Aos
companheiros delegados sindicais do Banco do Brasil da base de São
Paulo, Osasco e Região. Segue um boletim eletrônico do
coletivo Avante, Bancários!, de oposição à
direção do sindicato, com algumas reflexões
sobre a campanha salarial e mais um texto sobre a situação
do país.
ORGANIZAR
UMA CAMPANHA SALARIAL DE VERDADE!
No dia
22/07/2015 aconteceu a reunião dos delegados sindicais do da
base de São Paulo, Osasco e Região. Ao invés de
uma reunião unificada, a direção do sindicato
distribuiu os representantes nas 7 regionais em que está
dividida a base. Portanto, foram na verdade 7 micro reuniões.
Logo de
cara, discordamos desse método, porque não ajuda a
preparar a campanha salarial que temos pela frente. As reuniões
por região podem e devem ser feitas, ao longo do ano, antes e
depois do período da campanha. Se não é possível
conseguir a liberação do ponto todos os meses, que se
faça a reunião nem que seja no horário na noite,
com a participação de quem for possível, mas que
haja reuniões. No período da campanha, porém, é
necessário reunir todos os delegados para fortalecer a
preparação da luta.
Ao separar
as reuniões, a direção do sindicato já
deu mostras do tipo de campanha que pretende fazer. Existe um roteiro
que vem sendo seguido todos os anos, e que se quer repetir mais uma
vez em 2015. A pauta de reivindicações será
tirada numa Conferência nos dias 31/07, 01 e 02/08, cujos
representantes foram eleitos numa assembleia “escondida” no dia
23/07. Uma assembleia da qual muitos dos próprios delegados só
tomaram conhecimento no próprio dia 22. Se os delegados
sindicais não estavam informados da realização
dessa assembleia, que é na verdade decisiva para a campanha,
que dizer então do restante da categoria? O resultado é
que somente serão eleitos para essa Conferência os
próprios dirigentes sindicais. Será uma Conferência
de cúpula e não de bancários.
Isso é
só mais uma prova de que a direção do sindicato
quer mais um campanha sem a participação dos bancários
de carne e osso, que estão no dia a dia das agências e
departamentos. Os bancários não são chamados a
discutir a pauta em assembleia, nem podem também escolher os
seus representantes na mesa de negociação (que são
escolhidos na mesma Conferência de cúpula), nem opinar
sobre o plano de lutas, o calendário de greve, a estratégia
da greve, como enfrentar os bancos e afetar de fato o seu lucro para
conseguir as reivindicações, etc.
Os
bancários não podem opinar sobre nada disso, e quando
são chamados a opinar, na assembleia que rejeita a
contraproposta patronal e deflagra a greve, também não
podem falar nessa assembleia. Comparecem apenas para levantar o
crachá e votar. Há uma ditadura do microfone, em que só
a direção do sindicato fala, e não se abre o
debate com a categoria. Isso não contribui para a educação
dos trabalhadores, que precisam aprender a avaliar e formular
propostas. Também não tem havido assembleias diárias
ao longo da greve, para que os bancários possam discutir o
movimento e decidir seus rumos. E por último, a campanha é
encerrada numa assembleia no horário da noite, com a presença
de gestores e pessoas que não fizeram greve, para aprovar uma
proposta praticamente idêntica àquela que foi rejeitada
na assembleia de deflagração da greve, com diferenças
insignificantes, defendida como “vitória” pela direção
do sindicato.
Somos
contra esse roteiro! Precisamos de uma campanha salarial de verdade!
Precisamos de uma campanha que tenha a participação dos
bancários. A campanha salarial pertence aos bancários,
e não à direção do sindicato. São
nossos salários e condições de trabalho durante
todo o próximo ano que estarão em jogo, e por isso
temos que ter o máximo espaço para dar nossa opinião.
Para isso defendemos:
-
assembleia para discutir a pauta definida na Conferência dos
dirigentes sindicais;
- plano de
luta e calendário de mobilização definido em
assembleia;
-
representantes na mesa de negociação eleitos em
assembleia e com mandato revogável;
VENHA SE
REUNIR CONOSCO!
Nós
do coletivo Avante, Bancários!, que somos oposição
à direção do sindicato, estamos convidando os
bancários a se reunir para pensarmos juntos maneiras de termos
uma campanha salarial de verdade, que corresponda às nossas
necessidades.
Essa
reunião vai acontecer no dia 18/08, à partir das 18:30,
na Rua Boa Vista 76, 11° andar, Centro. Compareça,
participe, divulgue, debata com seus colegas.
