terça-feira, 1 de abril de 2014

Panfleto da chapa de oposição no sindicato


CHAPA 2: OPOSIÇÃO INDEPENDENTE DOS GOVERNOS E BANQUEIROS

É PRECISO MUDAR, É POSSÍVEL VENCER

TRAZER O SINDICATO DE VOLTA PARA A LUTA CONTRA OS BANCOS, O GOVERNO E OS PATRÕES!


O grupo da atual diretoria está na direção do sindicato há 35 anos. Dizem que nesse período só houve vitórias e a vida dos bancários está sempre melhorando.

Todos nós sabemos que isso não é verdade! No seu dia a dia, os bancários enfrentam, cada vez mais, demissões, assédio moral, excesso de serviço, adoecimento físico e psicológico, arrocho salarial, precarização do trabalho, terceirizações, etc. Somos obrigados a trabalhar mais, por causa da pressão das metas, porque a maior parte da remuneração está ligada aos resultados. Seja através das comissões ou da PLR, os bancários são levados a acreditar que precisam conseguir resultados cada vez maiores para ganhar um pouco mais.

Com o excesso de serviço e de cobranças, a situação está na verdade piorando, mas a direção do sindicato precisa dizer o contrário, porque este grupo tem um lado, e não é o dos bancários: eles pertencem ao PT, partido que garante a dominação dos banqueiros e grandes empresários no país há mais de uma década.

Os banqueiros nunca tiveram lucros tão altos como nos governos de Lula e Dilma; e o PT está na direção dos bancos públicos, onde a lógica do lucro a qualquer custo também é aplicada. Assim como explora a nós, bancários, o sistema financeiro explora o conjunto da população através de tarifas, juros, venda casada.

Além disso, o sistema financeiro e os especuladores nacionais e internacionais consomem praticamente metade do orçamento do país com o pagamento dos juros da dívida pública, que é obedecido religiosamente pelos governos do PT. Com o PSDB e outros partidos não seria diferente: basta ver o que fazem nos governos estaduais.

Para termos melhores salários e condições de trabalho nos bancos, precisamos associar nossas lutas à do conjunto da população, por educação, saúde, transporte, moradia, segurança, contra a corrupção e os gastos absurdos com as obras da Copa. Precisamos mostrar que se trata de uma mesma luta, que tem como seu principal inimigo o sistema financeiro e seus representantes, como o PT, que está na direção do governo federal, dos bancos públicos e dos sindicatos. Para dar impulso a essa luta, precisamos de uma nova direção no sindicato! É por isso que pedimos seu apoio e seu voto para a chapa 2!



A JUVENTUDE E OS TRABALHADORES NAS RUAS MOSTRAM O CAMINHO

As mobilizações de junho de 2013, com milhões de pessoas nas ruas, mudaram a situação do país. O governo e todos os partidos patronais vêm tentando surfar nessa onda com promessas demagógicas, ao mesmo tempo em que reprimem as manifestações. No entanto, o povo sabe que a situação continua a mesma, e é por isso que as manifestações vieram para ficar. As pessoas aprenderam que é possível mudar sua realidade através da luta.

Como essas mobilizações se chocam com os governos e com os interesses da grande patronal que eles defendem, a postura das direções sindicais tradicionais, como a CUT, a Força Sindical, etc., tem sido de frear as lutas das diversas categorias e impedir sua unificação com o processo mais geral que acontece no país.

Várias categorias seguiram o exemplo das grandes manifestações, e saíram às ruas para conquistar seus direitos e melhorias reais em suas condições de vida. Os professores do RJ, já no ano passado, mostraram o potencial das lutas dos trabalhadores para ganhar o apoio ativo da mesma juventude que protagonizou as manifestações de junho. Neste ano, os rodoviários de Porto Alegre e, agora em pleno carnaval, os garis do Rio, fizeram greves históricas, sendo que, nesses casos, os trabalhadores tomaram a luta em suas mãos, passando por cima da orientação das direções sindicais pelegas, apontando um caminho de mobilização independente da classe trabalhadora. Em todas essas lutas, a CUT foi a grande ausente.

Agora, com a proximidade da Copa, a juventude e os trabalhadores prometem mais mobilizações, que denunciam os gastos do governo para agradar a FIFA e carregam todo o descontentamento com o atual estado dos serviços públicos no país (saúde, educação, transportes, moradia, etc.). Os bancários, que possuem uma grande história de lutas, precisam ser parte dessa mobilização e assumir seu papel na luta pela transformação da sociedade. Por isso, não queremos apenas seu voto. Precisamos de você na luta.



