quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Contra a compensação das horas de greve

Nota contra a política do Banco do Brasil de querer impor a compensação das horas da greve por meio de terrorismo sobre os funcionários.

Encerrada a campanha salarial de 2012, o Banco do Brasil está forçando os trabalhadores a compensar as horas da greve, por meio do assédio de gerentes e de nota pessoal vinda diretamente da diretoria, com ameaças de análise disciplinar.
Diante dessa atitude do Banco, precisamos reiterar os seguintes pontos:
1. A compensação não é obrigatória! Nenhum trabalhador é obrigado a ficar além do seu horário de trabalho para compensar horas de greve ou por qualquer outro motivo. A extensão de jornada por meio de horas extras só pode ser feita de comum acordo entre a gerência e o funcionário, conforme a CLT. O acordo coletivo não pode se sobrepor à CLT e por isso a cláusula sobre os dias parados diz também que, para que haja compensação, é preciso que haja acordo entre gerência e funcionário. Por isso, nenhum trabalhador deve ser obrigado a aceitar a compensação! Além disso, o mesmo acordo prevê que as horas de greve serão anistiadas depois de 15 de dezembro, como acontece todos os anos.
2. A tentativa de obrigar os trabalhadores a compensar as horas de greve é uma forma de punir os trabalhadores que fizeram greve, o que representa uma atitude anti-sindical, um atentado ao direito de greve exercido pelos trabalhadores. Com isso busca-se intimidar os trabalhadores e impedir que façam greve no ano seguinte. Esse tipo de prática é no mínimo uma hipocrisia por parte dos gestores, pois as conquistas de cada campanha salarial, o reajuste e os direitos que obtemos, também são extensivos a eles. A cobrança de compensação, o seu caráter de punição e a ameaça de medida disciplinar só podem partir de quem tem a mentalidade de se considerar dono do banco e se coloca acima dos interesses coletivos.
3. Essa tentativa de obrigar os trabalhadores a compensar as horas de greve só existe porque é aceita pelos dirigentes sindicais, que aceitam assinar o acordo com esse tipo de cláusula. É por isso que nós do Coletivo Bancários de Base lutamos em todas as campanhas para que o acordo só seja assinado quando se conseguir a total anistia de todos os dias parados! Essa é uma exigência básica de toda categoria em campanha salarial. Não podemos encerrar a greve sem que haja a garantia de que não haverá nenhum tipo de punição aos grevistas! Infelizmente, a direção do nosso sindicato nem sequer coloca em discussão nas assembleias as propostas que distoam do roteiro que essa própria direção já traçou para a campanhas.
Entendemos que é preciso romper com esse roteiro, pois não cabe à direção do sindicato e sim aos próprios bancários determinar o que os trabalhadores devem aceitar! Por isso, se o sindicato não cumpriu o seu papel durante a campanha salarial, que o cumpra depois!
Primeiro, exigimos a realização de reunião de delegados sindicais, plenária dos trabalhadores do Banco do Brasil ou mesmo uma assembleia da base de São Paulo para tirar uma posição clara: os trabalhadores não podem ser obrigados a compensar horas! Quem lutou por todos não merece ser punido!
E segundo, independentemente do que a diretoria do sindicato fizer, cabe a nós mesmos, trabalhadores do banco, desenvolver essa campanha em todos os locais de trabalho do Banco do Brasil, informando os colegas, convidando-os a participar e nos mantendo organizados.

São Paulo, novembro de 2012


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