Texto da campanha contra a demissão do Messias
CONTRA A DEMISSÃO DO MESSIAS!
O bancário Messias Américo da Silva é demitido pela Caixa Econômica
por querer atender a população
Ao contrário do que diz a publicidade dos bancos públicos, como o “Bom para todos” do Banco do Brasil ou “vem pra caixa você também”, da Caixa Econômica, essas empresas buscam cada vez mais expulsar a população das suas agências.
Só interessam aos bancos aqueles para quem podem vender “produtos”, como seguros, cartões de crédito, empréstimos, etc. Os trabalhadores em geral, chamados de “usuários”, que precisam de serviços bancários, como pagar uma conta de água ou luz, fazer um depósito para parentes, receber uma aposentadoria, etc., são empurrados para os chamados “correspondentes bancários”, como correios, lotéricas, supermercados, farmácias, etc. Essa política vitima tanto os próprios trabalhadores dos bancos como os clientes e usuários em geral.
De um lado, os funcionários são pressionados com a meta de vender os tais “produtos” bancários, condição única para que possam subir na carreira, num espírito de competição que inclusive vicia a atmosfera de trabalho e mina as possíveis relações de amizade e camaradagem. Para vender, é preciso recorrer a métodos questionáveis, como a “venda casada”, que chantageia os clientes para que compres “produtos” como seguro ou outro como condição para que possam ter acesso aos serviços de que realmente necessitam, como um empréstimo ou abrir uma simples conta para receber salário. Oficialmente, claro, os bancos negam a prática da venda casada e a condenam nos seus “manuais de ética”, mas todos, funcionários e clientes, sabem que acontece.
O que está por trás disso é o projeto de retirar dos bancos qualquer tipo de função social. Os bancos públicos já estão privatizados “por dentro”. Seu objetivo é o lucro a qualquer custo, cuja maior parte vai para o Tesouro Nacional, que seja qual for o partido de plantão, destina por sua vez a maior fatia (cerca de 50%) para o pagamento da dívida pública (fraudulenta); e a menor parte para seus gerentes, superintendentes e diretores, que recebem bônus milionários, enquanto que os bancários recebem apenas sobrecarga de serviço e cobrança de metas. Esse projeto de privatização “por dentro” já está em curso desde o governo FHC e continua nos governos do PT de Lula e Dilma.
De outro lado, essa política prejudica também a população em geral, de diversas formas. Primeiro, em nome da redução de custos, há sempre menos funcionários do que o necessário para atender a demanda, de modo que as filas são enormes. Segundo, os clientes são obrigados a pagar tarifas abusivas e juros extorsivos, ou comprar “produtos” de que não necessitam. Ou ainda, são empurrados para os caixas eletrônicos e correspondentes bancários, onde as filas são também enormes e também são grandes os riscos de fraudes, golpes, assaltos, já que nesses estabelecimentos não há vigilantes, porta com detector de metais, etc.
Quem se atreve a contestar essa política, defendendo os interesses dos funcionários e da população em geral, acaba sendo punido. O funcionário Messias Américo da Silva, trabalhador da Caixa Econômica há 23 anos, figura histórica e reconhecida por toda a categoria bancária e pela população da cidade de Osasco-SP, onde trabalha, foi demitido no dia 31 de janeiro de 2013 justamente por querer fazer o seu trabalho, ou seja, querer atender a população.
A determinação da Caixa (não oficial, é claro), é de que os trabalhadores que precisam receber um abono do PIS, seguro desemprego ou FGTS, serviços sociais prestados apenas pela Caixa Econômica, sejam impedidos de entrar na agência, e usem os caixas eletrônicos, lotéricas (onde todo dia ocorre um assalto, coisa que não é divulgada) ou outros “correspondentes”. Caso queiram ainda assim entrar na agência, são obrigados a comprar um "produto". O objetivo é discriminar uma parte da população, que não interessa aos gerentes atender, como se essa população não tivesse direito a serviços bancários.
Por não ser conivente com essa determinação, por lutar para que todos os clientes e usuários tenham tratamento igual, por simplesmente atender a população que o procura, e também por sua trajetória de luta em defesa dos trabalhadores da Caixa, nas campanhas salariais, e nas diversas reestruturações que implantaram a privatização “por dentro”, o funcionário Messias Américo da Silva vem sendo perseguido há anos. Uma série de processos administrativos sem nenhum fato específico e determinado a ser investigado foram montados com base em avaliações subjetivas de “comportamento”. O mais recente desses processos terminou com a demissão, mesmo sem ter provas de acusação e ignorando a documentação apresentada pela defesa. Como num processo da Inquisição, a sentença já estava pronta antes mesmo da investigação começar.
Fica muito claro que o objetivo desde o início era remover qualquer obstáculo ao processo de privatização, precarização do atendimento e deterioração das condições de trabalho dos funcionários. Os interesses da população e dos funcionários não cabem nos cálculos daqueles que mandam na empresa e no país.