METAS, ASSÉDIO MORAL E ADOECIMENTO: COMO ACABAR COM ESTA PRAGA?

Todo mundo sabe que um dos maiores problemas da nossa categoria, tanto nos bancos públicos como nos privados, é a questão das condições de trabalho, que enlouquecem os bancários nas agências e departamentos, e levam um grande número a problemas de saúde, tanto físicos quanto psicológicos.

A direção do Sindicato fala contra as “metas abusivas”, como se isso fosse resposta. Mas a questão que fica é: como determinar se uma meta é “abusiva”? E quem vai determinar isso? Afinal de contas, é claro que os banqueiros nunca vão reconhecer que as suas metas são abusivas. Para eles, cuja única lei é o lucro, a nossa saúde que se exploda, literalmente.

A direção atual do Sindicato não pode sair dessa armadilha, porque quer dar uma resposta à categoria sem tocar no lucro dos banqueiros.

Por isso, dizemos com todas as letras: a luta dos bancários tem que ser pelo fim total das metas. Cada trabalhador sabe fazer seu trabalho, e oferecer à população os serviços que de fato precisa, sem imposição de metas que trazem apenas estresse para a categoria, e serviços indesejados para os clientes (através da “venda casada”, etc.).

Alguns podem dizer: “mas se o meu banco não tiver metas, vai perder na competição com os outros bancos, e meu próprio emprego pode ficar em risco”.

É por isso que também precisamos resgatar a bandeira histórica da categoria bancária: para dar fim à competição desenfreada entre os monopólios do mercado financeiro, nossa resposta tem que ser a estatização do conjunto do sistema financeiro, sob controle dos trabalhadores, com a criação de um banco estatal único para fornecer serviços e crédito barato para a população trabalhadora e o pequeno produtor, sem a preocupação com o lucro.



PELO FIM DA PRECARIZAÇÃO, EM DEFESA DOS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS

Como em todos os principais ramos da economia, nos bancos não é diferente: uma grande parte, e cada vez maior, do serviço é feito por trabalhadores que não possuem os mesmos salários e direitos do restante da categoria. Além de receberem salários de miséria, têm que suportar condições ainda piores que as nossas, sem segurança no trabalho nem treinamento adequado.

Em geral, a terceirização acontece de duas formas principais: por um lado, em departamentos separados, nas Lotéricas, Banco Postal ou “correspondentes”. De outro lado, dentro das agências e departamentos naquelas tarefas consideradas como “atividades-meio”, mas que são completamente essenciais ao seu funcionamento, como os serviços de limpeza e vigilância, as copeiras ou telefonistas.

Consideramos importante a campanha para barrar o projeto de lei 4330, de Sandro Mabel (PMDB), que ameaça ampliar a terceirização indiscriminadamente, mas barrar esse projeto está muito longe de ser suficiente, pois não altera a situação dos milhões de trabalhadores terceirizados que já suportam condições precárias.

Essa divisão da classe trabalhadora só enfraquece nossas lutas, pois mesmo quando nós paralisamos, grande parte do serviço continua sendo feito por eles. A luta por iguais salários e direitos para todos, e pela efetivação imediata dos terceirizados nas empresas em que realmente trabalham, é uma tarefa essencial para reconquistar a unidade da classe na luta por nossas reivindicações.



ORGANIZAR AS MULHERES CONTRA O MACHISMO E A EXPLORAÇÃO

A discriminação das mulheres é utilizada pelos patrões para melhor explorar um setor, que hoje é metade da classe trabalhadora, e para dividir a nossa classe. Como resultado, o machismo se expressa cada vez com mais força, embora tentem nos convencer do contrário, utilizando o fato de que algumas mulheres ocupam cargos de poder, como a presidente Dilma. A maior prova de que o machismo cresce é que, em nosso país, a violência mata 15 mulheres por dia. Nosso corpo continua sendo uma mercadoria e não temos qualquer direito de decidir sobre ele. A criminalização do aborto faz com que muitas mulheres morram em clínicas clandestinas.

