. FUNCIONAMENTO



4.1. Periodicidade



O Avante, Bancários! funcionará por meio de pelo menos uma reunião mensal ordinária, com caráter de plenária, ou seja, com a participação de todos os componentes. Em caráter extraordinário, pode ser feita mais de uma reunião no mesmo mês, preparatória ou organizativa, para tratar de encaminhamentos das reuniões ordinárias. As plenárias são soberanas e decidem todas as questões relativas às posições do Avante, Bancários!, suas publicações, etc., enquanto que as reuniões preparatórias ou organizativas tem alçada limitada pelas deliberações das plenárias (ou seja, não podem alterar o conteúdo das publicações, as posições que foram tiradas, etc.).



4.2. Publicações



O Avante, Bancários! publicará um jornal cuja periodicidade devemos trabalhar para que seja mensal, cujas edições deverão conter matérias de interesse geral da categoria e seções voltadas para os segmentos de bancos públicos, bancos privados e terceirizados.


4.3. Comunicação



O Avante, Bancários! mantém uma página no Facebook, sob responsabilidade de administradores designados por cada um dos coletivos, visando uma comunicação mais ágil com a categoria e a divulgação de notícias, eventos, etc.



4.4. Finanças



O Avante, Bancários! será mantido por contribuições voluntárias e regulares dos seus componentes. A independência financeira é um pré-requisito da independência política. Não será aceita qualquer tipo de contribuição de entidades patronais, governamentais, ligadas à burocracia sindical, governistas, ou estranhas às lutas da classe trabalhadora. Qualquer contribuição extraordinária de outras organizações, que só podem ser organizações de luta dos trabalhadores, classistas e antigovernistas, terá que ser mesmo assim discutida e aprovada em plenária.