Mesmo que
não possa participar da reunião, entre em contato e
deixe os seus comentários, críticas, sugestões,
etc. Escreva para Daniel (tzitzimitl@terra.com.br)
e Thaís (asiwatchtheweatherchange@hotmail.com).
CONSTRUIR
ATRAVÉS LUTAS UMA SAÍDA INDEPENDENTE DOS TRABALHADORES
PARA A CRISE DO PAÍS
Num dos
grandes clássicos da ficção científica, o
livro “1984”, de George Orwell, os órgãos do
governo recebem nomes que são o exato oposto da sua verdadeira
função. O Ministério da Verdade é o que
inventa mentiras para enganar a população, o Ministério
do Amor é o que persegue, prende, tortura e executa os
opositores, o Ministério da Paz é o que comanda os
exércitos na guerra contra outros países. E assim por
diante. Essa técnica de inverter o sentido das palavras
recebia o nome de “duplipensar”.
No Brasil,
o governo Dilma também põe em prática o
duplipensar. O recém anunciado “Programa de Proteção
ao Emprego” está na verdade destruindo o emprego. A proposta
desse programa é rebaixar os contratos, reduzindo a jornada
com a redução dos salários, ajudando o
empresariado com o dinheiro do FAT, ou seja, dos próprios
trabalhadores. A única coisa que está sendo protegida
nesse caso é o lucro dos patrões.
O chamado
ajuste fiscal é na verdade o descalabro fiscal. O
desequilíbrio nas contas do governo não é
causado pelos gastos com os serviços necessários aos
trabalhadores, e sim com a dívida pública. Mais de 45%
do orçamento federal, ou cerca de R$ 1 trilhão por ano,
são desviados para o pagamento da dívida. Essa dívida
é uma fraude, nós trabalhadores nunca pegamos esse
dinheiro emprestado, todos os anos o governo paga uma fortuna, e ao
invés de diminuir, a dívida só faz aumentar.
Isso porque os juros da dívida são decididos por um
comitê do Banco Central, formado pelos mesmos banqueiros e
especuladores que são credores da dívida. Se a intenção
real do governo fosse fazer um ajuste fiscal, deveria começar
pelo não pagamento da dívida. Mas ao contrário,
o governo Dilma cortou as verbas dos abonos do PIS, do seguro
desemprego e das pensões por morte, retirando dinheiro dos
trabalhadores para aumentar a parte destinada aos banqueiros e
especuladores.
As
escolhas “duplipensadas” de Dilma têm a ver com o fato de
que o Partido dos Trabalhadores está na verdade a serviço
dos patrões, dos banqueiros, latifundiários,
empreiteiras, montadoras e transnacionais. Nos últimos 3
mandatos o PT garantiu lucros extraordinários para a classe
patronal, e uma ilusão de prosperidade para os trabalhadores,
que tiveram acesso ao consumo através do crédito e
endividamento, mas sem aumento real dos salários e da renda.
Esse modelo tinha fôlego curto, já que não é
possível endividar as pessoas além de um certo limite.
Agora que o endividamento chegou ao limite, o consumo diminuiu, a
economia entra em recessão, uma parte da classe patronal
começa a considerar que o PT não serve mais. Surgem as
especulações sobre o impeachment, sobre um possível
governo do PMDB ou do PSDB, etc. É justamente para provar que
ainda serve aos patrões que o PT está cada vez mais
aprofundando os ataques contra os trabalhadores, como o PPE e o
“ajuste fiscal”.
Nós
trabalhadores não podemos nos deixar enganar pelo
“duplipensar” dos partidos patronais, nem PT, nem PMDB, nem PSDB.
Nem a marcha do dia 16, nem a do dia 20!
Precisamos
construir nas lutas uma saída independente para a crise.
Precisamos unificar as lutas, as greves, as manifestações.
Precisamos inverter a lógica que governa essa sociedade. Se
existe uma crise, não fomos nós que provocamos e não
vamos pagar por ela! Ao invés de atacar os salários, os
direitos e as condições de vida dos trabalhadores, que
se ataquem os lucros! Nenhuma demissão! Redução
da jornada sem redução do salário, até
que haja emprego para todos! Nenhum direito à menos! Não
à tercerização! Não ao arrocho salarial,
mínimo do DIEESE como piso para todos! Não pagamento da
dívida pública e uso desse dinheiro para obras e
serviços sob controle dos trabalhadores! Por um governo dos
trabalhadores baseado em suas organizações de luta!