Além da violência, nós bancárias, sofremos com a desigualdade salarial: recebemos, em média, 23,9% a menos que os homens. Em bancos públicos, onde o salário de ingresso é igual para todos, devido a concurso, vemos a desigualdade entre os sexos no fato de que as mulheres só são maioria até os postos de trabalho com remuneração até sete salários mínimos.

As doenças ocupacionais também atingem principalmente as mulheres, com 80% dos casos, devido ao trabalho extremamente repetitivo e fragmentado e à dupla jornada. O machismo impõe que as mulheres sejam responsáveis pelo cuidado com os filhos e, devido a isso, a falta de creches é uma das principais dificuldades para as mulheres trabalhadoras conseguirem um emprego ou se manterem nele. O auxílio creche é insuficiente. Por isso, defendemos seu aumento, além da garantia de creches em período integral nos locais de trabalho, uma reivindicação que a atual diretoria do Sindicato se coloca contra.

Já passou da hora de iniciarmos uma luta efetiva contra o machismo, pelos direitos das mulheres - e não apenas no mês de março como vem fazendo a atual diretoria do sindicato. Para organizar esta luta, criaremos a Secretaria de Mulheres como parte da Diretoria Executiva do Sindicato.



COMISSÃO VIROU CHANTAGEM. É HORA DE VALORIZAR OS SALÁRIOS!

Hoje em dia, todos os bancários sentem-se reféns das comissões ou funções. Isso acontece porque, com os baixíssimos salários que recebemos, é praticamente impossível sobreviver. As comissões e a PLR acabam compondo a maior parte da remuneração dos trabalhadores. Além disso, os critérios para determinar quem é comissionado são subjetivos. Para os banqueiros, é bom que seja assim, pois, desta forma, incentivam a competição e dividem a categoria. Por isso, somos contra a lógica da remuneração variável e a chantagem do comissionamento. Defendemos planos de carreira que valorizem o tempo de serviço e a incorporação das comissões aos salários. Para valorizar os salários, defendemos aumento do piso, reposição das perdas salariais, reajuste automático de acordo com a inflação e PLR linear, incorporada ao salário.



ESTABILIDADE NO EMPREGO PARA TODA A CATEGORIA

A alta rotatividade, principalmente nos bancos privados, é uma ameaça cotidiana aos bancários. O setor financeiro é o que mais lucra no país e, ainda assim, é dos que mais demitem seus trabalhadores, contratando outros com salários cada vez mais baixos. A alta rotatividade impede também a organização dos trabalhadores para lutar por seus direitos. Mesmo nos bancos públicos, não há estabilidade garantida por lei e, infelizmente, temos assistido, sob o governo do PT, a um aumento das demissões. Por isso é urgente a luta por estabilidade no emprego para todos os bancários.



PARA FORTALECER A LUTA, PRECISAMOS DE DEMOCRACIA

Como parte de seus compromissos com o governo e os interesses patronais, o grupo que dirige o Sindicato há décadas asfixiou a democracia, transformando a entidade em algo cuja finalidade não é a luta. O sindicato está longe dos bancários, ausente no dia a dia e não discute os problemas concretos. É visto por boa parte da categoria como um clube de convênios ou de prestação de serviços, que numa determinada época do ano negocia o reajuste salarial em nosso nome. Na campanha salarial nosso espaço é mínimo, a pauta é definida numa consulta com opções pré-determinadas, as assembleias são encenações teatrais em que somente os diretores falam e a base comparece para votar, sem poder se expressar.

A diretoria está tão confortável no controle da entidade que transformou o sindicato numa espécie de conglomerado empresarial, com gráfica (Bangraf), imobiliária (Bancoop), financeira (Bancredi), participação em agência jornalística (Agência Brasil), e está agora fundando uma faculdade.

Para manter seu controle e manter o sindicato afastado da luta, a diretoria restringe a democracia nas eleições: não há espaço igual para as duas chapas na Folha Bancária, não há liberação para os candidatos da oposição percorrerem os locais de trabalho, os prazos para inscrição da chapa e campanha são reduzidos, etc.

Para trazer o sindicato de volta para a luta, precisamos mudar sua estrutura, limitando o número de mandatos e estabelecendo o rodízio das liberações. Mas precisamos, sobretudo, da participação dos bancários, com reuniões, plenárias, assembleias, conselhos de delegados sindicais e representantes, inclusive nos bancos privados, que sejam deliberativos, para que os bancários se sintam em condições de tomar as lutas em suas mãos!


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