Para enfrentar a demissão, seja pela via administrativa ou judicial, não basta apenas ter uma defesa impecável, pois como vimos, a empresa simplesmente ignorou as provas. É preciso uma ampla campanha que denuncie para a população em geral o escândalo desta demissão, das atuais condições de trabalho nos bancos, do atendimento nas agências e da privatização dos bancos públicos por dentro. A responsabilidade dessa campanha caberia ao Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Desde a instauração do processo, em setembro de 2012, estamos fazendo a exigência de que o sindicato mobilize todos os seus recursos, não apenas jurídicos, mas de comunicação, de militância, de pressão, etc., para enfrentar a Caixa, jogar a discussão para a imprensa, atingir a opinião pública em geral e reverter esse ataque.
A demissão é um ataque não apenas ao indivíduo, mas a toda a categoria bancária, àqueles que organizam a resistência contra os abusos da patronal. Esse ataque é parte de uma ofensiva geral que está em curso no país contra os grevistas, manifestantes, militantes, dissidentes, àqueles que ousam dizer que há algo errado no país, que é uma das maiores economias do mundo, que vai sediar a Copa e as Olimpíadas, etc., mas que mantém ainda a maior parte da sua população na miséria. Para lutar por melhores condições de vida, é preciso garantir o direito básico de lutar, de se expressar, de criticar e divergir. É esse direito de todos nós que está sendo ameaçado com a demissão.
Para reverter esse ataque, é preciso criar uma pressão contra a Caixa e para isso pedimos a todos que:
- distribuam esse texto em todas as suas listas de contatos e redes sociais, blogs, jornais, mídia alternativa, etc.,
- discutam a moção de repúdio abaixo nas suas entidades representativas, sindicatos, associações, etc., e a reenviem para os endereços indicados também abaixo.
- imprimam a moção de repúdio abaixo e circulem como abaixo-assinado; sobre como enviar o abaixo-assinado, escrever para: bancariosdebase@yahoo.com.br;
- encham a Ouvidoria Caixa (fone: 0800 725 7474) de reclamações por essa demissão escandalosa;
Não podemos aceitar esse ataque! A defesa do companheiro Messias e a luta para reverter a demissão é parte da luta maior e geral pelos direitos democráticos, pelo direito de greve e de manifestação, por serviços públicos de qualidade, por bancos públicos a serviço da maioria da população, contra a discriminação aos usuários e trabalhadores de baixa renda, por um melhor atendimento e por melhores condições de trabalho.
- Reverter imediatamente a demissão!
- Contra a perseguição aos ativistas e lutadores!
- Em defesa da organização dos trabalhadores!
Coletivo Bancários de Base – SP
Fevereiro de 2013
MOÇÃO DE REPÚDIO À CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Nós abaixo assinados manifestamos nosso repúdio à Caixa Econômica!
O delegado sindical e ativista Messias Américo da Silva, trabalhador da Caixa Econômica Federal com 23 anos de empresa, recebeu notificação nesta data de rescisão de contrato de trabalho por justa causa, em 1ª instância administrativa.
O companheiro Messias é integrante do grupo de Oposição Coletivo Bancários de Base, e foi processado administrativamente 3 vezes nos últimos 4 anos, tendo os dois primeiros processos sido arquivados por falta de provas. Os processos não se referem a nenhum fato objetivo que configure infração de normativos da empresa, mas ao "comportamento" do funcionário, que é avaliado subjetivamente. Sem justificativa concreta, os processos anteriores foram arquivados, mas desta vez a Caixa ignorou a falta de provas. Ainda que caiba recurso no âmbito administrativo, fica evidenciado que muito mais do que jurídica, a questão é de caráter político.
Trata-se de mais um atentado a livre organização dos trabalhadores, pois o companheiro é notório ativista atuante na região de Osasco, que é abrangida pela base do Sindicato de Sao Paulo. É importante salientar que não se trata apenas de um ataque pessoal ao ativista sindical. O objetivo claro é atingir a categoria como um todo, punindo com demissão todo e qualquer bancária e bancário que ousar ter posicionamento contrário às arbitrariedades dos banqueiros e governo. Esse ataque atinge a todos os trabalhadores, não apenas aos bancários, mas a todos que se mobilizam por melhores condições de vida e de trabalho.
Manifestamos nosso repúdio à Caixa Econômica Federal pelo atentado à organização dos trabalhadores! Nesse sentido, reivindicamos o imediato arquivamento do processo!
Abaixo a repressão!
Abaixo a perseguição aos ativistas e lutadores!
Viva a organização dos trabalhadores!
Enviar a moção para os seguintes e-mails:
Superintendência da Caixa:
Assessoria de imprensa da Caixa:
Com cópia para:
VERGONHA, VERGONHA e VERGONHA
ResponderExcluir