Para
entender o surgimento da FNOB, é preciso partir de dois pontos: 1º)
a distribuição nacional da categoria bancária e 2º) a história
da oposição bancária nacional.
Em
relação ao primeiro ponto, há uma diferença entre a distribuição
da categoria bancária em São Paulo e no restante do país. Em São
Paulo, principal centro financeiro do Brasil, está concentrado cerca
25% do total da categoria no país, com cerca de 120.000
trabalhadores (sem contar os terceirizados, correspondentes, etc.).
Desse total, cerca de 80% trabalham em bancos privados e apenas 20%
nos bancos públicos. O que vale para São Paulo vale também para o
Rio de Janeiro e outras metrópoles principais, mesmo que em
porcentagens menos discrepantes. No restante do país, por outro
lado, e em especial no Norte e Nordeste, a distribuição está
invertida, com maioria de trabalhadores nos bancos públicos e
minoria em bancos privados, com porcentagens também variantes. Essa
distribuição faz com que em vários estados do país haja uma
maioria de grevistas em relação ao todo da categoria naquela base.
Essa maioria de grevistas obriga os próprios setores da burocracia
sindical governista a serem mais combativos do que são em São
Paulo, e abre também espaço para que grupos de oposição ao
governismo cheguem à direção dos sindicatos, como acontece no RN e
MA, onde é possível desenvolver um trabalho de organização.
Entretanto,
esse trabalho de organização desenvolvido em regiões periféricas
tem pouco resultado pelo fato de que as traições às nossas
campanhas salariais e às lutas em geral são realizadas por um
Comando Nacional, que centraliza as burocracias governistas em nível
nacional. Por isso, os sindicatos ligados à FNOB entendem que não
basta desenvolver o trabalho de organização nas suas bases, mas é
preciso construir alternativas de organização nacionais, que possam
interferir no rumo das campanhas nos locais em que elas são
decididas, no grandes centros como São Paulo, Rio de Janeiro,
Brasília.
Na
tentativa de construir essa alternativa, chegamos ao segundo ponto, a
oposição bancária nacional. O movimento da categoria bancária foi
retomado na greve de 30 dias de 2004, em que a base realizou a greve
contra a orientação da maioria do movimento sindical (CUT). Da
greve de 2004 resultou o Movimento Nacional de Oposição Bancária –
MNOB, cuja orientação política majoritária era do PSTU. Num
primeiro momento, ainda que com muitos problemas, o MNOB cumpriu o
papel de oposição à CUT, defendendo uma campanha e uma pauta
alternativa. Entretanto, a pressa do PSTU em captar os ativistas para
o partido e vincular o MNOB ao seu projeto de Central Sindical
(Conlutas) acabou afastando gradualmente os ativistas e demais
coletivos, esvaziando e inviabilizando o MNOB como alternativa de
organização nacional. A afobação do PSTU para construir o seu
partido como prioridade absoluta em relação à construção do
movimento do conjunto da categoria fez com que não se construisse
nem o partido nem o movimento! A partir de 2009 consolidou-se a opção
do PSTU de voltar aos fóruns de organização controlados pela CUT,
abandonando a proposta de uma campanha alternativa, ainda que
nominalmente defenda a pauta alternativa, o que gerou crise no MNOB.
A
crise se completou quando veio à tona o aparelhamento do MNOB pelo
PSTU, também em 2009. Um militante do PSTU em São Paulo recebia
salário do MNOB, sem que isso tivesse sido discutido com a base do
movimento, nem com os sindicatos, que faziam contribuições
regulares, nem com nós que militávamos na base de São Paulo e
arrecadávamos cotizações inclusive nos nossos locais de trabalho.
É até aceitável que o movimento tenha um aparato ou mesmo sustente
um funcionário para tarefas organizativas, mas no caso em questão,
há dois problemas gravíssimos: 1º) a existência desse funcionário
não tinha sido discutida nem muito menos aprovada pelo restante do
movimento; e 2º) esse funcionário desenvolvia tarefas do partido e
não do movimento! Trata-se de fatos públicos, do conhecimento de
todos os que militavam nos espaços nacionais da oposição bancária
na época e que quebraram definitivamente a confiança no setor
majoritário do MNOB. A partir de 2010, os setores descontentes com
os rumos políticos (volta para a CUT) e o aparelhamento do MNOB
deram início às discussões que levaram à realização do Encontro
de Natal, em 2011, que viria a ser o I Encontro da FNOB.
A
partir dos Encontros seguintes consolidou-se o acúmulo dentro da
FNOB de rejeitar os fóruns viciados da CUT. Não se trata apenas de
espaços de organização em que uma determinada corrente, no caso os
governistas, possuem uma maioria circunstancial, mas de referências
políticas que consagram um formato de campanha salarial em que a
base da categoria não tem condições de se expressar, nem muito
menos determinar os rumos da campanha. Da mesma forma, a FNOB rejeita
os métodos aparelhistas empregados pela burocracia governista e
também pelo PSTU, defendendo a democracia nos debates, a
transparência nos espaços de organização dos trabalhadores, a
prestação de contas regular.
Participam
hoje da FNOB os seguintes coletivos:
-
Maioria da diretoria do Sindicato dos Bancários do Rio Grande do
Norte (o sindicato é filiado à Conlutas, mas o setor que defende a
FNOB alinha-se com o Bloco Classista, Anticapitalista e de Base, como
oposição à maioria da Central-PSTU);
-
Diretores do Sindicato dos Bancários do Maranhão (a diretoria conta
também com militantes do PSTU e do PSOL);
-
Associação Nacional dos Beneficiários do RegReplan – ANBERR;
-
Coletivo Bancários de Base – SP;
-
Coletivo Bancários de Base – RS;
-
Oposição de Brasília – DF;
-
Oposição do Pará;
O
sindicato dos Bancários de Bauru é filiado à Conlutas e a maior
parte dos seus dirigentes esteve ligada ao MNOB, mas este ano uma
parte da diretoria fez o convite aos coletivos acima para sediar o
Encontro em Bauru, como uma forma de conhecer a FNOB.
Além
desses diversos coletivos, repetimos, os Encontros da FNOB são
abertos a qualquer trabalhador da categoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário